GERÊNCIA DA FIRJAN AMPLIA ESCOPO DE ATUAÇÃO PARA VIABILIZAR OS SETORES DE HIDROGÊNIO E EÓLICAS OFFSHORE NO RIO DE JANEIRO
A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) expandiu as atribuições de sua Gerência Geral de Petróleo, Gás, Energias e Naval, liderada por Karine Fragoso. Além de promover um ambiente favorável aos negócios no setor de óleo e gás, a gerência agora busca intensificar esforços para viabilizar novos investimentos em tecnologias emergentes de energia. Em entrevista ao Petronotícias, Karine detalha esse novo momento e oferece um panorama da atuação da FIRJAN. No segmento de eólicas offshore, por exemplo, ela menciona que a expectativa é que o marco legal seja aprovado até o fim de 2024, permitindo que a produção de energia em alto-mar comece por volta de 2035. Em relação ao hidrogênio limpo, Karine destaca a recente publicação de um mapa estratégico pela Firjan, apontando o potencial do estado na produção desse energético. A gerência liderada pela entrevistada também continua ativa no setor de óleo e gás e lançará, durante a ROG.e (antiga Rio Oil & Gas), uma nova publicação virtual com dados sobre os campos maduros e marginais do Rio de Janeiro. Além disso, nesta quinta-feira (5), a Firjan realizará a segunda edição do evento “Indústria do Rio no Mercado Livre de Gás“, com o objetivo de discutir o sistema de transporte de gás natural e suas particularidades.
Quais são as novas atribuições da Gerência Geral de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan?
Agora, além de petróleo, gás e indústria naval, também somos responsáveis pelas novas tecnologias de energia. Estamos focados em questões como petroquímica, fertilizantes derivados do gás e hidrogênio. Buscamos também viabilizar outras tecnologias que agreguem ao setor energético, como a energia eólica offshore. Estamos explorando ainda a possibilidade de produção de SAF (combustível sustentável para aviação) e analisando outras fontes de energia já existentes no Rio de Janeiro, integrando-as em um hub energético para fortalecer o estado nesse mercado. Isso inclui pequenas centrais hidrelétricas e energia nuclear.
Além disso, seguimos com o foco na indústria naval, que possui grande potencial em unidades estacionárias e FPSOs, mas também há espaço para a construção de frotas de apoio logístico, desde a implementação até a operação das infraestruturas. A indústria naval também pode contribuir na construção do mercado de eólicas offshore, especialmente no Rio de Janeiro.
Quais são as perspectivas em relação ao mercado de hidrogênio de baixa emissão no Rio de Janeiro?
Vemos grandes oportunidades, especialmente por meio do Porto do Açu, que já possui projetos em andamento e assinou recentemente uma parceria com a empresa norueguesa Fuella AS, focada em hidrogênio de baixo carbono. No Brasil, a Petrobras é a maior demandante de hidrogênio. Internacionalmente, países como a Alemanha estão investindo fortemente no setor.
No entanto, é essencial que essa produção seja economicamente viável, sem depender de grandes subsídios, para evitar sobrecarga nos custos de energia e garantir valor agregado ao país. Outro ponto crucial é o desenvolvimento de soluções para o transporte do hidrogênio, que ainda precisa avançar.
Qual a sua avaliação sobre o marco legal do hidrogênio aprovado neste ano?
O marco regulatório abre a porta para a criação de regulamentações essenciais. O Brasil vai entrar agora em uma segunda onda de trabalho: a regulamentação da lei. Esse é o momento de discutir os principais pontos, desde o desenvolvimento tecnológico até os incentivos e contrapartidas econômicas que o setor de hidrogênio limpo trará para a economia.
Essa fase exige um esforço conjunto de toda a sociedade, instituições e empresas para criar uma regulação que atenda aos interesses do país. No entanto, também nos preocupa como a ANP vai lidar com essa nova responsabilidade, além de suas funções atuais. A equipe técnica da agência é confiável, mas será preciso adequar os recursos da ANP à nova realidade.
Como o hidrogênio pode contribuir para a produção de SAF e quais são as perspectivas para o desenvolvimento desse mercado no Brasil, especialmente no contexto do projeto de lei do Combustível do Futuro?
O biodiesel é para o diesel o que o bioquerosene será para o querosene de aviação. A participação dos combustíveis sustentáveis de aviação deve aumentar devido à crescente demanda mundial por soluções de descarbonização. Essa nova tendência é impulsionada por legislações e regulamentações globais, que também inspiraram o avanço do projeto de lei do Combustível do Futuro.
Esse cenário cria mais um potencial de demanda para o hidrogênio, que pode ser utilizado nas reações de síntese para a produção dos SAFs. Além disso, essa tendência é um indicativo da redução das emissões de carbono no transporte aéreo, tanto no Brasil quanto no resto do mundo.
Como vê as movimentações para a aprovação do marco legal das eólicas offshore?
A expectativa inicial era de avançar com o projeto de lei em agosto. Porém, devido às eleições municipais, esse movimento foi suspenso. No entanto, continuamos trabalhando para que o projeto de lei das eólicas offshore seja aprovado ainda este ano. Se isso ocorrer, a previsão é que a primeira produção significativa de energia dessa fonte só aconteça por volta de 2035. Por isso, é essencial avançar na aprovação desse projeto.
O Rio de Janeiro terá uma posição vantajosa nesse mercado, graças às suas áreas de produção de óleo e gás offshore, ao conjunto de indústrias e expertise já desenvolvidas, às condições de vento favoráveis e à mão de obra qualificada. Esses fatores tornam o estado competitivo em relação a outros mercados.
O setor eólico offshore representa uma oportunidade para o Brasil inserir-se no encadeamento produtivo global. Tivemos uma boa inserção na eólica onshore, com apoio do BNDES, e acreditamos que podemos replicar esse sucesso nas eólicas offshore, aproveitando nossa expertise no setor.
Por fim, poderia nos contar quais são algumas das ações da Firjan para ajudar a endereçar as grandes questões e gargalos do mercado de óleo, gás e energia?
Todas essas pautas e outras estão sendo discutidas dentro do Conselho Empresarial de Petróleo e Gás da Firjan. No segmento de óleo, estamos focados em uma agenda com operadores independentes, principalmente em campos maduros e marginais no Rio de Janeiro, ligados à produção de óleo e gás na Bacia de Campos. Durante a ROG.e, devemos lançar um BI (Business Intelligence) com dados sobre esses campos no estado, com possibilidade de expandir a ferramenta para incluir os dados nacionais em parceria com a ABPIP (Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás).
Além disso, o núcleo de gás natural do conselho realiza hoje (5) o segundo workshop com agentes do setor para discutir o transporte de gás. O evento reúne operadores, comercializadores, transportadores, distribuidores e reguladores, como a ANP e a Agenersa. O Conselho tem trabalhado ativamente para consolidar o mercado livre de gás no Rio de Janeiro.
No tema do hidrogênio, recentemente promovemos uma mesa internacional para discutir o tema e publicamos o Mapa Estratégico do Hidrogênio para o Rio de Janeiro. Paralelamente, estamos realizando um trabalho de articulação política para demonstrar a importância da rápida aprovação do marco legal para eólicas offshore. Também participamos de um grupo de trabalho da Secretaria de Energia do Estado do Rio de Janeiro e planejamos um workshop para melhorar a visão sobre a cadeia produtiva e a implementação de investimentos nas eólicas offshore.
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