HONEYWELL VÊ O BRASIL COM GRANDE POTENCIAL PARA SER PROTAGONISTA NA PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS AVANÇADOS | Petronotícias




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HONEYWELL VÊ O BRASIL COM GRANDE POTENCIAL PARA SER PROTAGONISTA NA PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS AVANÇADOS

Imagem do WhatsApp de 2024-09-27 à(s) 14.04.00_b085d8f5A Honeywell acredita firmemente no potencial do Brasil para se consolidar como um dos maiores protagonistas globais na produção de biocombustíveis avançados. Com cinco décadas de experiência fornecendo tecnologia para o setor de refino no país, a empresa destaca a vasta disponibilidade de matérias-primas, como óleos e gorduras, etanol e biomassa, que posicionam o Brasil como um grande fornecedor de feedstocks sustentáveis. O Diretor de Vendas da Honeywell Energy & Sustaintability Solutions para a América Latina, Leon Melli (foto principal), lembrou que a empresa fornecerá a sua tecnologia Ecofining para a produção de combustíveis sustentáveis de aviação na Refinaria de Cubatão (RPBC) e na Refinaria de Mataripe. “Esses dois projetos são muito emblemáticos e juntos representam cerca de 37 mil barris por dia, o que equivale a aproximadamente 35% da demanda nacional de combustível de aviação atualmente”, declarou. Já o Diretor de Vendas e Desenvolvimento de Negócios para América Latina da Honeywell ESS (Soluções em Energia e Sustentabilidade), Andre Defaveri, destacou a importância de um arcabouço regulatório robusto e segurança jurídica para os investidores, em especial com relação à tributação e à certificação de feedstocks. “O Brasil precisa continuar avançando na regulamentação. A segurança jurídica é essencial para atrair investidores, especialmente em projetos que envolvem investimentos tão altos, na casa dos bilhões de dólares”, avaliou. Por fim, os executivos ponderam que embora os biocombustíveis avancem, os combustíveis fósseis continuarão sendo uma peça importante da matriz energética brasileira até pelo menos 2040, exigindo melhorias tecnológicas no atual parque de refino convencional para reduzir as emissões de carbono.

Para começar nossa entrevista, poderia relembrar aos nossos leitores um pouco do escopo dos contratos fechados pela Honeywell nas refinarias de Cubatão e Mataripe?

Andre Defaveri

Andre Defaveri

Leon – Acho que para iniciar a discussão, é importante trazer um pouco de contexto. A Honeywell se orgulha de ter mais de 50 anos fornecendo tecnologias para o parque de refino brasileiro. As contribuições que temos oferecido ao setor ao longo dessas décadas nos enchem de orgulho. É um prazer participar deste novo momento do refino brasileiro, que está cada vez mais voltado ao processamento de carga renovável. Ficamos muito honrados de termos sido selecionados tanto pela Acelen quanto pela Petrobras para fornecer a nossa tecnologia Ecofining para produção de combustível de aviação renovável.

A tecnologia Ecofining será usada pela Acelen na refinaria de Mataripe para produzir 20 mil barris por dia a partir, principalmente, de óleo de macaúba. Este é um projeto verticalizado, onde a Acelen está trabalhando em toda a parte agrícola para aumentar a escala da produção dessa matéria-prima, que eventualmente vai cobrir toda a capacidade da planta. Já no caso da Petrobras, a produção será de aproximadamente 17 mil barris por dia na refinaria de Cubatão, utilizando óleo de soja, sebo bovino e óleo de cozinha usado. Esses dois projetos são muito emblemáticos e juntos representam cerca de 37 mil barris por dia, o que equivale a aproximadamente 35% da demanda nacional de combustível de aviação atualmente.

Como está a execução desses projetos?

Leon – As datas dependem da velocidade de execução de cada uma das companhias, mas hoje, o cronograma anunciado é para 2027 para os dois projetos. Coincidentemente, a partir de 2027, conforme determinado no Projeto Combustível do Futuro, os operadores aéreos serão obrigados a reduzir as emissões de gases do efeito estufa nos voos domésticos por meio do uso do combustível sustentável de aviação. As metas começam com 1% de redução em 2027 e crescem gradativamente até atingir 10% em 2037.

O que ainda falta para o país destravar mais projetos desse tipo e atrair mais investimentos em novas plantas?

Honeywell Firma Compromisso Para Neutralizar Emissões de Carbono até 2035_THUMBAndre – O Brasil precisa continuar avançando na regulamentação. A segurança jurídica é essencial para atrair investidores, especialmente em projetos que envolvem investimentos tão altos, na casa dos bilhões de dólares. O programa “Combustível do Futuro” é um bom começo, mas ainda precisamos de um arcabouço regulatório mais robusto, especialmente em relação à tributação. Isso será crucial para criar uma indústria sustentável aqui no Brasil e reforçar que essa indústria se instale de fato na região.

Além disso, precisamos investir na certificação das matérias-primas sustentáveis. O Brasil é um grande produtor de feedstocks, mas ainda temos muito potencial a explorar, especialmente com óleos e gorduras, biomassa de madeira e etanol. Esses insumos podem ser convertidos em SAF por diferentes rotas tecnológicas, e a Honeywell está preparada para oferecer essas soluções. O feedstock certificado é o que vai garantir confiabilidade e segurança aos investidores. 

No cenário regulatório, o que já foi aprovado foi positivo para o setor?

Andre – A lei “Combustível do Futuro” é um marco inicial muito importante. Ela está alinhada com as regulamentações que vemos em outros países, o que é crucial para garantir uma uniformidade global e atrair investimentos estrangeiros. O Brasil está no caminho certo, mas precisamos avançar rapidamente para que esses projetos sejam viabilizados e para que o país se consolide como um grande player global.

Superados esses desafios regulatórios, como a Honeywell enxerga o potencial do Brasil como fornecedor de tecnologias para biocombustíveis?

RPBCLeon – A Honeywell acredita fortemente no potencial do Brasil como uma grande plataforma global para biocombustíveis avançados. O Brasil tem vocação para isso, desde o Proálcool, que em breve completa 50 anos, passando pela onda do biodiesel e agora chegando ao HVO e ao SAF. O país tem adotado percentuais significativos de biocombustíveis na mistura com combustíveis fósseis, o que é um grande diferencial. É algo que tem sido feito há muitos anos e com muito sucesso. 

Adicionalmente, o Brasil tem uma posição relevante no mundo quando se trata de feedstocks. Somos um dos maiores produtores de soja, com grande potencial para óleo de soja. Outras culturas estão ganhando força, como a macaúba no projeto da Acelen. Também temos o etanol, com a rota etanol-to-jet, que converte o álcool em combustível de aviação renovável. Tudo isso coloca o Brasil em destaque como um potencial fornecedor global de biocombustíveis muito relevante.

Andre – O Brasil tem uma capacidade muito grande de fornecer feedstocks por diversas rotas. Não estamos falando apenas do etanol de cana, mas também do etanol de milho, cuja produção cresce a cada ano. Além disso, a indústria de papel gera CO2 biogênico, que pode ser convertido em SAF através da rota Power to Liquid. Esse é um mercado que já existe e está em expansão. O futuro não está tão distante como muitos pensam. Acreditamos que chegou o momento de implementar esses projetos e garantir que o Brasil assuma o papel de produtor e exportador de combustíveis avançados, agregando alto valor.

Em termos de oportunidades no Brasil, há algo mais que gostaria de destacar além dos biocombustíveis?

ACELENLeon – Sim, é importante lembrar que, embora os biocombustíveis avancem, os combustíveis fósseis ainda desempenharão um papel relevante na matriz energética do Brasil. Não atingimos o pico de consumo de combustíveis fósseis aqui no país, que deve ocorrer por volta de 2040, com uma queda lenta e gradual a partir daí. Então, precisamos continuar investindo na produção de combustíveis fósseis de maneira mais eficiente, com o menor impacto de carbono possível.

Por exemplo, nas refinarias, as unidades de craqueamento catalítico são responsáveis por cerca de 20% das emissões de CO2, e hoje já temos tecnologias que podem eventualmente até zerar essas emissões. Ou seja, precisamos continuar olhando com atenção para o setor de refino convencional, que será fundamental na matriz energética nas próximas décadas. 

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