GOVERNO ALMEJA QUE O BRASIL ALCANCE O POSTO DE PRODUTOR MAIS COMPETITIVO DE HIDROGÊNIO NO MUNDO ATÉ 2030
O governo federal apresentou nesta semana o Plano de Trabalho Trienal 2023-2025 do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), que está disponível neste link. Uma das principais metas do programa será a instalação de plantas pilotos de produção de hidrogênio de baixa emissão em todas as regiões do Brasil até 2025. Segundo o secretário nacional de transição energética do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, esse seria um primeiro grande passo de um plano maior. A meta para até 2030 do plano é ousada: consolidar o Brasil como o mais competitivo produtor de hidrogênio de baixo carbono do mundo. Já para 2035, o governo pretende que o país tenha diversos polos (hubs) de hidrogênio de baixo carbono. O Brasil já registra 30 bilhões de dólares em empreendimentos anunciados de hidrogênio de baixa emissão de carbono, em diferentes estágios de implementação. Os projetos com maiores níveis de maturidade possuem Memorando de Entendimento (MoU) ou pré-contratos estabelecidos, e a maioria está localizada em instalações portuárias existentes ao longo da costa brasileira.
Barral explicou que o Brasil possui potencial técnico para produzir 1,8 gigatonelada de hidrogênio por ano. “Precisamos avançar no mapeamento junto à indústria e outros segmentos, como o transporte. Esse documento representa um marco no compromisso do governo com a implementação das ações que vão trazer condições de desenvolver o setor”, destacou o secretário. Uma das ações prioritárias do plano é aumentar em quase sete vezes os investimentos anuais em pesquisa, desenvolvimento e inovação em hidrogênio de baixa emissão de carbono. Como resultado das ações propostas no plano, eles passarão de R$29 milhões em 2020 para R$200 milhões ao ano em 2025.
Ainda segundo o plano trienal apresentado, as projeções atualmente já indicam o Brasil como um dos países mais competitivos em relação ao custo de produção de hidrogênio. Contudo, o documento ressalta que é importante garantir que essas perspectivas se mantenham e se realizem também no longo prazo.
O hidrogênio produzido a partir da eletrólise da água com base em renováveis (conhecido como hidrogênio verde) até a presente data ainda não se mostra competitivo em relação às demais tecnologias de produção de hidrogênio. Além disso, a eletricidade produzida a partir de fontes renováveis representa de 30% a 60% do custo total para a sua produção. Portanto, a produção de hidrogênio verde é altamente dependente do custo das fontes de eletricidade disponíveis.
Tomando o caso do hidrogênio verde para ilustração, o plano explica que ainda que o Brasil hoje tenha custos competitivos para a geração de eletricidade a partir de fontes renováveis, como a solar e a eólica onshore, há que se considerar também cenários onde a demanda global por hidrogênio verde poderá ensejar na ampliação da capacidade instalada desses projetos no país, incluindo a exploração de novas tecnologias de geração de energia, como é o caso da eólica offshore.
“Nesse sentido, a construção de arcabouço regulatório eficaz, a manutenção de ambiente regulatório estável e o estabelecimento de condições de mercado que garantam a competitividade dessas tecnologias são fatores que contribuirão para o pleno alcance dessa ambição [de consolidar o Brasil como país com menor custo de produção de H2]”, destaca o relatório.
Sobre a estruturação de polos, o governo vê que essa medida tem como principal vantagem a integração das infraestruturas necessárias para a viabilização desses projetos, contemplando desde as etapas de produção até as de armazenagem, transporte e consumo. Além disso, os polos de hidrogênio podem representar oportunidades para acoplar diferentes setores da economia, incluindo a possibilidade de adoção de novas tecnologias, como a captura, uso e estocagem de carbono (CCUS).
Nesse contexto, diz o plano, é importante ressaltar que a diversidade de recursos energéticos que o Brasil possui oferece possibilidades para estruturar polos de hidrogênio com foco tanto para o mercado doméstico como para o mercado de exportação. Entender as oportunidades que surgem dessa construção torna-se fundamental para que essa ambição alcance os resultados desejados.
“Para endereçar essa demanda, recomenda-se que o Ministério de Minas e Energia, no âmbito da Política Nacional de Transição Energética, construa as bases para um programa com foco no desenvolvimento de (hubs) (Programa Pró-Hubs Brasil), como forma de construção de sinergias entre a geração de energia e as infraestruturas associadas, com o intuito de catalisar os esforços nacionais para a descarbonização de setores de difícil abatimento. Nesse caso, as infraestruturas necessárias à produção, armazenamento e transporte de hidrogênio de baixo carbono também seriam parte desses polos (hubs)”, finaliza o documento.
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