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BRASIL E OUTRAS NAÇÕES EMERGENTES PODEM SUPERAR PAÍSES DESENVOLVIDOS NA CORRIDA POR INDÚSTRIA LIMPA, APONTA ESTUDO

ApprovedFaustine_HiRes-1-of-387-1024x1024Um grupo de países emergentes — incluindo Brasil, Índia e Egito — está ganhando destaque global na corrida pela indústria limpa e pode em breve ultrapassar as maiores economias do mundo nesse setor. A projeção faz parte do novo relatório Indústria Limpa: Tendências de Transformação, elaborado pela Mission Possible Partnership (MPP), com apoio do Acelerador de Transição Industrial (ITA). O documento revela que a China ainda lidera os investimentos em plantas industriais limpas, com 25% do total global de US$ 250 bilhões. Em seguida, aparecem os Estados Unidos (20%) e a União Europeia (15%). No entanto, esses países desenvolvidos podem perder a dianteira para o chamado “novo cinturão industrial solar” — bloco de nações emergentes com elevado potencial de energia limpa e custos competitivos.

Segundo o estudo, existem hoje cerca de US$ 1,6 trilhão em projetos industriais limpos anunciados, mas ainda sem financiamento. Os países do cinturão respondem por 59% desse pipeline, bem à frente dos EUA (18%), da UE (10%) e da China (6%). Os projetos abrangem setores intensivos em emissões, como aço, cimento, alumínio, aviação e produtos químicos.

O Rastreador Global de Projetos da MPP mapeia 823 plantas industriais limpas em 69 países. Até o momento, 69 unidades estão operacionais e 65 garantiram financiamento — sendo que apenas oito alcançaram decisão final de investimento (FID, na sigla em inglês) nos últimos seis meses. Os demais 692 projetos seguem em fase inicial, sem recursos assegurados.

Fontes-renovaveis1Assim como as indústrias do passado se localizavam perto das minas de carvão que as alimentavam, a nova geração de plantas industriais intensivas em energia irá para onde puderem ter acesso a eletricidade abundante, confiável, barata e limpa para produzir materiais, produtos químicos e combustíveis, explicou Faustine Delasalle, CEO da MPP e diretora executiva do ITA.

A executiva avaliou que as regiões industriais do passado terão que ser inteligentes e cooperar se quiserem manter suas posições de liderança. “O Rastreador Global de Projetos da MPP mostra que uma realocação da base industrial já está em andamento, com o novo cinturão industrial solar do mundo pronto para ultrapassar as nações ocidentais em setores como a amônia, causando grandes ondas em toda a economia global“, finaliza.

Apesar do ritmo acelerado de anúncios, o relatório alerta para um gargalo: o tempo necessário para que projetos anunciados avancem até a construção. Caso o ritmo atual de conversão se mantenha, seriam necessários 40 anos para tirar todo o pipeline do papel. A MPP e o ITA estimam que será necessário multiplicar por cinco os investimentos e adotar políticas públicas mais assertivas para destravar esse potencial.

AMÔNIA NO CENTRO DAS ATENÇÕES

renovaveisOs setores de indústria limpa de crescimento mais rápido são a amônia verde (28 plantas na FID, 344 anunciadas) e os combustíveis de aviação sustentáveis (22 plantas operacionais, sete na FID e 144 anunciadas). Ambos apresentam um forte caso de negócios: a amônia limpa sendo uma solução direta para o setor de fertilizantes – um mercado pré-existente em escala – e os combustíveis de aviação sustentáveis se beneficiam de forte apoio regulatório e político, bem como de uma demanda contínua por viagens aéreas.

A análise mostra que os novos países do cinturão industrial solar abrigam mais de três quartos de todas as instalações de produção de amônia verde em escala comercial planejadas globalmente (tanto na FID quanto anunciadas). Além de seu uso em fertilizantes para a agricultura, a amônia limpa é usada na fabricação de explosivos e é uma candidata a combustível de transporte limpo.

A diminuição dos custos de eletricidade e eletrolisadores em mercados emergentes dentro do cinturão industrial solar significa que vários países devem reduzir o custo da amônia verde abaixo da amônia cinza baseada em combustíveis fósseis até 2035. Além disso, a amônia verde produzida no cinturão deve custar até metade do preço da produzida na Europa Ocidental ou nos EUA, ressaltando a importância do acesso à energia renovável de baixo custo. 

O ITA, criado na COP28, é uma iniciativa global voltada à descarbonização dos setores industriais e de transporte mais poluentes, responsáveis por um terço das emissões globais. Já a MPP, organização sem fins lucrativos, trabalha desde 2019 para acelerar a redução das emissões em setores intensivos em energia, como aço, cimento e aviação.

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