IEN/CNEN AVANÇA NOS PREPARATIVOS PARA A CONSTRUÇÃO DO PRIMEIRO CENTRO DE SEGURANÇA FÍSICA NUCLEAR DO BRASIL
Ainda que em meio a desafios e percalços, o setor nuclear brasileiro vive e se movimenta. Como noticiamos, o Centro de Treinamento em Segurança Física Nuclear (Centresf) foi selecionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para receber recursos dentro de uma Seleção Pública de propostas para apoio a centros nacionais de infraestrutura científica de pesquisa e tecnológica. Para conhecer mais detalhes desse novo empreendimento, o Petronotícias entrevista hoje (23) o chefe da Divisão de Segurança e Proteção Radiológica do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), João Regis dos Santos. A unidade – a primeira do tipo no Brasil e na América Latina – será abrigada dentro do IEN, na Cidade Universitária da UFRJ, no Rio de Janeiro. O objetivo é dar ao Brasil o protagonismo na formação de especialistas em sistemas de proteção física de instalações nucleares. Santos, que faz parte da equipe de implantação do Centresf, detalha que a Finep disponibilizará R$ 15 milhões para o projeto e as obras devem durar 30 meses após a liberação dos recursos. “A nossa expectativa, entretanto, é que mesmo antes da conclusão das obras, possivelmente ainda em 2025, iniciaremos a primeira turma de treinamento sobre ‘Proteção física de fontes radioativas e instalações radiativas associadas’ para supervisores de proteção radiológica que atuam nessas instalações”, afirmou. Por fim, Santos reforça que o Centresf contará com os principais recursos destinados à qualificação de pessoas em segurança física nuclear do país, necessários para preparar especialistas em diversos níveis. “A combinação dos fatores ‘sustentabilidade e segurança’ passou a ser requisito necessário para a diversificação da matriz energética e isso nos permite afirmar que no aspecto segurança física nuclear o Centresf desempenhará um importante papel no país”, finalizou.
Com a divulgação do resultado do edital da Finep, quais são os próximos passos dentro do projeto do Centresf?
No presente momento, estamos estruturando o relacionamento com os parceiros no projeto, bem como formando um Grupo de Trabalho composto por especialistas em “Segurança Física Nuclear”, que ficará encarregado de realizar os ajustes finais na estrutura a ser disponibilizada. O Centresf é da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), posicionado no IEN, e contará com o apoio das demais unidades da CNEN e da ANSN, recém-criada. Estarão nos apoiando, já nesta fase de implantação, outras instituições de ensino e pesquisa (IME, UFRJ), o GSI e empresas do setor nuclear como a Eletronuclear e a INB.
Temos a expectativa também de receber apoio de organismos internacionais que fomentam e dão apoio técnico a iniciativas na área de segurança física nuclear.
Paralelamente às atividades de construção e implantação da infraestrutura, os programas dos treinamentos a serem ofertados já deverão ser preparados. A nossa expectativa, entretanto, é que mesmo antes da conclusão das obras, possivelmente ainda em 2025, iniciaremos a primeira turma de treinamento sobre “Proteção física de fontes radioativas e instalações radiativas associadas” para supervisores de proteção radiológica que atuam nessas instalações.
Quando devem começar as obras?
O IEN apresentou o projeto, que foi selecionado pela FINEP para a obtenção de recursos da ordem de 15 milhões de reais para a execução de obras e a aquisição de equipamentos. Parte da infraestrutura a ser utilizada pelo Centro de Treinamento já se encontra disponível e faz parte dos recursos do IEN utilizados em suas atividades.
O Centresf contará com um campus para os treinamentos práticos e demais atividades experimentais e ocupará uma área com 18.000m². Haverá um prédio adaptado, com área inicial de 1.300m², expansível, para receber os recursos técnicos necessários, que incluem salas de aulas, laboratórios, central de monitoramento e outros dispositivos normalmente utilizados para prover a segurança física de instalações nucleares e radiativas.
Após a assinatura do contrato com a FINEP e a consequente liberação dos recursos, estaremos prontos para iniciar as obras, com previsão de conclusão em 30 meses.
Quantas pessoas estarão envolvidas no centro após sua inauguração? Que tipo de atividade será desenvolvida no Centresf?
O Centresf terá uma equipe orgânica do IEN de gestão, administração, apoio técnico e de manutenção da sua infraestrutura. Os laboratórios, simuladores e instalações técnicas de apoio poderão ser utilizados pelas instituições parceiras de ensino e pesquisa, em apoio aos seus programas de pós-graduação. Para atuar como instrutores, contaremos com especialistas em segurança física nuclear do IEN e de outras unidades da CNEN; de empresas operadoras, de organizações nacionais e internacionais fomentadoras de treinamentos no Brasil e em países da região.
As atividades desenvolvidas, portanto, quando estiverem em pleno funcionamento, envolverão um número variável de pessoas, a depender do tipo de atividade, mas estimamos algo em torno de 40 pessoas.
Qual será o diferencial desse centro para o setor nuclear brasileiro? O que muda para o segmento após sua inauguração?
Como se sabe, uma parte importante dos recursos destinados à implantação e operação de uma instalação nuclear, uma usina, por exemplo, é destinada à provisão de segurança: segurança técnica nuclear, radiológica, ambiental e física nuclear. O impacto que um evento de falha de segurança pode causar para o setor nuclear de um país pode ser significativo. Existem inúmeros exemplos, como Chernobyl, Fukushima e até mesmo o acidente radiológico de Goiânia.
No Centresf estarão os principais recursos destinados à qualificação de pessoas em segurança física nuclear do país, necessários para preparar especialistas em diversos níveis, para atuar no planejamento, pesquisa e inovação, projeto e operação de sistemas de proteção física, não só para suprir as demandas do Brasil com recursos humanos especializados nesta área, mas também para outros países da região.
É importante destacar que o Centresf será o primeiro centro de treinamento em segurança física nuclear da América Latina, o que colocará o Brasil em uma posição de destaque na região.
Poderia detalhar um pouco mais sobre as parcerias dentro da área de segurança física nuclear que o IEN/CNEN poderá firmar com agentes públicos e privados?
O IEN é uma instituição de pesquisa da CNEN, com experiência consolidada no desenvolvimento de tecnologias para atender demandas requeridas pelo mercado. Como exemplo, temos Acordo de Cooperação Técnica com empresas públicas, como a Petrobrás e a Eletronuclear, e privadas, como a Atomum. Uma das possibilidades é a utilização de modelo de relacionamento semelhante no projeto Centresf.
Por fim, poderia compartilhar conosco quais são suas perspectivas com o futuro do setor nuclear brasileiro?
O Brasil possui a oitava maior reserva de urânio do planeta, da ordem de 280 mil toneladas de urânio, e com o potencial de alcançar posição ainda de maior destaque. O programa nuclear brasileiro é pujante, com autonomia e domínio completo do ciclo do combustível nuclear. Diversos projetos relevantes na área nuclear estão em curso no país, contando inclusive com a participação de instituições de outros países.
Globalmente, tem ocorrido o aumento de investimentos no desenvolvimento de tecnologias seguras para a geração nuclear de energia elétrica, que passou a ser uma opção importante na busca pela redução das emissões de carbono. O nosso país é, portanto, um player regional e global importante do setor.
A combinação dos fatores “sustentabilidade e segurança” passou a ser requisito necessário para a diversificação da matriz energética e isso nos permite afirmar que no aspecto segurança física nuclear o Centresf desempenhará um importante papel no país e região.
Energia potencial é aquela que, embora existindo, não se transformou em energia cinética, aquela que realiza trabalho e produz prosperidade e qualidade de vida. É boa a ideia de melhorarmos nossa proteção física física de ativos nucleares, que no entanto, estão quase todos em estado potencial. Em serviço quase vão existem, considerando nosso mercado, 200+ milhões de habitantes e 8,5 milhões de km2. Quase não geramos eletricidade alguma com uma usina e meia e a meia já bem velhinha. Somos importadores de radionuclídeos para a indústria e medicina. Temos urânio in natura, mas apesar de sabermos enriquecer há quase meio… Read more »
Seria bom começarmos por aumentar o calibre de nossas armas de defesa em algumas instalações nucleares, pois em algumas elas só servem para matar rolinhas. Em algumas outras em certos países são calibre .50 com monitoração, mira e fogo automático, além de misseis anti aéreos nos topos dos edifícios.
Já sei, alguns patriotas devem estar pensando em contratar a Rússia para proteger nossos ativos nucleares. Afinal somos do BRICS, a aliança que dominará o mundo. A China também serve.