GOVERNO AMERICANO QUER SUSPENDER SANÇÕES CONTRA O DITADOR VENEZUELANO PARA GARANTIR ABASTECIMENTO DE PETRÓLEO

Se você não está acostumado, viva os momentos do que a política tem de pior. Veja este exemplo: o ditador  da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmou que teve um encontro diplomático, que ele considerou respeitoso e cordial, com uma delegação dos Estados Unidos, em Caracas. Neste encontro foram discutidos temas como a questão energética e a suspensão de sanções contra o governo venezuelano e a volta do fornecimento de petróleo, já que ficaria ainda pior se os Estados Unidos continuassem a receber o petróleo da Rússia, frente às sanções econômicas que impõe aos seus aliados contra o governo de Moscou. Em função disso, o ditador venezuelano anunciou a retomada do diálogo com a oposição ao seu governo. Washington sinalizou que estaria disposto a revisar a política de sanções “se avanços consideráveis fossem registrados no âmbito destas negociações”. 

Com uma ironia e sorriso de boca, Maduro disse: “Fizemos a reunião no gabinete presidencial e  lá estavam as duas lindas bandeiras, unidas como deveriam estar as bandeiras dos Estados Unidos e da Venezuela. Pareceu muito importante poder, cara a cara, conversar sobre temas de máximo interesse da Venezuela. Podemos avançar em uma agenda que permita o bem-estar e a paz dos povos de nosso hemisfério, de nossa região”. A questão energética foi o tema do encontro, em um momento que Washington se prepara para proibir as importações de petróleo da Rússia após a invasão da Ucrânia.

Os Estados Unidos, desde o governo Trump, não reconhecem Maduro como presidente depois da reeleição em que os americanos taxaram de fraudulenta, em 2018. A partir de abril  de 2019, impuseram um embargo que impede a Venezuela de negociar o seu petróleo,  que representava 96% das receitas do país no mercado americano. Desde então, Maduro recebe forte apoio da Rússia para continuar exportando petróleo, apesar das medidas punitivas de Washington. Pressionado por legisladores após a invasão russa à Ucrânia, no entanto, Biden deve anunciar a qualquer momento a proibição de importação de petróleo russo para os EUA. Assim, a visita a Caracas reforça o interesse de Washington de substituir parte do petróleo que compra hoje da Rússia com o que deixou de comprar da Venezuela.

Alguns membros do Congresso têm criticado fortemente qualquer esforço para reatar os laços com a Venezuela, dizendo que os movimentos para isolar o presidente Vladimir  Putin da Rússia não devem impulsionar outros líderes autoritários.  “A Casa Branca ofereceu abandonar aqueles que buscam a liberdade da Venezuela em troca de uma quantidade insignificante de petróleo”, disse o senador Marco Rubio, republicano da Flórida, em um tuíte. O senador Robert Menendez, de Nova Jersey, um democrata, disse em comunicado que retomar o comércio de petróleo com a Venezuela “arrisca perpetuar uma crise humanitária que desestabilizou a América Latina e o Caribe por uma geração inteira”. Ele chamou Maduro de “um câncer para o nosso hemisfério e não devemos dar uma nova vida ao seu reinado de tortura e assassinato”.