GOVERNO QUER USAR PETRÓLEO VENEZUELANO COMO GARANTIA PARA EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS

A falta de capital por parte da Venezuela levou o governo brasileiro a estudar uma proposta para o país vizinho de um mecanismo que use petróleo da estatal PDVSA como garantia para as exportações brasileiras. A queda dos preços do barril de petróleo faz com que o Brasil acredite em um quadro ainda mais grave para a Venezuela nos próximos momentos.

A intenção do governo é “desmonetizar” ao máximo o comércio existente entre os dois países, devido a falta de dólares no lado venezuelano. Outra possibilidade é garantir as exportações com o ouro depositado no Banco Central da Venezuela, que atualmente compõe cerca de 60% das reservas internacionais do país, aproximadamente em US$ 21 bilhões.

Não é só o governo brasileiro que se preocupa com a situação da Venezuela, mas diversas empresas brasileiras, e do mundo todo, tem valores a receber do governo venezuelano. A Câmara de Comércio Venezuela-Brasil (Cavenbra) estima que os atrasos com exportações brasileiras para a Venezuela já chega a US$ 5 bilhões, valor maior que o atingido ao longo de todo ano passado, de US$ 4,6 bilhões.

Alguns exportadores brasileiros já entraram em contato com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) para relatar atrasos. Uma das soluções que agradaria aos exportadores é um mecanismo parecido com o Programa de Financiamento às Exportações (Proex), operado pelo Banco do Brasil. No novo sistema, o estatal Banco da Venezuela seria o tomador e garantiria a operação. A instituição repassaria os dólares diretamente ao exportador brasileiro, quitando o empréstimo com o Banco do Brasil de maneira parcelada.

O modelo de uso de petróleo como garantia ou remuneração a exportações não é novidade para os venezuelanos. Essa commodity já é usada com a China, em troca de parte das exportações e serviços prestados por suas empresas na Venezuela. A estimativa é de que a China tenha emprestado US$ 45 bilhões ao país sul-americano.