IPEN SUSPENDERÁ PRODUÇÃO DE RADIOFÁRMACOS PARA TRATAMENTO DE CÂNCER POR FALTA DE ORÇAMENTO PARA IMPORTAÇÃO DE MOLIBIDÊNIO99
A notícia de agora não é nada boa para o Brasil e para milhares de brasileiros que buscam a cura para o câncer. A partir da próxima segunda-feira (20), o Instituto de Pesquisa Energética e Nucleares (IPEN) vai suspender temporariamente a sua produção de radioisótopos que são usados para a fabricação de radiofármacos. A razão é séria: não há orçamento para a compra dos radioisótopos da Rússia, África do Sul e Holanda, países que exportam esses produtos para o Brasil. São destes países que chegam os geradores de 99Mo/99mTc. No início da pandemia, com a suspensão de voos desses países, o Brasil quase passou pelo mesmo problema, porque as importações foram suspensas por falta de voos de carga. Aviões da Força Aérea foram até a África do Sul para importar esses produtos. Agora, o IPEN, que é órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, suspenderá a importação porque não há dinheiro. Isso resultará em suspensão de exames e tratamentos. Os radiofármacos, como se sabe, são usados nos exames e no tratamento quimioterápico.
No Brasil, quase dois milhões de pessoas dependem desses medicamentos. Os remédios do Ipen representam cerca de 10% dos medicamentos usados para tratar a doença. Ele é quase um produtor exclusivo no país. Os isótopos radioativos são empregados no diagnóstico de pacientes com câncer e em muitas outras atividades médicas. O IPEN é responsável pela fabricação de 25 diferentes radiofármacos. Para manter a produção, o órgão aguarda a aprovação pelo Congresso Nacional de um Projeto de Lei que adicionaria R$ 34,6 milhões ao seu orçamento. Outros R$ 55,1 milhões estão sendo buscados pelo MCTIC para completar os R$ 89,7 milhões que o instituto precisa para produzir os radiofármacos até dezembro deste ano.
Celso Cunha, Presidente da ABDAN – Associação Brasileira para Desenvolvimento da Atividades Nucleares -, disse que a crise é grave e haverá consequências ruins para o tratamento do câncer e nos cuidados com as pessoas que precisam destes medicamentos para viver. Ele lembrou que sem orçamento, o IPEN não pode trazer o Molibidênio99 dos países que o Brasil importa. Sem o Molibidênio99, não se pode produzir os radifiofármacos.
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