IRÃ TENTA GANHAR TEMPO NAS REUNIÕES REALIZADAS COM AGÊNCIA ATÔMICA SOBRE ENRIQUECIMENTO DE URÂNIO
O Diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi chegou nesta terça-feira (23) a Teerã para encontrar-se com representantes do Organismo Iraniano de Energia Atômica para conversações na capital iraniana, enquanto os inspetores oficiais continuam a enfrentar dificuldades na monitorização do processo desenvolvimento de urânio no país. As autoridades iranianas mantêm que o programa nuclear “tem fins pacíficos”, mas Israel e os países que fazem parte do acordo nuclear com o Irã, reiteram suas preocupações sobre a construção de armamento nuclear pelo Irã. Na sequência da saída unilateral dos Estados Unidos do acordo internacional, em 2018, e devido à imposição de novas sanções durante a Administração Donald Trump, a República Islâmica passou a enriquecer pequenas quantidades de urânio (com 60% de pureza).
O Presidente norte-americano, Joe Biden, já admitiu regressar ao acordo internacional firmado em 2015, mas avisou que o tempo está se esgotando. Entretanto, o Irã está adotando uma postura mais dura, sobretudo depois da nomeação do novo Presidente, Ebrahim Raisi, protegido do líder supremo, Ali Khamenei. Grossi vai encontrar-se com representantes do Organismo Iraniano de Energia Atômica, a agência civil de energia nuclear do Irã, pela terceira vez desde o passado mês de fevereiro: “Espero estabelecer um canal de cooperação direto no sentido do diálogo para que a AIEA possa retomar as verificações sobre as atividades do país.”
Sob o acordo denominado “Protocolo Adicional” entre o Irã e a AIEA, cujos contornos são confidenciais, os inspetores devem analisar as imagens captadas pelas câmaras instaladas nos centros de produção nuclear. A AIEA também pretende monitorizar as atividades na base de centrifugação de Karaj, no norte do país, mas o acesso às imagens tem sido negado desde o passado mês de junho, altura em que Teerã diz ter sido alvo de ações de sabotagem por parte de Israel. As reuniões antecedem um encontro mais amplo dos Estados membros da AIEA sendo que o Irã tenta evitar com a visita de Grossi um voto de censura no quadro do conselho do organismo das Nações Unidas, tal como aconteceu no passado mês de setembro.
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