INDÚSTRIA QUÍMICA BRASILEIRA SOFRE COM DESEQUILÍBRIO, MAS É OTIMISTA PARA 2022, APESAR DOS REFLEXOS DA ESCASSEZ DE FERTILIZANTES | Petronotícias




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INDÚSTRIA QUÍMICA BRASILEIRA SOFRE COM DESEQUILÍBRIO, MAS É OTIMISTA PARA 2022, APESAR DOS REFLEXOS DA ESCASSEZ DE FERTILIZANTES

CIRO-O Perspectivas 2022 abre espaço nesta quinta-feira (2) para o Presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), Ciro Marino, profissional reconhecido no mercado, que vem chamando a atenção do governo para o desequilíbrio de nossa balança comercial de produtos químicos, além de trazer e propor alternativas para o setor, sugerindo soluções de médio e longo prazos. Marino chama a atenção para três fatores que são a base do desequilíbrio do segmento: “Hoje, existem pelo menos três fatores que vem preocupando o setor químico. O primeiro deles é a elevação do valor das commodities – de forma geral o petróleo, óleo e gás – que impacta diretamente na estrutura de preços.”

conteineresA questão dos fertilizantes tem chamado a atenção de todos os segmentos envolvidos. Com uma das maiores agriculturas do mundo, o Brasil vem sofrendo com as paralisações e o fechamento para venda futura das unidades da Petrobrás que produziam fertilizantes. Segundo o ex-presidente da empresa Roberto Castelo Branco, elas não eram rentáveis. Agora, o Brasil não só não tem fertilizantes como está tendo dificuldades para  importação de seus principais fornecedores: Rússia e China. Vale lembrar que o Brasil tem uma das maiores, se não a maior mina de Potássio do mundo,  mas como fica em terras indígenas, não pode aproveita-la. Ciro Marino prevê consequências sérias para este problema. Mas vamos saber o que ele pensa e também um pouco das expectativas das empresas que a associação representa:

– Como foi o ano de 2021 para o setor químico?

remédiosEm 2021, a demanda do setor químico cresceu cerca de 9,3% em relação ao ano anterior, porém a participação de importados seguiu crescendo em relação ao aumento da produção local que, por sua vez, apresentou uma elevação em torno de 6%. O que sustentou a diferença entre esses dois percentuais – demanda total versus demanda local – foram as importações que, neste ano, cresceram 12,3%.

Como essas informações são referentes às vendas acumuladas de janeiro a setembro de 2021, pode ser que até o final do ano, o crescimento comparado com o ano passado seja de dois dígitos, mas ainda é cedo para nos manifestarmos. Seguramente essa proporção entre a produção local e as importações, vai seguir crescendo sempre a favor das importações em detrimento da produção local.

Hoje, existem pelo menos três fatores que vem preocupando o setor químico. O primeiro deles é a elevação do valor das commodities – de formaquimica geral o petróleo, óleo e gás – que impacta diretamente na estrutura de preços, nos custos de todo segmento químico e, por consequência, acaba transladando para os demais setores industriais. Ou seja, nós ainda não enxergamos uma estabilização.

O segundo é a instabilidade política, o cenário político do País de uma forma geral. Toda instabilidade gera incerteza. Incerteza gera desconfiança, questões de credibilidade e falta de previsibilidade. E os impactos práticos, podem ser, por exemplo, o câmbio, a inflação ou até mesmo o desemprego. Estes são os potenciais desdobramentos relativos a um cenário político instável, que é nossa terceira preocupação.

– Qual seria sua sugestão para o governo melhorar nossa economia e dar mais força ao setor químico?

produtos quimicos É muito difícil saber exatamente pois estamos nos aproximando de um ano de eleição. O ideal, do ponto de vista da indústria é que tivéssemos um melhor alinhamento entre os poderes legislativo, executivo e judiciário. Essas questões de desarmonia que são levantadas a todo momento na mídia e que criam um certo estresse, acabam refletindo no mercado como um todo.

 Do contrário, se todos tivessem um pouco mais de calma nas discussões e abordagens, evitando dessa forma essa tensão toda, seguramente teríamos reflexos positivos nos pontos que mencionei anteriormente. Poderíamos ter um câmbio, por exemplo, um pouco mais equilibrado e uma inflação mais controlada, além das questões relativas a emprego e taxa de juros.

– Quais são as suas perspectivas para a química em 2022?

ferltiliza maoLogicamente essas questões relativas ao cenário político podem impactar o ano de 2022. Poderemos ter de navegar num período de falta de previsibilidade, com uma certa instabilidade.  Para o setor químico, o importante é termos uma certa estabilização das commodities de forma geral, cenário político estável e, consequentemente temas relacionados à taxa de juros e inflação em equilíbrio.

 Porém, para 2022, enxergo uma certa imprevisibilidade. Não vejo uma grande tendência de queda da inflação nem da taxa de juros. A inflação ainda será pressionada por questões de desabastecimento, desestruturação das cadeias de suprimentos de forma geral, transportes internacionais e falta de contêineres. Tudo isso pode causar ainda problemas de instabilidade, inclusive na produção agrícola. Fertilizante, por exemplo, tem sido um problema e já deveremos ter reflexos aí, no próximo ano com um pouco de inflação vindo da área de alimentos.

ferlizantes caminhoaApesar desses meus comentários, a indústria ainda apresenta uma certa perspectiva otimista de algum crescimento em 2022. Logicamente essa não é uma perspectiva uniforme. Temos cerca de 18% dos nossos associados que acreditam que o setor químico deve seguir crescendo forte. Outros 29% acreditam que seguiremos crescendo no ritmo dos dois últimos anos. Mas, a grande maioria dos nossos associados, quase 40%, apostam numa certa estabilidade para 2022.  

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