GRUPO MPE QUER CRESCER ENTRE 10% E 15% EM 2012

O Grupo MPE está com diversos projetos pelo Brasil, tanto na área de óleo e gás, com as tubovias do Comperj e os módulos para FPSOs da Petrobrás, quanto na área de transportes, com a fábrica de monorail, e energia, com a expectativa de montar a parte eletromecânica de Angra 3. Além destas, muitas outras oportunidades serão apresentadas a partir do próximo dia 11 em Madrid, onde os diretores e executivos do grupo vão se reunir para avaliar o ano de 2011 e programar 2012. O presidente do grupo, Renato Abreu, conversou com o repórter Daniel Fraiha e contou que quer crescer entre 10% e 15% neste ano.

O que será apresentado na reunião de janeiro?

Vamos rever o ano de 2011 e preparar o plano de 2012. Os diretores vão apresentar os projetos em andamento, como os módulos para o pré-sal que estamos fazendo, a nossa participação nas licitações aeroportuárias, a fábrica de monorails, entre outros. Teremos apresentações de projetos de qualidade, de treinamento, da parte jurídica, da financeira etc. Na verdade o plano do ano já vai praticamente pronto, mas o que considero o mais importante dessas reuniões é entrosar os diversos diretores do grupo.

A reunião é uma tradição do grupo?

Desde a nossa criação, quando nos desligamos da General Electric, fazemos duas reuniões anuais. Essa será a nossa reunião do ano 25 da empresa. A de janeiro é maior, em que revemos o ano anterior e fazemos a programação para o ano vigente, e é a que levamos mais gente. Já fizemos em Lisboa, Montevidéu, Buenos Aires, Caribe, Santiago e em muitos outros lugares. Depois fazemos uma reunião de revisão no meio do ano, que acontece no Brasil, para olharmos o segundo semestre com mais clareza. Acho importantes esses encontros porque temos executivos em vários lugares do país, então é a oportunidade de juntar todos num lugar só, fazer com que interajam, aproveitem a viagem e tenham um momento de confraternização e descontração juntos.

Quais são as expectativas do grupo com área de óleo e gás?

Estamos com muitos negócios na área. Fizemos os tanques do Comperj junto com a Alusa, agora ganhamos o contrato com a Petrobrás para a montagem das tubovias também no Comperj; estamos com obras na Repar (Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná), na Replan (Refinaria de Paulínia, em São Paulo); estamos fazendo os módulos para a P-58 e a P-62, e entre outros projetos.

E os módulos replicantes da Petrobrás?

Estamos trabalhando com três pacotes. A idéia inicial era entrar em todos, mas está muito corrido e na minha visão é um negócio de risco muito alto, então decidimos por três. Como há pacotes com grandes níveis de fornecimento, poderíamos ficar na mão de fornecedores. Optamos por fazer os que têm um nível médio de 40% a 50% de fornecimento, com muita engenharia no negócio, de forma que se a quantidade variar quem terá que dar conta somos nós. Estamos bastante animados com a licitação, porque apresentamos um bom trabalho em relação aos módulos que estamos fazendo, com um índice de conteúdo local de 92%, o que nos rendeu muitas visitas da Petrobrás.

Como está a implantação das unidades de abatimento de emissões atmosféricas na Refinaria Abreu e Lima (Rnest)?

Serão duas unidades que utilizam a tecnologia Snox para tratar as emissões na refinaria. É a primeira vez que se faz uma unidade como essas na América Latina e estamos terminando o canteiro para iniciar as obras. Tivemos algumas dificuldades com o fornecimento, porque são poucos os fornecedores para este tipo de estrutura, mas é muito importante para nós este empreendimento. O pioneirismo é muito bom para o grupo e a EBE tem uma história muito grande em inovar.

Como está o processo de licitação para Angra 3?

Entregamos a proposta para fazer a montagem eletromecânica, e agora estamos esperando o resultado. Tem gente que não tem habilitação para atender ao edital, mas isso é um problema para depois. A EBE fez Angra 1 e Angra 2, e agora estamos bem preparados para fazer a montagem em Angra 3.

E os projetos da área de transportes?

Temos muitos projetos na área ferroviária, reformas de sistemas de controle, da parte eletrônica, espaçamento entre trens etc. Na semana retrasada colocamos o metrô de Salvador para operar em teste depois de seis anos parado. Estamos terminando nos próximos meses a instalação da fábrica de monorails no Rio de Janeiro, que atenderá aos contratos com Manaus e São Paulo e futuramente a outros locais. É um transporte interessante de ser difundido, porque é elétrico, pouco poluente, diminui a circulação de ônibus e produz menos ruídos para a cidade, então hoje estamos tentando expandir para outros municípios. Hoje muitos lugares na Ásia já contam com esse tipo de transporte.

Quais são as expectativas de crescimento em 2012?

O nosso faturamento deve crescer entre 10% e 15% este ano. Não quero crescer mais do que isso, porque a minha idéia é crescer com bases sólidas, sem correr o risco de crescer de forma irresponsável. Estamos com muitos projetos e ano que vem vamos comemorar 200 anos de engenharia. Foi um mote que criei, porque a Ebse vai fazer 100 anos, a MPE vai fazer 25 anos e a EBE, 75 anos.

Você recebeu o prêmio Barão de Mauá 2011 por incentivo à cultura. Qual a importância de investir em cultura para você?

Eu valorizo muito a cultura, principalmente porque eu não sei fazer nada como pintar ou cantar. Então estamos sempre incentivando alguma coisa na área. Já fizemos livros sobre peixes na Baía de Guanabara, obras de arte, Brasília, culinária e uma série de coisas. Temos um projeto de fazer sete livros sobre as cidades do norte fluminense, que surgiu a partir do Instituto Sete Capitães, que eu presido, e foi criado para preservar a história e as fazendas daquelas cidades. Já fizemos um livro sobre São Fidélis, um sobre Quissamã e o próximo será sobre São João da Barra. A idéia é que saia um a cada ano. Também apoiamos o festival de chorinho, realizado pelo Instituto Cravo Albim uma vez ao mês; e apoiamos o Projeto Piabanha, que realiza o povoamento de espécies e a recuperação das matas ciliares no Rio Paraíba, na região de Itaocara. Todo ano fazemos uma coletânea musical, que surgiu em 2000 com as 100 melhores músicas brasileiras do século e em 2011 fizemos uma sobre os 100 anos de Luiz Gonzaga. São muitas coisas e continuaremos a investir nelas.

Você e sua família estão lançando um livro esta semana também?

Será neste sábado o lançamento. Chama-se “A Casa do Norte”, e foi uma idéia nossa para comemorar os 120 anos da minha avó. Ela já faleceu, mas completaria essa idade se estivesse viva, e nós temos a tradição de continuar comemorando o aniversário dela. Quando foi a data dos 110 anos fizemos um catálogo em homenagem a ela, e agora estamos com o livro. Somos uma família muito grande e unida. Até hoje os netos dos meus primos chamam a todos de tios, é uma tradição que continuamos.