INVESTIMENTOS EM RENOVÁVEIS CHEGARÃO A US$ 2 TRILHÕES ATÉ 2030, MAS AINDA NÃO SERÃO SUFICIENTES PARA METAS CLIMÁTICAS

fatih-birolA crise energética global, desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, está causando mudanças profundas e duradouras na indústria energética mundial. Esse cenário pode acelerar a transição para um sistema energético mais sustentável e seguro. A avaliação consta na nova edição do relatório World Energy Outlook, publicado nesta quinta-feira (27) pela Agência Internacional de Energia (AIE). A entidade chega a afirmar que a crise energética global pode ser “um ponto de virada histórico” em direção a um futuro mais limpo e seguro. De acordo com a entidade, os investimentos em energia limpa deverão ser impulsionados para mais US$ 2 trilhões até 2030. Ainda assim, as emissões de gases do efeito estufa provocarão um aumento de 2,5 °C nas temperaturas globais – longe da meta de 1,5 °C estabelecida no Acordo de Paris.

Os mercados e políticas de energia mudaram como resultado da invasão da Ucrânia pela Rússia, não apenas por enquanto, mas por décadas”, disse o diretor executivo da AIE, Fatih Birol. “Mesmo com as configurações de políticas atuais, o mundo da energia está mudando drasticamente diante de nossos olhos. As respostas governamentais em todo o mundo prometem tornar este um ponto de virada histórico e definitivo em direção a um sistema de energia mais limpo, mais acessível e mais seguro”, complementou.

No chamado “Cenário de Políticas Declaradas”, que se baseia nas configurações de políticas mais recentes em todo o mundo, novas medidas ajudarão a impulsionar o investimento global em energia limpa para mais de US$ 2 trilhões por ano até 2030, um aumento de mais de 50% em relação a hoje. À medida que os mercados se reequilibram nesse cenário, a atual vantagem competitiva do carvão será temporária, pois as energias renováveis, apoiadas pela energia nuclear, terão ganhos sustentados.

termicaComo resultado, um ponto alto para as emissões globais é alcançado em 2025. Ao mesmo tempo, os mercados internacionais de energia passam por uma profunda reorientação na década de 2020, à medida que os países se ajustam à ruptura dos fluxos Rússia-Europa”, projetou a AIE.

A agência disse ainda que a participação de combustíveis fósseis na matriz energética global, ainda dentro do Cenário de Políticas Declaradas, cairá de cerca de 80% para pouco mais de 60% até 2050. As emissões globais de CO2 caem lentamente de um ponto alto de 37 bilhões de toneladas por ano para 32 bilhões de toneladas até 2050. Esse resultado não será o bastante para evitar problemas para o planeta, como o aumento de catástrofes climáticas, secas e inundações, pois elevaria a temperatura global em cerca de 2,5 °C.

O cumprimento total de todas as promessas climáticas levaria o mundo a um terreno mais seguro, mas ainda há uma grande lacuna entre as promessas de hoje e a estabilização do aumento das temperaturas globais em torno de 1,5°C”, finalizou a AIE.

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