INDÚSTRIA QUÍMICA BRASILEIRA COMEMORA DECISÃO DO GOVERNO DE AUMENTAR AS TARIFAS DE IMPORTAÇÃO DE 32 PRODUTOS
O setor químico, liderado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), enxergou com otimismo a decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) do governo federal, que adicionou 30 itens à lista de elevações transitórias da Tarifa Externa Comum (TEC). Outros 32 produtos importantes seguem em avaliação pelo órgão. Com a decisão, a maioria das alíquotas passará de 10,8% ou 12,6% para 20% e vão permanecer nesse patamar por 12 meses. A medida atende ao pleito feito pela indústria por maior competitividade. Segundo o presidente-executivo da Abiquim, André Passos Cordeiro, o mais importante não é a quantidade de produtos contemplados, mas o que isso representa em valores. “Esses 30 produtos que foram aprovados representam cerca de 65% do volume de importações desse conjunto de 62 NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul. É um sistema de classificação numérica que inclui os produtos químicos orgânicos e inorgânicos) que tínhamos proposto ao governo. Assim como representam 75% do valor desse mesmo conjunto de importações. A decisão é bem-vinda, está bem fundamentada tecnicamente, e traz um alívio para a indústria química”, afirmou o executivo.
Com a publicação da medida, Cordeiro acredita que o Brasil começa a equalizar o quadro conjuntural e a retomada do desenvolvimento econômico sustentável de toda a cadeia de produção. “Esse aumento temporário das tarifas é um remédio contra o surto de importações predatórias, preservando empregos e garantindo a autonomia e capacidade produtiva do setor, que repercute positivamente em toda a indústria. Estudos elaborados a pedido da Abiquim apontam, inclusive, que a defesa das nossas fronteiras comerciais não provocará impacto na inflação e nem comprometerá o plano de estabilidade fiscal do país.”
Importante mencionar que, entre 2000 e 2023, a participação dos importados no mercado brasileiro disparou, chegando a 47%. No primeiro semestre deste ano, o déficit comercial do setor químico ficou próximo dos 23 bilhões de dólares e o nível de ociosidade da indústria nacional atingiu o pior patamar da história. “Estávamos perdendo musculatura com o fechamento de fábricas e perda de postos de trabalho. Reitero que a decisão da Camex foi essencial para nós, como indústria e como brasileiros. Uma indústria forte pressupõe um país forte.” Responsável por 2 milhões de empregos diretos e indiretos e 11,2% do Produto Interno Bruto (PIB), a indústria química brasileira é a mais sustentável do mundo. Para cada tonelada de químicos produzida, ela emite de 5% a 51% menos CO2 em comparação a concorrentes internacionais, sobretudo por possuir uma matriz energética composta por 82,9% de fontes renováveis – no mundo, essa média é de 28,6%.
Adicionalmente, completa o presidente-executivo da Abiquim, a medida dá fôlego para a construção e implementação de medidas estruturantes como, por exemplo, as que podem levar a redução do custo de matérias primas (gás natural, etanol, nafta, renováveis) e energia no Brasil, bem como as que viabilizam a reestruturação competitiva do setor no novo cenário de economia de baixo carbono. “Investir em nossas capacidades produtivas é garantir a segurança econômica e o progresso sustentável. Temos um horizonte bastante próspero; essa conquista somada às medidas estruturantes futuras são o fio condutor para seguirmos firmes no propósito da defesa e fortalecimento da indústria química brasileira.”, finaliza Cordeiro.
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