IFM ESTUDA PARCERIA COM EMPRESA ITALIANA PARA ATUAR NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Nascido a partir de um centro de resultados da extinta Montreal Engenharia, o Grupo IFM vem crescendo bastante na área de comissionamento desde 1994, quando se tornou empresa independente. Hoje conta com a sede no Centro do Rio de Janeiro, um centro de laboratórios em Duque de Caxias, escritório em Macaé e uma base em Pernambuco, para atender à demanda da região Nordeste. O presidente do grupo, Júlio Sampaio, destaca que são uma empresa horizontal no setor de comissionamento, com atuação em gerenciamento, testes de campo, laboratórios próprios e centro de treinamento de pessoal, o que é raro neste mercado. Além disso, Sampaio planeja expandir os negócios no exterior, e está discutindo uma parceria com uma empresa italiana, para atuarem em conjunto na África e no Oriente Médio. Com 80% dos negócios em óleo e gás, a empresa também está de olho no mercado do Golfo do México, mas lá os trabalhos deverão se dar de forma independente.

Como foi a criação da IFM?

Eu era gerente de um departamento da Montreal Engenharia que era um centro de resultados. A empresa foi pioneira no atendimento aos requisitos de qualidade, com a plataforma de Cherne, no início da década de 80. Foi um dos primeiros contratos da Petrobrás com esses requisitos. A empresa teve que montar uma infraestrutura para isso. Compramos equipamentos para prestar serviços de calibração, comissionamento e etc, até que formamos um centro em Petrópolis. Para mantermos a atualização dessa estrutura, precisávamos sempre investir, o que não combinava muito com o modus operandi de uma empreiteira.

Então separaram?

Não naquele momento. Criamos esse departamento como centro de resultado e começamos a vender serviços para fora, para justificar os investimentos. Foi um departamento muito técnico, era ligado ao Inmetro, à comunidade técnica e acadêmica. Então era um braço completamente alheio ao foco da Montreal.

Depois vocês compraram este braço da Montreal e criaram a IFM?

Quando as empresas da Montreal foram vendidas, nós fizemos uma proposta pelo departamento. A partir dali, em 1994, começamos a nos adequar para atender o mercado demandante.

Quais são os principais serviços prestados ao setor de óleo e gás?

Hoje somos uma empresa de comissionamento da forma mais horizontal possível. Geralmente as empresas de comissionamento só tem gerenciamento ou teste de campo. Nós temos gerenciamento, teste de campo, com laboratórios próprios e centro de treinamento de pessoal, então temos capacidade de atender a todas as atividades de comissionamento.

Quais são os principais projetos em que estão envolvidos atualmente?

Estamos com projetos na Rnest, estamos desenvolvendo o manual de operação da P-55, trabalhamos no FPSO OSX-1 – fizemos os testes dos principais equipamentos –, fizemos o comissionamento da BGL-1, da P-57, da plataforma de Mexilhão, além de projetos em fase de contratação dos Replicantes e da Cessão Onerosa da Petrobrás.

Qual é a estrutura da empresa atualmente?

Nossa sede administrativa fica no Centro do Rio de Janeiro, temos um escritório em Macaé, o centro de laboratórios em Duque de Caxias e uma base em Pernambuco.

Quanto a área de óleo e gás representa nos negócios da empresa?

Cerca de 80%. Os outros 20% ficam divididos entre as indústrias química, petroquímica e farmacêutica.

A participação na OTC trouxe novas perspectivas?

Essa foi a quinta vez que participamos. Nosso objetivo lá foi consolidar nosso relacionamento com empresas importantes do ramo. Estivemos com um alto executivo da Petrobrás, conversamos sobre o nosso interesse em trabalhar com a Petrobrás América no futuro.

Vocês têm planos de atuar fora do Brasil?

Estamos desenvolvendo alianças para trabalhar na África e no Oriente Médio. Além disso, temos interesse em trabalhar no Golfo do México.

Como seria essa expansão?

Para a África e o Oriente Médio estamos negociando uma parceria com uma empresa italiana. Para o Golfo do México seria de forma independente.

Como seria a parceria?

Seria voltada para o comissionamento mesmo. Essa empresa italiana já tem uma carteira grande de clientes. Estamos deliberando qual seria a forma de trabalhar em conjunto, a forma de gestão e etc. Queremos somar a nossa expertise com a deles. Um dos nossos objetivos é melhorar ainda mais nosso conhecimento para liderar processos.

Quais são os focos da parceria nessas regiões?

A África como um todo está bastante aquecida. Temos muito interesse também em Cingapura, onde há muitas empresas brasileiras grandes. A Arábia Saudita tem bastante coisa, então queremos formar a parceria para trocar informações e procedimentos, para agregar valor.

Como avaliam a situação da mão de obra qualificada na área de comissionamento?

A demanda está muito aquecida. Nós fazemos treinamento de pessoal, qualificação, mas as vezes é muito difícil reter a mão de obra qualificada. Este ano fizemos entrevistas com alguns estrangeiros na OTC e ficamos impressionados com o grande interesse deles em vir trabalhar no Brasil. Em função disso os níveis de salário nessa área estão muito altos.

Em que faixa?

Depende, mas tem especialista ganhando R$ 40 mil por mês. São casos extremos, mas existem.