INB DESENVOLVE NOVA TECNOLOGIA PARA AMPLIAR PRODUÇÃO DE URÂNIO NO BRASIL
Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –
Ao passo que o governo estabelece metas para a ampliação do potencial nuclear brasileiro, é necessário que a produção de urânio seja expandida para que corresponda às exigências da produção energética no país. O investimento tecnológico e a abertura de novas minas para a extração do combustível, abundante em reservas nacionais, busca acompanhar as demandas das duas usinas operantes em Angra dos Reis e projeta expectativas acerca do abastecimento cada vez maior de um quadro produtivo que promete crescer. Nesse cenário, a previsão é de que até 2017 a produção de urânio no país será suficiente para atender ao mercado nacional, afirma o presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Aquilino Senra, que esteve na abertura do Seminário Internacional de Energia Nuclear para Fins Pacíficos. O foco na exploração estratégica e na obtenção de licenças para a abertura de novas minas deve resultar em um quadro dinâmico de abastecimento no setor. O maior foco da INB hoje, aponta Senra, é a produção em uma mina de fosfato, processo para o qual a companhia desenvolveu uma tecnologia inédita e 100% brasileira, em parceria com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
O que se espera para os próximos anos na exploração de urânio no Brasil?
O Brasil, como todo mundo sabe, tem uma grande reserva de urânio, considerada a sexta ou a sétima maior do mundo, variando de acordo com a avaliação. A questão é que não vale a pena ter o urânio no chão: você tem que tirá-lo, e, para abrir uma mina, desde a fase de licenciamento até a criação da infraestrutura, o prazo é de seis a oito anos. Hoje a situação é de baixa produção, mas temos uma previsão de crescimento. Nessa estimativa, a partir de 2017 já teremos regulado a produção para atendimento pleno ao mercado nacional, e com a abertura de novas anomalias a produção para as usinas Angra I e II vai gerar excedente.
Como tem sido a produção em reservas da Bahia?
No passado, a INB investiu fortemente na única mina que tinha sido aberta em Caetité, a anomalia 13. Essa mina a céu aberto foi explorada até a exaustão, que aconteceu em 2013. Não vou entrar em mérito do passado, mas poderiam ter aberto outras minas nessa área. Para se ter uma ideia, nós temos lá um total de 38 anomalias contendo veias de urânio. Então se estava sendo operada a mina, deveriam ter aberto uma outra e iniciado o processo de licenciamento, o que não foi feito. Estamos agora em processo de abertura das anomalias 9 e 35, o que deve levar a um excedente, permitindo suprir as duas usinas nucleares atualmente operantes e também Angra III, quando entrar em operação. Nossa tendência natural no momento é dar maior robustez ao projeto da mina subterrânea, que traz urânio associado ao gás radônio. Então é mais complexo, e exige um maior rigor nos projetos de eletricidade e ventilação.
Qual o principal projeto da INB hoje?
Hoje, o mais importante projeto da INB é uma mina em Santa Quitéria, no Ceará, com fosfato associado ao urânio. Nesse caso, o urânio é um subproduto, já que precisa ser retirado para a extração de fosfato. E atualmente o Brasil é um grande importador de fosfato, assim como de potássio, para uso em fertilizantes. Então a INB, em operação com institutos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), desenvolveu uma técnica única no mundo para separar o fosfato do urânio.
Com tecnologia nacional?
Inteiramente, inclusive registrada no INPI em maio de 2014. Esse projeto também teve um processo de licenciamento, e no final de novembro do ano passado foram realizadas as audiências públicas em Santa Quitéria. No total, foram três, todas homologadas pelo Ibama. Agora estamos aguardando a licença prévia para começar o procedimento de instalação dessa planta, que, se tudo correr como está programado, entra em operação no final de 2018.
A tecnologia utilizada neste caso tem custo maior do que outras?
Não, na verdade é a mais barata, porque nesse caso se trata de um subproduto, algo que você tem que retirar para poder ter o produto principal. Então você tem isso por um custo bem mais baixo do que se tem em uma mina de urânio.
Como o Brasil pode elevar a sua posição na produção mundial de urânio?
Nossas reservas estimadas nos dão essa posição alta na produção mundial, e podemos fazer mais avaliações para averiguar isso. Mas o que temos hoje dá para atender à vida útil das nossas três usinas e pelos menos mais quatro unidades, dando ainda um excedente de cerca de 80 mil toneladas para que futuramente possa ser feita uma reserva estratégica. E aí vamos fazendo prospecções de acordo com a demanda. Eu acho que hoje o papel mais importante da INB é tirar o urânio do solo, e não fazer a sua identificação, porque já temos reservas identificadas em grande escala. À medida que explorarmos essas, partiremos para novas avaliações.
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