HONEYWELL ENXERGA GRANDE POTENCIAL DE NEGÓCIOS PARA FORNECER TECNOLOGIAS PARA O SETOR DE REFINO DO BRASIL | Petronotícias




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HONEYWELL ENXERGA GRANDE POTENCIAL DE NEGÓCIOS PARA FORNECER TECNOLOGIAS PARA O SETOR DE REFINO DO BRASIL

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) – 

Leon Melli 3A Honeywell considera o Brasil como um mercado extremamente estratégico para o desenvolvimento de futuros projetos relacionados ao fornecimento de combustíveis. A afirmação é do diretor de vendas da Honeywell UOP, Leon Melli. Em entrevista ao Petronotícias, o executivo traça um panorama do mercado de derivados no Brasil, alertando que o atual déficit na balança comercial por conta das importações de combustíveis está na casa dos US$ 13 bilhões por ano. “Portanto, é fundamental que realizemos essa discussão agora para explorar alternativas que possam alterar esse cenário desafiador”, disse. Melli explica que a Honeywell está pronta para atuar na implementação de projetos de produção de biocombustíveis no Brasil ou até mesmo na modernização e expansão do parque de refino de combustíveis fósseis do país. Por fim, o executivo cita um conjunto de tecnologias desenvolvidas pela empresa, tais como a Uniflex, que converte correntes de petróleo de baixo valor agregado em outras de maior valor, aumentando a margem de uma refinaria entre 60% e 100%. Já a tecnologia ISOALKY elimina diversos riscos operacionais para as refinarias, como a necessidade de armazenar ácido fluorídrico ou ácido sulfúrico nas instalações. “A Honeywell UOP está pronta para colaborar estreitamente com as autoridades brasileiras no desenvolvimento de projetos que sejam não apenas rentáveis, mas também flexíveis e sustentáveis”, concluiu.

Para começar nossa entrevista, poderia relembrar aos nossos leitores como é o quadro de déficit na balança comercial de produtos petrolíferos no Brasil?

Imagem do WhatsApp de 2023-09-19 à(s) 13.38.03_2cfe4f25Uma boa maneira de começar essa discussão envolve traçar um breve panorama da situação atual do Brasil no que diz respeito ao balanço de combustíveis. O país investiu consideravelmente na estruturação da sua indústria de exploração e produção de petróleo (upstream) e alcançou uma produção diária média atual de 3,2 milhões de barris de petróleo bruto por dia, conforme dados da ANP. A projeção é que esse número aumente para 5 milhões de barris por dia nos próximos 10 anos. O Brasil está assumindo o papel de grande potência na produção de óleo e gás. 

No entanto, quando se trata da produção de derivados de petróleo, o Brasil ainda não está em um patamar tão elevado. O consumo total de derivados de petróleo no país é atualmente de 3,2 milhões de barris/dia, mas apenas 2 milhões são supridos pelas refinarias nacionais. A metade dessa diferença de 1,2 milhão (ou seja, 600 mil barris/dia) é obtida por meio dos biocombustíveis. A outra metade é suprida por meio de importações. Isso resulta em um déficit na nossa balança fiscal de aproximadamente US$ 13 bilhões por ano.

Se considerarmos as projeções internas para os próximos 15 anos, levando em conta a projeção de aumento no consumo de derivados para 3,8 milhões de barris por dia, o déficit na balança poderá chegar a cerca de US$ 20 bilhões até 2040. Estima-se que apenas as importações de diesel atinjam 400 mil barris por dia. Portanto, é fundamental que realizemos essa discussão agora para explorar alternativas que possam alterar esse cenário desafiador.

Quais as possíveis estratégias que o Brasil deveria adotar para superar essa lacuna? E como a Honeywell pretende contribuir com novas tecnologias para ajudar na expansão do parque de refino do país? 

Honeywell Firma Compromisso Para Neutralizar Emissões de Carbono até 2035_THUMBA Honeywell, por meio de sua divisão de tecnologia de processos, a Honeywell UOP, tem o orgulho de fornecer tecnologias de refino ao Brasil ao longo dos últimos 60 anos. Ao longo de décadas, temos acompanhado de perto a evolução desse cenário. Ao olharmos para o futuro, compreendemos que não basta apenas considerar o déficit de produção para justificar a construção de uma nova refinaria. É essencial que os projetos sejam rentáveis, sustentáveis e flexíveis para se adaptarem às condições em constante mudança, possibilitando a criação de cases de negócios eficazes.

A abordagem que a Honeywell adota para fazer esse case acontecer é por meio da configuração de refino. Isto é, a utilização de unidades de processamento ideais que nos permitam produzir um mix ideal de produtos a partir de um elenco de petróleo disponível. Chamamos isso de “precisão molecular”. Ao longo de décadas, a Honeywell aplicou essa abordagem em todo o mundo, desempenhando um papel fundamental na viabilização de diversos projetos de refino. Nesse contexto, estamos desenvolvendo diversas tecnologias que visam apoiar a configuração de refino de maneira mais adequada.

É igualmente importante destacar as iniciativas do governo brasileiro para apoiar o setor de refino. No plano estratégico da Petrobrás, observamos diversas medidas que indicam uma crescente adaptabilidade das refinarias existentes para o processamento do petróleo nacional. Além disso, os biocombustíveis avançados desempenham um papel significativo nessa discussão. Atualmente, a Honeywell oferece tecnologias como o “Ecofining” para a produção de biocombustíveis avançados a partir de óleos vegetais e animais; a tecnologia “Ethanol To Jet” para a produção de querosene de aviação renovável a partir de etanol; e várias outras soluções.

Quais são as outras tecnologias da empresa que podem ser usadas no parque de refino brasileiro? 

imagem2Flexibilidade, rentabilidade e sustentabilidade são os três pilares que tornam um projeto de refino viável. Chamamos esses pilares de “a refinaria do futuro”. O objetivo é extrair o máximo valor de cada gota de óleo processada na unidade e garantir a flexibilidade necessária para se adaptar às condições de um mercado em constante mudança.

Para ilustrar tecnologias práticas que se alinham com o cenário atual de refino, podemos mencionar a Uniflex. Essa tecnologia se concentra na conversão do que chamamos de “fundos do barril”, que são as correntes de baixo valor agregado. A Uniflex realiza a conversão dessas correntes para outras de maior valor agregado, como querosene de aviação, diesel e gasolina. Uma unidade como essa pode aumentar a margem de uma refinaria entre 60% e 100%, dependendo da configuração atual do refino. 

Outro exemplo relevante está relacionado à gestão de resíduos nas refinarias. Como resultado dos processos de hidrotratamento para a produção de diesel S-10, são geradas correntes residuais contendo H2S e amônia. A Honeywell oferece uma tecnologia chamada nViro Hydro, que converte esses resíduos sem valor em fertilizantes de alto valor agregado, como o sulfato de amônia. É uma tecnologia que tem forte aderência ao mercado nacional. 

O senhor vê oportunidades para integração entre os parques petroquímico e de refino no Brasil? 

rnest_3A integração com a petroquímica está tornando-se uma tendência nos mercados mais desenvolvidos, impulsionada principalmente por duas razões cruciais. A primeira delas diz respeito ao aumento das margens. A introdução de um complexo petroquímico integrado, que converte tanto as correntes de baixo valor em produtos de alto valor agregado, pode resultar em um aumento estimado de até 30 dólares por barril na margem de uma refinaria. Esse aumento é extremamente significativo e transforma completamente a rentabilidade do negócio.

O segundo fator é a redução substancial das emissões, especialmente aquelas relacionadas ao Escopo 3, que dizem respeito ao impacto do ciclo de vida dos produtos fabricados. Ao invés de produzir combustíveis que serão queimados ao longo da cadeia de valor, os petroquímicos são produtos perenes, cujas emissões de Escopo 3 são consideravelmente reduzidas. Esses são fatores cruciais que justificam a integração entre refino e petroquímica no Brasil.

Durante o evento LARTC, no Rio de Janeiro, a Honeywell apresentou detalhes do processo ISOALKY, que resulta em maiores rendimentos e baixo teor de enxofre. Poderia compartilhar essas informações com nossos leitores? 

Dig38092Ao longo de décadas, o setor de refino tem buscado alternativas aos processos convencionais de melhoria da qualidade das correntes leves. Tradicionalmente, as correntes leves eram isomerizadas para produzir gasolina de alta octanagem, mas esse processo historicamente utilizava catalisadores altamente tóxicos, como o ácido fluorídrico e o ácido sulfúrico – o que gera diversas complexidades nas operações das refinarias. O ácido sulfúrico, em particular, representa o maior risco do ponto de vista da segurança nas operações, além de sua disponibilidade no mercado mundial ser instável.

Nesse contexto, a Honeywell UOP desenvolveu, em colaboração com a Chevron, a tecnologia ISOALKY. Essa tecnologia adota um catalisador diferente para as reações de alquilação, conhecido como “líquido iônico”, que possui uma acidez superior. Nesse caso, a quantidade de catalisador necessária é muito menor em comparação com os processos anteriores. Essa abordagem elimina diversos riscos operacionais para as refinarias, como a necessidade de armazenar ácido fluorídrico ou ácido sulfúrico nas instalações.

Como e onde essa tecnologia poderia ser empregada no Brasil?

Atualmente, uma unidade de alquilação está em operação na Refinaria de Cubatão (RPBC), dedicada à produção de gasolina de aviação. Eventualmente, essa unidade poderia ser modernizada e convertida em uma unidade de ISOALKY.

Por fim, poderia falar das perspectivas de novos negócios da Honeywell no mercado de refino brasileiro?

refinaria_riograndense_imagem_aerea_2_credito_marcos_jatahyA Honeywell considera o Brasil como um mercado extremamente estratégico para o desenvolvimento de futuros projetos relacionados ao fornecimento de combustíveis. Seja por meio da implementação de projetos de produção de biocombustíveis ou pela modernização e expansão do parque de refino de combustíveis fósseis do país. 

A Honeywell UOP está pronta para colaborar estreitamente com as autoridades brasileiras no desenvolvimento de projetos que sejam não apenas rentáveis, mas também flexíveis e sustentáveis.

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