GEORADAR APOSTA EM SÍSMICA OFFSHORE
A Georadar adquiriu recentemente um braço da empresa norueguesa RXT e criou a GeoRXT, se tornando a primeira empresa brasileira que trabalha com sísmica em offshore. O passo foi dado depois que a companhia captou R$ 162 milhões no mercado e criou a divisão de Novos Negócios para direcionar os investimentos. O Presidente do Conselho Administrativo e também Presidente da nova divisão da companhia, Celso Magalhães, conversou com o repórter Daniel Fraiha e contou sobre as apostas.
Quais são os projetos da Divisão de Novos Negócios?
É a GeoRXT, que partiu do controle acionário de uma das duas equipes da RXT, e trabalha com a sísmica marítima de cabo de fundo, a chamada Ocean Bottom Cable (OBC), voltada para reservatórios petroleiros. Ela vai operar na América do Sul, em Angola e no Oriente Médio. E a Geonavegação, que é de navegação e supply. Em um ano e meio investimos R$ 162 milhões que vieram de capital externo, mais o que investimos de dentro, e adquirimos a RXT por R$ 50 milhões e a Geodata, que coleta dados de infraestrutura offshore, por cerca de R$ 30 milhões, além de termos investido no parque físico, em laboratórios, em gestão, contratação e treinamento. Muito treinamento.
Como foi a decisão de investir em sísmica offshore?
Nós já trabalhávamos com a sísmica terrestre, e tínhamos uma divisão de diagnósticos de infraestrutura e terrenos, então achamos que completaria o quadro ser a primeira sísmica brasileira para mar. Esse é um mercado em que o tempo é o maior inimigo, porque tudo é muito caro, e tempo parado custa muito, então quando vimos que as maiores barreiras eram conseguir a tecnologia e o tempo para chegar a ela, achamos que a aquisição da RXT com dois navios já rodando nos adiantaria o futuro.
As exigências de conteúdo local estão ajudando a empresa a entrar nesse mercado?
Temos tido boa vontade muito grande das empresas nacionais e internacionais, mas é um mercado aberto, então ainda não sentimos o efeito do conteúdo local, mas esperamos que aconteça. Ainda assim a receptividade tem sido muito grande.
A Georadar tem a intenção de expandir sua atuação?
Futuramente devemos entrar no processamento sísmico de quatro componentes, que é muito sofisticado e tem uma importância estratégica muito grande em função do que ela pode resolver, que é iluminar o reservatório. Ou seja, além da imagem, que também será mais clara, vamos visualizar os atributos petrofísicos do reservatório. É uma física muito voltada para o desenvolvimento e a produção, e a RXT é líder nisso por causa do Ocean Bottom Cable.
E além da sísmica?
Queremos investir para expandir a nossa plataforma de negócios atual, que vai até a navegação hoje, mas pode ser que aumente para outras direções. A intenção não é ocupar todos os elos da cadeia, mas queremos chegar a outros elos.
Estão com planos de fazer um IPO em 2013?
O IPO sempre é um objetivo nosso. Não sei se será em 2013 mesmo, porque depende muito das condições do mercado, mas a empresa vai estar preparada para fazer até lá. Para ampliarmos a nossa plataforma, o nosso parque, para novas aquisições, capex, etc.
Vocês tem tido dificuldade de encontrar mão-de-obra especializada no mercado?
Sentimos falta de mão-de-obra em geral, mas nós temos a escola Georadar, que treina muita gente. Porque por mais que você tenha uma equipe e faça contratações, você tem que treinar, e a gente treina muito. Formamos muitos profissionais aqui mesmo, e muitas reposições e recolocações dentro da empresa são fruto destes treinamentos. Abrimos muito para a coletividade também, para universidades, cursos técnicos… recebemos alunos de fora que muitas vezes acabam trabalhando aqui.
Quais têm sido as dificuldades para entrar na sísmica offshore?
Temos que provar para os clientes que nós fazemos, pois estamos falando de novos negócios, então querem saber se nós podemos fazer. Mas a receptividade tem sido muito grande, e até o final do ano muitas coisas devem acontecer. Já temos alguns contratos em vista tanto para a GeoRXT, quanto para a Geonavegação, porém ainda estão sob sigilo.
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