INSTABILIDADE NO SUPRIMENTO DE ENERGIA DA USINA DE ZAPORIZHZHIA TRAZ PREOCUPAÇÃO PARA A AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA ATÔMICA
O Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, afirmou que continuam as preocupações sobre o impacto que uma possível interrupção no fornecimento de energia externa pode ter nas usinas nucleares da Ucrânia. Ele fez essa declaração após a usina nuclear de Zaporizhzhia (ZNPP), que está sob controle militar russo desde o início de março de 2022, ter precisado depender de sua última linha de energia externa de backup de 330 kV por mais de três horas na quinta-feira.
Segundo a AIEA, a desconexão da linha de 750 kV Dniprovska ocorreu às 13:31, hora local, cerca de seis quilômetros do pátio de manobras da usina, em território controlado pelos russos. A usina informou à AIEA que isso foi causado por um curto-circuito e que a linha foi reconectada às 16:49. Antes do conflito, a usina tinha quatro linhas de 750 kV e seis de 330 kV, comparadas com uma de cada no momento. Ela também conta com uma frota expandida de geradores a diesel de emergência para fornecer energia para funções essenciais de segurança em caso de perda total de energia externa.
“Para a maior usina nuclear da Europa depender de uma ou duas linhas de energia é uma fonte profunda de preocupação e claramente insustentável. Nossas preocupações também se estendem às usinas nucleares em operação em toda a Ucrânia, onde uma interrupção no fornecimento de energia externa pode ter implicações muito sérias para a segurança nuclear”, disse Grossi.
Ele relatou que a equipe da AIEA estacionada em Zaporizhzhia continuou a ouvir explosões a várias distâncias da usina. “Para o mundo exterior, a situação pode ter parecido relativamente calma nas últimas semanas, desde os ataques de drones ao local confirmados por nossos especialistas em meados de abril. Mas essa não é a forma como vemos a situação no terreno. A realidade nua e crua é de perigo constante. A situação de segurança e proteção nuclear no local permanece extremamente vulnerável”, contou,
A equipe da AIEA continuou a realizar observações na usina e, esta semana, visitou o principal armazém de peças de reposição fora do perímetro da usina, onde viram peças sobressalentes e “a equipe observou que grande parte do equipamento elétrico veio de fornecedores ocidentais e foi entregue antes do início do conflito armado“. A AIEA foi informada pela ZNPP que a transição para um novo sistema de aquisição estava quase completa para fornecedores potenciais da Federação Russa.
A AIEA tem pessoal estacionado na usina nuclear de Zaporizhzhia desde setembro de 2022 como parte dos esforços para reduzir os riscos de segurança em uma instalação que está na linha de frente das forças russas e ucranianas. Ela também tem especialistas presentes nas usinas nucleares de Khmelnitsky, Rivne e Sul da Ucrânia, bem como no local de Chernobyl – todos eles relatam que “a segurança e proteção nuclear estão sendo mantidas apesar dos efeitos do conflito em andamento, incluindo alarmes de ataques aéreos em vários dias na semana passada“.
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