GRAÇA FOSTER CANCELA IDA A BRASÍLIA PARA DEPOIMENTOS NO SENADO

Desde o início das denúncias contra a Petrobrás, não há dia em que ela não esteja na primeira página de algum jornal ou revista envolvida em algum escândalo de corrupção. O desgaste da imagem da maior empresa brasileira é sem precedentes. O Petronotícias teve informações de que a presidente Graça Foster tem passado dias difíceis, apesar de seu nome jamais ter sido ligado nem de longe aos escândalos que se sucedem. Pode-se falar de tudo, menos acusa-la de desonestidade.

Pelo contrário, tem sido alvo de frequentes provocações desde que assumiu a empresa há pouco mais de dois anos, quando substituiu diretores e  tentou corrigir o rumo de muitas coisas erradas que estavam ocorrendo na estatal. Mexeu com muita gente poderosa de Brasília. Com a aproximação das eleições, tem recebido uma conta pesada da turma dos contrariados e tem comido o pão que o diabo amassou. Neste sábado foi informado que, em função da possibilidade da convocação de uma CPI para investigar  a Petrobrás, Foster decidiu não atender  ao convite para prestar depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O Ministro Lobão, também convidado, fará igual e  não irá prestar depoimento.

É claro que isso não a isenta de alguns equívocos que a estatal está cometendo nas operações das obras espalhadas pelo Brasil, principalmente no Comperj, no Rio de Janeiro e no Rnest, em Pernambuco. O rigor do controle passou de zero a 100. Se havia desmando anteriormente, há excessos atualmente. As empresas que executam as obras passaram de bestial a besta num estalar de dedos e estão sofrendo  com o autoritarismo e a arrogância de muitos funcionários da estatal em suas  obras, com ingerências sem precedentes no dia a dia das empresas.

O resultado é o número de empresas com dificuldades extremas em suas operações. Empresas tradicionais que passaram a sofrer com os novos métodos impostos na relação com a estatal. Por que elas deixaram de ter boa performance? Desaprenderam ou remédio está matando o doente?

Egesa, Jaraguá, GDK, Produman, Tenace, Ecman, Fidens, Iesa são algumas das empresas  que estão passando por um funil com a ponta de saída muita apertada.  O resultado é sofrimento para uma cadeia imensa de fornecedores que sente o reflexo dos novos conceitos de pagamentos que a Petrobrás impôs para aprovação de aditivos e claims, além, claro, de um número gigantesco de profissionais que acabam sem emprego.

A Folha de São Paulo deste sábado traz uma reportagem especial  que mostra bem esta realidade. Revela que a Polícia Federal está investigando nove fornecedores da Petrobrás que foram obrigadas a depositarem quase 35 milhões de reais na conta de uma empresa de fachada do doleiro Alberto Youssef, para ter direito de trabalhar para estatal nas obras da Refinaria Abreu e Lima. A investigação envolve o Grupo Sanko, a Engevix, a EIT, OAS, Jaraguá e Galvão, Camargo Corrêa, Braskem, Arcoenge, entre outras.

A Sanko Sider fornece tubos. O Consórcio Rnest O.C Edificações é responsável pela área administrativa da refinaria; Sanko Serviços  de Pesquisa,  uma divisão da Sanko Sider, é responsável por pesquisas de mercado e certificações de fornecedores da refinaria; A OAS, a Galvão, a Camargo Corrêa fazem obras em unidades da refinaria. A Jaraguá fornece equipamentos e tem contratos de R$ 1,2 bilhão com a refinaria. A Arcoenge presta serviços de engenharia. A investigação da Polícia Federal aponta um elo comum entre todas as empresas: o ex-diretor Paulo Roberto Costa. Na edição desta semana da Veja, uma reportagem confirma uma relação nebulosa entre o mesmo doleiro Assef e o Deputado Federal, André Vargas, do PT. É um sem fim, que não se sabe onde vai parar. A única certeza é que as investigações vão continuar e poderão atingir a muito mais gente.