GREVE DOS PETROLEIROS DA BAHIA FAZ REIVINDICAÇÕES MAS É ATRELADA A PROTESTOS CONTRA A VENDA DA RLAM
Promessa cumprida. Os petroleiros da Bahia entraram em greve na manhã desta quinta-feira (18) com a adesão de cerca de mil trabalhadores, segundo levantamento preliminar do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP). Não houve troca de turno na Refinaria Landulpho Alves (RLAM), no município de São Francisco do Conde. A greve é motivada por uma série de pendências trabalhistas relativas ao processo de venda da RLAM pela Petrobrás para o Fundo Mubadala, por US$ 1,65 bilhão. Trabalhadores próprios e terceirizados da Petrobrás lotados na RLAM permaneceram do lado de fora da unidade e em defesa dos empregos e direitos dos petroleiros e contra a privatização de refinarias, terminais e outros ativos da Petrobrás. A manifestação contou com a participação de dirigentes da FUP e seus sindicatos, centrais sindicais, além de representantes de outras categorias profissionais e de movimentos sociais e alguns deputados da Bahia.
Os petroleiros promoveram atos similares em diversas cidades do país, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, segundo informações da FUP. As manifestações também denunciaram a política de preço de paridade de importação (PPI), adotada pela Petrobrás desde 2016. E justamente no dia em que a empresa anunciou o quarto aumento da gasolina e o terceiro do diesel somente em 2021. Somente este ano, a gasolina acumula alta de 34,78%, e o diesel, de 27,72%. O coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar (foto à esquerda), a greve dos petroleiros baianos e os atos promovidos por trabalhadores da Petrobrás em todo o país, também querem chamar a atenção da população para os riscos de combustíveis ainda mais caros e de desabastecimento, caso a Petrobrás mantenha essa política de preços e privatize ativos como as refinarias.
“Estamos denunciando os impactos negativos para a população das privatizações de refinarias, terminais e sistemas logísticos que a atual gestão da Petrobrás está promovendo. A venda da RLAM e de outras refinarias pode criar monopólios regionais, e isso vai aumentar ainda mais os preços dos combustíveis. A política de preços da atual gestão da Petrobrás, que já reajustou gasolina e diesel em torno de 30% somente este ano, é nefasta, mas os preços subirão ainda mais com a venda dessas refinarias, já que os investidores que adquirirem esses ativos vão poder cobrar o preço que bem entenderem. Sem falar no risco de desabastecimento, se o dono da refinaria optar por exportar combustíveis em vez de vender no mercado brasileiro”.
Bacelar ainda lembra que a venda da RLAM é prejuízo também para a própria Petrobrás e seus acionistas. A refinaria foi vendida para o Fundo Mubadala, de Abu Dhabi, por U$ 1,65 bilhão, mas cálculos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) mostram que a refinaria valeria entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões. Ele menciona outros dados do Ineep para justificar que a venda das refinarias é mau negócio para a Petrobrás. Exemplo são quatro plantas na Região Nordeste colocadas à venda pela empresa – RLAM, RNEST, em Pernambuco, Lubnor, no Ceará, e RPCC, no Rio Grande do Norte. O aumento da produção de óleos combustíveis (diesel, bunker, fuel oil etc.), derivado que a Petrobrás mais aumentou suas exportações em 2020, ano em que a pandemia afetou os resultados da empresa, tem sido puxado por essas refinarias.
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