JUIZA DETERMINA QUE SERÁ A JUSTIÇA FEDERAL AMERICANA A DECIDIR SOBRE A OLEODUTO QUE CRUZA OS LAGOS ENTRE O CANADÁ E ESTADOS UNIDOS
A canadense Enbridge, sediada em Calgary, obteve uma vitória importante na disputa da Linha 5, quando uma juíza em Michigan rejeitou a proposição do procurador-geral do estado para que a disputa sobre o oleoduto, que ainda cruza o fundo do Lago de Michigan, fosse transferido para um tribunal estadual. A juíza do Tribunal dos Estados Unidos, Janet Neff, emitiu a tão esperada decisão por escrito concordando com Enbridge que a sua disputa com a administração da governadora Gretchen Whitmer, de Michigan, envolve “questões federais substanciais”. A decisão resolve uma das questões centrais do caso. Se um tribunal federal é o fórum adequado para resolver o problema, ele dá peso adicional ao argumento de Enbridge de que o impasse é uma questão bilateral importante com consequências para ambos os países, e é para o Canadá e o EUA para resolver.
Em sua decisão, Neff disse estar satisfeita de que o caso da Linha 5 compreende uma questão federal e que ouvi-la não prejudicará o direito de Michigan de resolver questões estaduais: “O tribunal considera que as partes da Enbridge suportaram o ônus de demonstrar que esta ação foi devidamente removida da corte estadual. O escopo dos direitos de propriedade que as partes estaduais afirmam necessariamente depende da interpretação da lei federal que onera esses direitos, e este tribunal é um fórum apropriado para decidir essas questões federais substanciais e disputadas.”
A decisão marca uma vitória significativa para a Enbridge, que buscou a transferência de um tribunal estadual para o federal em primeiro lugar, uma decisão que o estado de Michigan tem contestado nos últimos 12 meses. Em um comunicado, a empresa diz que “A Enbridge está satisfeita com a decisão e concorda que este caso pertence ao tribunal federal, como afirmamos o tempo todo. Esta é uma questão de lei federal e internacional e o tribunal federal agora cuidará do caso.”
Neff também concordou em aceitar dois relatórios suplementares recentes apresentados pelo governo federal em Ottawa, detalhando a decisão do Canadá de invocar um tratado de 1977 destinado a garantir o fluxo ininterrupto de energia transfronteiriça entre os dois países. A decisão chega em um momento oportuno para o primeiro-ministro Justin Trudeau, que terá a Linha 5 em sua agenda quando se reunir na quinta-feira (25) com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente mexicano Andres Manuel Lopez Obrador, na Casa Branca. O Canadá optou por invocar formalmente o tratado de 44 anos no mês passado, depois que as negociações envolvendo um mediador nomeado pelo tribunal terminaram no que Neff descreveu como uma paralisação.
Para lembrar, a governadora Whitmer revogou uma servidão de 1953 que permitia a operação da Linha 5 e ordenou seu fechamento por medo de um desastre ambiental no estreito ecologicamente sensível de Mackinac, a hidrovia onde o oleoduto atravessa os Grandes Lagos. A Casa Branca reconheceu que o Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos está conduzindo uma avaliação ambiental sobre os planos da Enbridge de encerrar a parte subaquática do gasoduto duplo em um túnel subterrâneo profundo e fortificado, em que está previsto o uso da tecnologia brasileira desenvolvida pela Liderroll, para lançamento de dutos em ambientes confirmados, como os túneis.
A linha 5 transporta mais de 540.000 barris por dia de petróleo bruto e gás natural líquido através da fronteira Canadá-EUA e os Grandes Lagos por meio de uma linha gêmea que corre ao longo do leito do lago sob o estreito que liga o Lago Michigan ao Lago Huron. Os críticos querem que a linha seja fechada, argumentando que é apenas uma questão de tempo antes que um ataque de âncora ou falha técnica desencadeie um desastre ambiental catastrófico em uma das bacias hidrográficas mais importantes da área.
Deixe seu comentário