IRÃ DIZ NA ONU QUE NÃO CONFIA NOS ESTADOS UNIDOS E QUE SÓ VOLTARÁ A NEGOCIAR SOBRE URÂNIO DENTRO DE MAIS ALGUNS MESES
Os países ocidentais pressionaram na ONU o novo presidente do Irã, Ebrahim Raissi, para retomar o quanto antes as negociações sobre a questão nuclear iraniana. A resposta foi um compromisso zero. Raissi gravou em vídeo o seu discurso e se posicionou a favor dessas negociações para salvar o acordo de Viena de 2015, firmado para impedir o Irã de adquirir armas nucleares. “Não confiamos nas promessas do governo americano”, disse Raissi. Os EUA se retirou do acordo sob a presidência de Donald Trump, mas na gestão de Joe Biden quer retomar as conversas. O porta-voz da diplomacia iraniana, Said Khatibzadeh, afirmou que as negociações, suspensas desde junho, retornarão “nas próximas semanas“, algo longe das expectativas dos Estados Unidos e dos europeus, que exigem um recomeço imediato. No início de setembro, o Teerã havia falado em “dois ou três meses”.
“Os Estados Unidos continuam determinados a impedir o Irã de obter uma arma nuclear”, disse o presidente americano, Joe Biden, na ONU. “Estamos trabalhando com os membros permanentes do Conselho de Segurança e com a Alemanha para trazer o Irã de volta ao acordo de maneira diplomática e segura.” Concluído em 2015, o Acordo de Viena sobre a energia nuclear iraniana oferecia a Teerã um alívio das sanções ocidentais e da ONU em troca de seu compromisso e nunca adquirir armas nucleares e de reduzir seu programa nuclear. Mas o Irã abandonou a maioria de seus compromissos após a retirada unilateral dos americanos do acordo de 2018 durante o governo de Donald Trump.
Seu sucessor, o democrata Joe Biden, prometeu voltar ao acordo se Teerã cumpria seus compromissos. Ele reiterou sua posição no fórum multilateral. O chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, disse que “o tempo está se esgotando.” França e Reino Unido também pensam assim. 00“Não vamos esperar duas ou três meses a que a delegação iraniana volte à mesa de negociações de Viena. Tem que ser mais rápido.” Na véspera, o ministro francês, Jean-Yves Le Drian, também tinha destacado que “o Irã deve aceitar a retomada das negociações o quanto antes”. As negociações buscam definir as sanções que Washington deve suspender e fazer com que o Irã interrompa seus avanços na questão nuclear. Porém, estão paradas desde a eleição do novo presidente ultraconservador iraniano, cujas intenções estão sob escrutínio.
Os americanos alertaram que em breve será tarde demais para salvar o acordo de 2015. O novo ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, se reuniu com seu homólogo alemão e deve se encontrar com a ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, na quarta-feira. Também poderá ser realizada uma reunião com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell. Além do retorno à mesa de negociações, o controle do programa nuclear iraniano é objeto de intensa tensão com Teerã.
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