GUILHERME ESTRELA FAZ CRÍTICAS DURAS AO LEILÃO QUE VENDEU CAMPOS DO PRÉ-SAL

Mesmo com muita gente comemorando a realização dos leilões dos campos do pré-sal, há vozes importantes que se colocam contra a política que  está sendo imposta ao petróleo brasileiro e a forma como a Petrobrás está sendo gerida pelo presidente da companhia, Pedro Parente. Um exemplo foi a repercussão da entrevista que o presidente da Petrobrás deu  logo depois da realização do leilão, publicada na íntegra pelo Petronotícias. Ao responder sobre as razões de não ter participado do melhor campo do leilão, Carcará, vencido pelo consórcio liderado pelos noruegueses da Statoil.

 Na oportunidade, voltou a falar sobre a inviabilidade do campo pela  “pressão do poço e o alto nível de CO2”, além de ter “vendido o campo para a Statoil e não justificar comprar de volta”. Esse argumento voltou a ser questionado pelo respeitado geólogo Luciano Chagas, em carta ao Petronotícias: “ Nunca li tantas asneiras ditas na reportagem e mídia para justificar o injustificável. É inadmissível, por exemplo,  que um presidente de companhia do porte da Petrobrás não saiba que em Carcará inexiste praticamente CO2 e H2S, sendo a acumulação, e não o Campo .”

Outra voz, também de grande autoridade, traz uma opinião forte. O também geólogo Guilherme Estrela, ex-Diretor de Exploração e Produção da Petrobrás durantes anos e na época em que o pré-sal foi descoberto e anunciado. Um profissional altamente respeitado que quando fala,  toda comunidade do petróleo  presta atenção. Ele conquistou isso. Conquistou esse respeito. Numa entrevista ao boletim da Associação dos Engenheiros da Petrobrás, de onde é associado, Guilherme Estrela fez declarações contundentes. Contra o governo Temer e a venda dos campos do pré-sal. O pé em que o calo apertar,  provavelmente recorrerá a cores partidárias para justificar suas ações.  Para muitos, ex e atuais dirigentes da Petrobrás, a maior empresa brasileira, será um verdadeiro puxão de orelhas. São sérias e duras declarações. Declarações que o Petronotícias divide com os seus leitores:

 “Este governo entrega o Brasil, destrói o nosso futuro. A entrega do pré-sal às empresas transnacionais – mas que defendem os interesses de seus países de origem – consiste numa das metas centrais do golpe de 2016. As nações hegemônicas sabem que petróleo e gás natural permanecerão a principal fonte de energia para a humanidade ao longo dos próximos 50 anos, senão além, até o final deste século 21. E a província petrolífera do pré-sal brasileiro é, muito provavelmente, a última área petrolífera de reservas de grandes dimensões do planeta. Os geólogos de petróleo de todo o mundo sabem disso”,

Estrela diz que o atual governo condenará o Brasil a um papel secundário na economia global pelas próximas décadas:

“Energia  é soberania nacional. Para essas nações assegurarem, defenderem, preservarem suas soberanias e seu poder geopolítico mundial, não há outra saída: é o pré-sal brasileiro ou nada”

O ex-diretor da Petrobrás dá um exemplo recente sobre soberania, lembrando a participação de brasileiros nas descobertas gigantescas de petróleo no Iraque, em 1976, lembrando que os norte-americanos praticamente tomaram conta dessas reservas: ““Eram 50 bilhões de barris que estavam preservados como reserva estratégica iraquiana.”

Diz que no Brasil podem acontecer coisas semelhantes:

 “Não basta entregar as riquezas brasileiras e o nosso território – solo e subsolo.  O trabalhador brasileiro, como agente e protagonista de tudo o que o Brasil construiu, está em processo terminal de reescravização, perde suas garantias trabalhistas, é condenado a nunca se aposentar de maneira civilizada, a sustentar um sistema ultracapitalista, completamente desumano, explorador e excludente, comandado diretamente do exterior. Um lobista da multinacional Shell, com total naturalidade, transitou entre parlamentares no Congresso Nacional para dar seu recado. Tanto em pessoa quanto por intermédio de seus representantes nativos. De alto, médio e pequeno escalão”.

Para ele, o momento agora é de mobilização e denúncia da entrega das  riquezas do país:

 “A imprensa estrangeira não se cansa de denunciar esse governo e de exibir sua total perplexidade pela inação da sociedade brasileira, do povo brasileiro em ir às ruas e, concretamente, parar o país, todo o país. É a única maneira de ser ouvido e fazer com que esse projeto de Brasil dependente. Esse governo podre, mal cheiroso e corrupto é surdo, insensível e debochado às manifestações da sociedade.”