HIRSA SUPERA DIFICULDADES DA PANDEMIA, TEM BONS RESULTADOS EM 2022, MAS PISARÁ NO FREIO DOS INVESTIMENTOS EM 2023
Dentro do nosso projeto Perspectivas 2023, buscando ouvir personalidades que influenciam de alguma forma o mercado, conversamos com o Diretor da Hirsa, Matheus Freitas, uma boa liderança do segmento de óleo & gás. A sua empresa, com mais de 40 anos de atuação no mercado, consolidada, conseguiu superar os percalços da pandemia, saiu mais forte e com um resultado positivo em 2022, mas se mostra cautelosa para 2023. A indefinição de uma nova política econômica de um novo governo, com preceitos contrários ao que a Hirsa defende, o momento, segundo Matheus, é de cautela e observação, segurando os investimentos, até que as definições sejam feitas e as coisas fiquem mais claras. Vamos então saber o que ele pensa e como a Hirsa está posicionada para os próximos desafios:
– Como foi o ano de 2022 para a Hirsa?
– O resultado de 2022 pode ser considerado bom, apesar de pegarmos ainda o final da pandemia. Houve uma reação do mercado. Estamos livres de várias amarras da covid-19, que traziam muito custo e não geravam faturamento e isso foi muito importante. As exigências com relação a fazer quarentena e em relação a todas outras questões associadas ao problema foram caindo aos poucos e isso gerou uma liberdade maior dentro do serviço, diminuição de alguns custos.
Na verdade, nem foram diminuições de gastos. Eles se aproximaram do orçado, do normal. E isso pode refletir-se no resultado programado e diminuiu o prejuízo dos anos anteriores. Conseguimos realizar o nosso planejamento e ficou dentro do esperado, da nossa meta. Então, houve uma reação, tivemos crescimento. Então, não podemos reclamar. O ano de 2022 vai terminar para nós como um bom ano. Como sempre, fazemos um planejamento muito consciente, de crescimento lento e gradual, mas com sustentabilidade.
– Quais são as perspectivas que o senhor consegue enxergar para 2023 ?
– O que esperamos de 2023 acabou tornando-se uma pergunta importante porque é uma transição de governo, de bastante amplitude. São governos bastante antagônicos, independente da política, estamos bastante preocupados com a forma que as coisas estão sendo conduzidas. Pelo menos neste prenúncio de entrada. Estamos saindo de um ambiente de bastante otimização de recurso, com maior liberdade econômica, austeridade nas contas públicas e lideranças técnicas em cima dos ministérios. Pelo que está avizinhando-se, estamos indo para o oposto disso. Isso é muito ruim se for concretizado, porque a reboque dessa mudança de posicionamento vem o que já conhecemos; aumento de custo do governo, potencial aumento da inflação, degringolar das contas públicas, e isso tudo se reflete nos números econômicos. E isso, obviamente, para o setor produtivo, para os empresários, é muito ruim.
Teremos muita cautela em 2023 na parte de investimento. Vamos ter que fazer uma avaliação caso a caso, de acordo com a temperatura do mercado, como as coisas serão conduzidas. No setor de óleo e gás, precisamos entender o que vai acontecer, precificar o nosso planejamento. Acho que é um ano de atenção, para acompanhar o que vai acontecer com olhos bastante atentos e posicionar-se. Então, a princípio, sem grandes investimentos de risco ou apostas exageradas, até que se entenda para onde o governo vai.
–Se pudesse, o que gostaria de sugerir para o novo governo que está entrando ?
– Esta é uma pergunta muito interessante. Seria ótimo se pudesse falar e eles ouvirem, ainda que fosse de forma coletiva, a respeito do nosso setor e do empresariado que gera empregos no final das contas. Mas o que se quer, e eu imagino que seja unânime, é um governo que tenha liberdade econômica, que tire o Estado das costas do empresariado. Um governo que tenha taxas e impostos menores, pelo menos mais inteligentes, que consigam dar para o povo os serviços públicos básicos que não acontecem, e que a economia seja cada vez mais liberal, ganhe mais eficiência. E se houvesse quem possa levar e dar um recado, seria: se não puder ajudar, não atrapalhe.
Quanto menor o Estado, menor a influência dele na produção e na possibilidade de geração de riqueza. O setor produtivo faz a parte dele. Então, o caminho é esse: redução do Estado. Tanto no tamanho, quanto na interferência, embora deva atuar como um agente regulador, mas regulador de regras, não o que se deve ou não fazer, com toda carga que é depositada do setor produtivo.
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