INTELIE AMPLIA PARTICIPAÇÃO NO MERCADO DE ÓLEO E GÁS E PLANEJA ESCRITÓRIO EM HOUSTON AINDA ESTE ANO

Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) –

O ramo de petróleo e gás não era um dos focos principais da Intelie quando da sua fundação, no entanto, o setor vem ganhando destaque dentro da empresa, que se prepara para abrir seu primeiro escritório fora do país, em Houston. Para expandir sua atuação, a Intelie contou com a ajuda de luxo de alunos de pós-graduação do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), que vieram ao país para apoiar o projeto de internacionalização da empresa. Através de um programa da universidade, os alunos desenvolveram o plano de abertura de um escritório nos Estados Unidos, que agora será colocado em prática. O software de análise de dados desenvolvido pela empresa, que já vinha sendo usado por setores como de varejo e seguros, passou por uma adaptação para o mercado de óleo e gás e é a aposta do presidente da empresa, Ricardo Clemente, para o momento vivido pela indústria. A crise tem se colocado como uma oportunidade para a empresa, aos olhos do executivo. O produto criado pela empresa permite ganhos de eficiência, sem diminuir a segurança das operações, de acordo com Clemente. A empresa já conquistou alguns projetos com a Petrobrás nos últimos anos, todos envolvidos com a perfuração de poços, permitindo a diminuição de prazos e custos de processo.

Que serviços a Intelie presta para o setor de óleo e gás?

A empresa trabalha com desenvolvimento de softwares que combinam análise de dados com abordagem de aprendizado de máquina. Dependendo do ramo de atuação da empresa, nós fazemos até a modelagem física, com uma abordagem mais tradicional do fenômeno e resolução de equações diferenciadas. O maior diferencial do nosso serviço é que conseguimos lidar com problemas complicados, tanto da parte da computação como do mundo do petróleo e traduzimos em uma interface simples para o cliente. É quase uma obsessão dentro da Intelie, algo que tratamos com extrema preocupação, a interface simplificada, para que todos os que precisam lidar com a ferramenta possam manusear. Também começamos a trazer para o setor de óleo e gás um serviço que já é sucesso entre outras áreas, como empresas de mídia, varejistas e seguradoras, voltado para análise de dados em tempo real.

Que empresas do setor de óleo e gás são clientes da Intelie?

Atualmente nós estamos apenas com a Petrobrás, com alguns softwares exclusivamente desenvolvidos para a companhia. Dois deles são públicos, com abordagens e finalidades diferentes. Um deles já foi, inclusive, publicado na OTC, que trabalhava na previsão do peso de fluido a ser usado nas zonas do pré-sal. O software alinhava para o projetista todas as questões geológicas envolvidas e o software reduziu bastante erros. A questão da interface nesse projeto também foi muito importante, para deixar bastante claros os resultados e previsões, para que qualquer mudança geológica seja claramente vista por quem vai usar o equipamento, que já recalculou com os dados atualizados. Outro projeto é para a montagem de um cronograma completo, com sequência operacional para perfuração de um poço. Com base nisso, é permitido sugerir a forma mais segura de se conectar e desconectar. Esse software gera um cronograma de atividades, servindo de entrada para diversos outros softwares que não são públicos.

Quantos projetos a Intelie já desenvolveu para a Petrobrás?

Ao todo, são mais de dez projetos com a Petrobrás, em construção de poços, passando por todas as fases que esse processo demanda. Todos guiados pelo mesmo tripé, de focar na computação avançada, entendendo o projeto e suas nuances e integrando trabalhos, para tornar mais fácil a utilização pelo usuário.

Como foi a experiência de receber alunos do MIT na empresa?

Os estudantes vieram para o Brasil para passar três semanas entendendo nosso trabalho e montando um plano para a expansão da atuação na área de óleo e gás. Ao todo, eram quatro alunos de MBA do Global Entrepreneurship Lab (G-Lab), programa de empreendedorismo e inovação da unidade de Negócios do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), o MIT Sloan. O resultado dessa experiência foi muito positivo e nós estamos nos preparando para abrir uma unidade em Houston, ainda neste ano, visando exclusivamente o setor de óleo e gás, com foco na nossa plataforma de análise de dados.

Quais ganhos essa plataforma traz para as empresas do setor?

O software permite um ganho muito grande em eficiência, um conceito cada vez mais buscado dentro da indústria de óleo e gás, principalmente em meio à crise que o setor vive. Um exemplo prático é o custo com a perfuração de poços, que pode ser diminuído, sem abrir mão das questões relacionadas a segurança.

A empresa já conta com clientes fora do Brasil?

Sim, mas não do setor de óleo e gás. Já temos clientes na China, Malásia e no próprio Estados Unidos. Já começamos algumas conversas com empresas estrangeiras de petróleo, porque acreditamos muito no potencial da nossa ferramenta. A crise está se colocando como uma oportunidade para nós, já que estamos focados em aumentar a eficiência e reduzir custos dos nossos clientes.

Como surgiu a parceria com o MIT? Nessa nova fase nos EUA, o MIT terá alguma participação?

A Intelie participou de um programa aberto pela universidade e nosso projeto de internacionalização foi aceito. Quatro empresas no Brasil foram selecionadas para este processo. Nós temos interesse em continuar contando com a ajuda do MIT, mas para isso é preciso nos inscrever em outro programa. É algo que pretendemos participar, mas a parceria até agora já foi bastante efetiva.