GOVERNO RECEBE NOVA CARTA DOS FUNCIONÁRIOS DA ELETRONUCLEAR DENUNCIANDO PREJUÍZOS MILIONÁRIOS E A DIREÇÃO DA EMPRESA
Os funcionários da Eletronuclear da Base de Angra dos Reis, onde ficam as usinas nucleares brasileiras, depois de uma longa greve contra a atual diretoria da empresa, voltaram a divulgar uma carta aberta ao Presidente Lula e ao Ministro de Minas e Energia, que parecem ter ficados indiferentes em relação à primeira manifestação feita pelos trabalhadores da companhia. Eles também enviaram uma carta aberta com denúncias importantes, mas a falta de ações do governo, fez com que uma segunda carta fosse feita. Na segunda carta, eles denunciam os prejuízos da companhia além da gestão de seu presidente, Raul Lycurgo, e do atual diretor administrativo, Sidney Bispo, um desafeto dos funcionários. Veja na íntegra a carta enviada à cúpula do governo:
“ Nós, trabalhadores da Eletronuclear – efetivos, contratados e temporários – viemos a público expressar profunda preocupação com os rumos da empresa e denunciar a condução temerária da atual alta gestão, que culminou em prejuízos operacionais, financeiros e humanos incalculáveis.
Gestão Desastrosa e Falta de Diálogo
A gestão liderada pelo presidente Raul Lycurgo, com o apoio do diretor administrativo Sidney Bispo, mostrou-se incompetente para gerir crises, negociar com os representantes dos trabalhadores e preservar o patrimônio humano e técnico da empresa.
• A tentativa de retirada de direitos trabalhistas históricos (denominados “P”) foi uma afronta à dignidade dos trabalhadores.
• As negociações salariais, que desde março de 2024 visavam apenas a reposição pelo IPCA, foram ignoradas, culminando em uma greve legítima encerrada em 29 de maio de 2025.
• Culpar o escritório jurídico Mauês e seu representante, Dr. Estrela, por fracassos que pertencem à gestão é covardia institucional.
- A inabilidade da atual direção em dialogar com o corpo funcional e o sindicato custou à Eletronuclear cerca de R$ 110 milhões em prejuízos, agravando ainda mais a crise de fluxo de caixa.
• Essa perda não foi causada pelos trabalhadores, mas sim pela irresponsabilidade gerencial.
Consequências Humanas e Operacionais
- A crise abala a saúde mental dos trabalhadores e coloca em risco a continuidade segura das operações em Angra 1 e os preparativos para Angra 3.
• Os impactos extrapolam os muros da empresa, afetando diretamente mais de 50 mil pessoas que dependem da Eletronuclear direta ou indiretamente. - Nosso Apelo ao Governo Federal

Usinas Angra 1 e 2 são peças fundamentais para o sistema elétrico nacional e demonstram a importância da geração nuclear no Brasil
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Eletronuclear pede socorro. Ministro Alexandre Silveira, é hora de corrigir os erros de indicação. O setor nuclear não pode mais ser tratado como moeda de troca política ou abrigar gestores sem engajamento real com o futuro do Brasil.
• Acreditamos em seu compromisso histórico com a classe trabalhadora.
• A empresa vive uma crise de comando que não pode continuar.
• É hora de agir: exonerar a atual diretoria e nomear gestores com histórico técnico, sensibilidade social e visão de futuro para o setor nuclear.
Conclusão
A Eletronuclear é estratégica para o Brasil. Energia limpa, segura e soberana depende de uma empresa forte, de trabalhadores valorizados e de uma liderança técnica e comprometida. Não vamos aceitar calados o desmonte silencioso. Estaremos vigilantes. A Base Angra segue mobilizada, de pé, e pronta para reconstruir. Mas não ao lado de quem destruiu.
O Petronotícias ouviu também a Eletronuclear, que se manifestou em uma nota, que reproduziremos também na íntegra:
“Os autores do presente manifesto parecem desconhecer totalmente a crítica situação financeira da Eletronuclear e o esforço realizado pela atual gestão para tornar a empresa sustentável a fim de garantir sua sobrevivência sem se tornar dependente de recursos do Tesouro Nacional.
É importante frisar ainda que todas as decisões da empresa são tomadas pela diretoria executiva, composta por cinco diretores, em regime colegiado — e não por iniciativa individual de qualquer um de seus membros.
Entre 2015 e 2021, a Eletronuclear recebeu aportes de seu principal acionista, a Eletrobras então estatal, totalizando mais de R$ 5 bilhões para fechar suas contas, mostrando seu desequilíbrio e a omissão de gestores que não atuaram para solucionar este problema. Cabe ressaltar que o atual acionista majoritário, a ENBPar, como ente público, não pode realizar aportes para cobrir gastos da Eletronuclear com pessoal.
Em 2022, a empresa teve um déficit de R$ 500 milhões, sem cobertura tarifária, gastando quase 50% acima do previsto no PMSO regulatório definido pela ANEEL. Em 2023, a diferença foi de R$ 700 milhões, e para 2024 estava previsto um déficit próximo a R$ 1 bilhão. A atual gestão, através de um plano de austeridade, conseguiu reduzir 500 milhões no orçamento previsto, 38% acima do previsto pela ANEEL, mas revertendo a tendência de crescimento do déficit. Para 2025 e 2026, está previsto o corte de mais R$ 500 milhões em gastos.
Mesmo com todas as restrições, em 2024, a atual gestão conseguiu um ressarcimento de cerca de R$ 1,5 bilhão referente a erros, perpetrados desde 2010, no pagamento de impostos sobre os rendimentos do Fundo de Descomissionamento. Além disso, a obtenção de R$ 450 milhões em financiamentos privados foi decisiva para o sucesso da extensão de vida de Angra 1.
Porém, a situação ainda requer uma redução maior de gastos para que a Eletronuclear consiga se ajustar ao PMSO regulatório estabelecido pela ANEEL. Se esse desequilíbrio não for urgentemente sanado, a empresa não terá geração de caixa suficiente para honrar seus compromissos, tornando-se dependente da União, e drenando importantes recursos de áreas prioritárias para o país como saúde e educação.”
Quando da indicação de um advogado para presidir a Eletronuclear, critiquei aqui mesmo em Petronoticias, que não ia dar certo. Nada contra advogados…mas Eletronuclear precisa ser presidida por profissional que tem expertise. Que conhece o programa e processos (não necessariamente um Almirante Othon ou um Leonan). Infelizmente o atual presidente foi colocado por imposição politica do MME. Está dando nisso. Não conhece absolutamente nada (hoje deve saber o que é INB…ou o que é urânio). Que tenha a substituição desse ser político e que venha alguém com expertise. ANGRA 3 precisa ser concluída URGENTE e o programa nuclear brasileiro retomado.
QUEREMOS RETOMADA DE ANGRA 3, MAIS EMPREGO PRA ANGRA DOS REIS E AQUECIMENTO DO COMÉRCIO..