JULIO LOPES DIZ QUE CONTINUAR ANGRA 3 É UMA QUESTÃO DE BOM SENSO E CRITICA CORTES DE CUSTOS NA ELETRONUCLEAR
O presidente da Frente Parlamentar Nuclear (FPN), o deputado federal Julio Lopes, afirma que o governo precisa ter “bom senso” na próxima terça-feira (18), quando uma reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) deve decidir pela continuidade das obras da usina nuclear de Angra 3. Para o parlamentar, retomar a construção do projeto é uma “decisão inequívoca”. Ainda segundo Lopes, desistir agora do empreendimento seria “um absurdo econômico, político e tecnológico”. O presidente da FPN relembra ainda a importância estratégica de Angra 3 para a segurança energética nacional: “A energia nuclear é uma fonte de resposta imediata e contínua. Por isso, o mundo inteiro está triplicando seus investimentos nessa tecnologia, reconhecendo seu papel essencial na garantia da segurança energética”. Lopes também comentou sobre a polêmica que sacudiu o setor nuclear nos últimos dias – os programas para cortes de custos e demissões na Eletronuclear. O parlamentar disse que as medidas de austeridade anunciadas pela atual direção da companhia são “precipitadas” e “atabalhoadas”. Apesar de reconhecer que possam existir pontos em que seja possível reduzir despesas, o deputado pediu mais cuidado com os trabalhadores da empresa. “A Eletronuclear, assim como qualquer empresa, depende de seus colaboradores. Seus funcionários são altamente competentes e têm reconhecimento internacional. A forma como estão sendo tratados atualmente não me parece adequada”, avaliou.
Como o Congresso e a Frente Parlamentar Nuclear estão em relação à expectativa da reunião do CNPE, que vai, enfim, decidir o destino de Angra 3?
Nós estamos apreensivos, mas acreditamos que a decisão pela continuidade da obra de Angra 3 é inequívoca. Essa decisão deve ser favorável à continuação da obra, pois seria um absurdo econômico, político e tecnológico interrompê-la. Acreditamos que o governo tem bom senso e que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidirá pela continuidade do projeto.
No entanto, temos informações sobre questões complicadas, como a ação do Supremo Tribunal Federal relacionada ao descasamento entre o Conselho da Eletrobras e o governo. Além disso, há pendências envolvendo a Eletrobras, que é fiadora dos empréstimos da Caixa e do BNDES para a Eletronuclear, no valor de R$ 5 bilhões. Essa situação, de fato, foi mal equacionada no processo de privatização e precisa ser resolvida. Como o Supremo ainda não decidiu sobre isso, o processo pode se alongar. No entanto, precisamos que prevaleça o bom senso e que a obra continue.
O senhor mencionou a questão do acordo entre o governo e a Eletrobras. Como a Frente Parlamentar tem acompanhado essa discussão? Isso pode impactar o futuro da Eletronuclear e os investimentos em Angra 3 e Angra 1?
O ministro Silveira tem razão ao dizer que a pior sociedade é aquela em que um dos sócios não quer permanecer. A Eletrobras claramente não quer continuar no setor nuclear, possivelmente devido à dependência das políticas estatais e às rígidas regulamentações da área. Isso é compreensível, mas, caso decida sair, a empresa deverá indenizar a União. Essa indenização precisa ser, no mínimo, igual ou superior às dívidas das quais ela é garantidora junto ao BNDES e à Caixa, que giram em torno de R$ 5 bilhões.
Enquanto isso há expectativa pela retomada de Angra 3, a Eletronuclear está executando um programa de corte de custos que tem gerado insatisfação entre os funcionários. Qual é sua visão sobre essa questão?
Eu fiz um discurso sobre isso na Câmara. Acho absurda a forma precipitada e atabalhoada como a Eletronuclear tem conduzido esse processo. O momento é inoportuno para essa pressão. Isso não significa que não existam ajustes a serem feitos ou questões pontuais a serem corrigidas, como eventuais problemas com moradias funcionais. No entanto, essas questões devem ser tratadas pontualmente, com a devida apuração e responsabilização. De maneira geral, a pressão excessiva sobre os funcionários é desnecessária.
A Eletronuclear, assim como qualquer empresa, depende de seus colaboradores. Seus funcionários são altamente competentes e têm reconhecimento internacional. A forma como estão sendo tratados atualmente não me parece adequada.
Isso pode afetar a segurança da operação nuclear, considerando que esses funcionários precisam estar concentrados no trabalho, certo?
Exatamente. A forma como a situação está sendo conduzida pode gerar prejuízos à Eletronuclear, em vez de protegê-la. Ontem mesmo falei sobre isso na Câmara e estou me solidarizando com os colaboradores da Central Nuclear de Angra nessa direção.
Para encerrar, quais são as próximas ações da Frente Parlamentar Nuclear? Imagino que a expectativa esteja voltada para a reunião do CNPE. Quais são as movimentações previstas para fortalecer a indústria nuclear?
O que esperamos é bom senso e razoabilidade na análise do tema. O Nelson Barbosa, diretor do BNDES, parece entusiasmado com o projeto. O BNDES é o grande financiador da obra, e o governo precisa compreender que se trata de um project finance – ou seja, a própria geração futura de energia pagará pela obra.
Aproveito para destacar a necessidade de corrigir a abordagem inadequada e inverídica feita pelo programa “Fantástico” sobre o tema. Não é correto comparar a fonte nuclear com eólica e solar. São coisas completamente distintas. A energia nuclear tem uma vida útil de 80 a 100 anos, enquanto a solar e a eólica duram, em média, dez anos.
Além disso, a nuclear oferece estabilidade ao sistema elétrico, o que não ocorre com fontes intermitentes como o vento e o sol. Obviamente, não estou me colocando contra as fontes eólicas e solar, que possuem um papel importante no segmento.
No entanto, a energia nuclear é uma fonte de resposta imediata e contínua. Por isso, o mundo inteiro está triplicando seus investimentos nessa tecnologia, reconhecendo seu papel essencial na garantia da segurança energética.
O sistema elétrico do Brasil também precisa de fontes seguras, que são as usinas térmicas. Uma planta térmica movida a fonte nuclear é mais barata do que as térmicas a diesel e a gás, por exemplo. Então, é isso que precisa ser informado à população.
Nosso atual sistema elétrico seria razoável se o Brasil tivesse 60 milhões de habitantes. Como temos 200+ milhões, não temos energia elétrica suficiente para sermos produtivos o suficiente e elevarmos nosso PIB per capita de ridículos 10 mil dólares por ano. Precisamos de um mínimo de 30 mil dólares de PIB per capita. Nada favorece mais a produtividade do que a eletricidade e motores elétricos. Metade da eletricidade do mundo é usada em motores elétricos. Discutir sobre uma usina nuclear com o nosso tamanho é ridículo, ainda mais uma usina meio século defasada. Por que não trocamos o disco e… Read more »
Grande Drausio, continue assim !
William Maluf
fala muita novela, chama usina de “dama”, já sabemos que não entende nada sobre o assunto. Enfim, noutro post chamou usina nuclear de “roleta russa”! Sendo que existem tipos de reatores extremamente seguros, o cara ainda se apoia em PWR (angra 1 e PASMEM, a dama complexa tbm angra 2 são PWR).
A velha mania de estudar uma coisa e achar que entende de todas. Ainda bem que é apenas uma seção de comentários, e nem sua ~opinião~ nem a minha fazem diferença no cenário brasileiro.