CENÁRIO DE BAIXOS INVESTIMENTOS DIFICULTA ENTRADA DE NOVAS TECNOLOGIAS NO MERCADO BRASILEIRO
Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –
Em meio à crise e às dificuldades financeiras do setor de óleo e gás, os investimentos em tecnologia vêm sendo reduzidos ao longo dos últimos meses. O momento ruim atinge em cheio a indústria e as empresas vêm fazendo o que podem para superar as adversidades. É o caso da IEC Engenharia, que atua há mais de 40 anos no segmento e que vive hoje a dificuldade de atrair os olhares do mercado para inovações que podem trazer grandes benefícios operacionais às companhias. Embora o Brasil ainda seja foco de muitos investidores estrangeiros, a recessão tem reduzido atividades no país e dificultado avanços técnicos do setor, afirma o diretor da IEC, Eduardo Barreto. Especializada na área de proteção catódica e corrosão e responsável por representar 18 empresas no país, a empresa busca hoje expandir suas atividades para superar a crise, que já levou à demissão de 30% do corpo da companhia e resulta em constantes práticas de cortes de gastos. Apesar das adversidades, o investimento em novas tecnologias ainda é o foco principal da IEC. A empresa, que atua em contratos com a Petrobrás e a Transpetro, representa grupos inovadores como a Clampon, a DeepWater, a Omnisens e a Flexpipe, que trazem ao mercado novos sistemas para a otimização de atividades e redução de custos. Em meio ao cenário complexo, o momento é de reorganizar operações, economizar e buscar novos mercados para sobreviver às dificuldades que não aparentam fim próximo na indústria de óleo e gás.
Quais são os principais projetos na área de óleo e gás?
Hoje, o nosso principal projeto é nos manter vivos, porque realmente as coisas estão muito ruins. Más nós mantemos nossos contatos e estamos esperando novas oportunidades. Muitas companhias estão apostando no Brasil, então mantemos uma esperança de que as coisas vão melhorar. Nós temos uma linha de representações que equivale a 30% ou 40% da empresa, e agora é esperar para ver se a área de dutos apresenta uma melhora.
Como estão os projetos dessa área?
Nós temos um grande projeto com a Petrobrás e a Transpetro, no qual estamos fazendo toda a monitoração remota dos retificadores de proteção catódica para eles. Com esse contrato, nós vamos instalar a monitoração e fornecer os dados dos retificadores ao sistema Petrobrás, então eles vão ter a possibilidade de ler esses dados diretamente nos computadores de cada engenheiro, por meio de sinal de celular.
A empresa possui outros contratos com a Petrobrás?
Estamos na área de offshore também, fazendo o retrofit dos sistemas de proteção catódica que tiveram seu tempo de vida reduzido. Eles estão renovando esses sistemas, então fazemos isso também através da Deepwater, uma das empresas que representamos. Ela tem kits que você conecta às plataformas e assim consegue renovar o sistema com o menor uso possível de barcos e mergulhadores.
A IEC vem buscando crescer na área offshore?
O nosso principal mercado é onshore, mas já há um tempo estamos buscando diversificar e aumentar nossas atividades na área offshore.
Essa busca já existia antes de a crise estourar?
Já existia. Com a crise, só o que mudou foi a redução de oportunidades, mas isso também aumentou nosso empenho em procurar novas atividades.
Vocês estão atrás de novos parceiros?
Nós fazemos uma renovação, uma busca de novos parceiros constante, tanto no Brasil quanto no exterior. Buscamos trazer tecnologias que não existem aqui, para que nossos clientes possam ter acesso a elas. Normalmente são tecnologias voltadas para o monitoramento de corrosão.
A empresa tem encontrado espaço no mercado para novas tecnologias?
O que acontece é que tentamos vender novas tecnologias, mas as grandes empresas ainda estão avessas a isso. Elas não abrem muito espaço, então os processos levam um grande tempo para maturar. São tecnologias que não são absolutamente novas e já têm um mercado consolidado, mas são fundamentais para os clientes. O que encontramos de obstáculo no Brasil é que muitas vezes as empresas testam ainda mais uma tecnologia que já está aceita no mercado, e isso gasta um tempo que não precisaria ser gasto. Se outras companhias estão usando no mundo, já existe um histórico que justifica o uso. Então acaba que nós perdemos bastante tempo em qualificação.
Que projetos tecnológicos a IEC apresenta hoje?
Nós temos, por exemplo, a monitoração de corrosão interna não intrusiva, com a Clampon, que é muito presente na área offshore subsea. Trabalhamos também com a Omnisens, que atua com fibra óptica. A fibra permite que você monitore uma encosta, de forma que, se houver qualquer deslizamento que cause estresse na tubulação, isso é monitorado e a empresa recebe alertas. Então você ganha tempo para mandar uma equipe, aliviar o estresse na tubulação e evitar que aconteça um acidente maior. Isso também corta custos, além do risco ambiental e de vida para as pessoas. A fibra óptica pode também ser instalada próxima a dutos e permite detectar vazamentos, apontando exatamente onde ocorreu o problema. Na parte de tubulações temos a Flexpipe, uma empresa que traz um novo duto compósito, já homologado pela Petrobrás para tubulações de coleta de óleo. Ele é feito com polietileno reforçado para aguentar alta temperatura e alta pressão. É de fácil instalação, não tem solda, e com isso a empresa ganha tempo.
Alguma área tem apresentado maior crescimento?
É difícil avaliar crescimento neste momento. Acho que a área offshore estava indo em uma direção boa, mas houve um freio muito forte. Agora as coisas estão se organizando, mas de maneira geral há uma retração em todas as áreas no Brasil. Os investimentos pararam e agora é preciso trabalhar muito na base da manutenção, sem grandes obras para serem feitas.
Como a IEC tem buscado se manter viva?
Infelizmente nós tivemos que fazer um corte de 30% do nosso pessoal, o que equivale a cerca de 60 pessoas. A única área que procuramos não alterar foi a área de vendas, para tentar conseguir novos mercados e melhorar nosso cenário de alguma maneira. De modo geral, estamos fazendo nosso dever de casa e cortando custos. Uma empresa que esteja bem não costuma olhar para os gastos do dia a dia, mas se fizer uma análise profunda vai conseguir economizar. Então nós entregamos muitas salas, galpões e reduzimos pessoal para tentar conseguir passar por essa crise.
Houve alguma mudança em contratos com a Petrobrás?
Nosso contrato de monitoração é recente, mas nossas parceiras têm outros acordos com a Petrobrás que hoje correm um risco muito grande de serem cancelados.
Vocês têm dialogado com a Petrobrás a respeito disso?
Nós nos manifestamos quando somos chamados para conversar. Muitos contratos nossos estão sendo reduzidos; você tem uma determinada verba e ela cai pela metade, reduzindo as atividades. Então há sim um grande corte de operações que estão em andamento, fazendo com que tenhamos que reduzir equipes para caber naquele contrato.
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