GREVE POR TEMPO INDETERMINADO DE FUNCIONÁRIOS DA ELETRONUCLEAR EM ANGRA DOS REIS TEM FORTE ADESÃO

Imagens das primeiras horas da greve mostram que movimento teve forte adesão

Os funcionários da Eletronuclear em Angra dos Reis (RJ) iniciaram nesta terça-feira (8) uma greve por tempo indeterminado. A paralisação teve forte adesão da categoria e foi convocada por sindicatos diante do impasse nas negociações com a empresa por questões trabalhistas. Há ainda uma grande insatisfação dos empregados por conta das medidas de austeridade em curso pela atual direção da empresa. Os trabalhadores da estatal na sede do Rio de Janeiro também devem cruzar os braços por 24 horas na próxima quinta-feira (10).

Entre os principais motivos da mobilização, os funcionários apontam a ausência de um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) desde 22 de janeiro deste ano. Desde então, os empregados estão regidos apenas pelas regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Os grevistas também denunciam o que chamam de tentativa da Eletronuclear de alterar unilateralmente instruções normativas que fazem parte do contrato de trabalho.

Outro ponto de tensão é a decisão da empresa de dar início ao processo de demissão em massa de cerca de 90 funcionários aposentados antes de 2019, que teriam recebido aviso prévio no último dia 1º de abril. Os desligamentos, segundo os sindicatos, estão sendo promovidos mesmo com o tema ainda em discussão no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), dentro do terceiro dissídio coletivo da categoria.

A falta de negociação sobre o reajuste salarial acumulado também motivou a greve. A categoria afirma que não existe nenhum movimento para que a empresa negocie o reajuste de 6,76% que, com o reajuste de 2024 de 3,69%, já corresponderia a uma perda de R$ 500 milhões em termos de salários diretos e indiretos e correção monetária. A Eletronuclear, por sua vez, alega que os 3,69% serão pagos. Já a questão sobre o reajuste de 6,76%, ainda de acordo com a companhia, está na Justiça.

Em nota publicada nesta terça-feira, a Eletronuclear diz que está aberta para negociações e garantiu que as usinas Angra 1 e Angra 2 estão operando de forma segura, apesar da greve. Veja a íntegra do comunicado abaixo:

A Eletronuclear informa que a unidade Angra 2 segue operando com plena segurança, sem qualquer impacto nas atividades essenciais. Já a unidade Angra 1 segue normalmente com suas atividades de parada programada para troca de combustível. O movimento grevista iniciado nesta terça-feira (08) na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis, não compromete a segurança das usinas. A companhia adotou todas as medidas necessárias para garantir a continuidade das atividades, conforme os protocolos internos de segurança e as rigorosas normas regulatórias do setor nuclear.

A Eletronuclear está acompanhando a greve de Angra dos Reis, que ocorrerá por tempo indeterminado, e foi também notificada sobre a paralisação dos empregados da sede, no Rio de Janeiro, prevista para começar na quinta-feira (10), com duração de 24 horas.

A empresa esclarece que já concedeu o reajuste integral de salários e benefícios com base na variação do IPCA, correspondente a 3,69%, equivalente a 100% da variação do índice. A proposta foi apresentada no âmbito das negociações para o próximo acordo coletivo.

A Eletronuclear lamenta o impasse causado pelas entidades sindicais, que condicionam a assinatura do acordo à inclusão de uma cláusula que lhes confere participação em decisões de gestão da companhia. Esse condicionamento violaria a legislação vigente (art. 138 da Lei nº 6.404/1976) e os princípios de governança da Eletronuclear, pois exigiria a anuência das entidades para alterações nos normativos internos da empresa.

A companhia reafirma ainda sua disposição para o diálogo e reforça seu compromisso com a operação segura e contínua de suas instalações nucleares, assegurando que não há qualquer risco para a população, trabalhadores e meio ambiente.