KAROON MOSTRA INTERESSE EM EXPANDIR PORTFÓLIO NO BRASIL E PROJETA AVANÇAR COM DECISÃO SOBRE NEON EM 2025 | Petronotícias




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KAROON MOSTRA INTERESSE EM EXPANDIR PORTFÓLIO NO BRASIL E PROJETA AVANÇAR COM DECISÃO SOBRE NEON EM 2025

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Julian Fowles e Marco Brummelhuis

A petroleira Karoon tem suas origens na Austrália, mas já carrega fortes traços do Brasil em seu DNA. A companhia tem feito do país o principal destino de seus novos investimentos nos últimos 16 anos — uma tendência que deve continuar por um longo período. O Petronotícias inicia o noticiário desta segunda-feira (30) com uma entrevista com o CEO global da companhia, Julian Fowles, que compartilhou os planos e próximos passos da petroleira. Operadora do bloco BM-S-40, na Bacia de Santos, onde estão os campos de Baúna, Piracicaba e Patola, a Karoon já olha para a possibilidade de novos desenvolvimentos. “Temos alguns projetos que estamos tentando desenvolver, a saber Neon e Goiá, mais ao norte de Baúna. Esses projetos estão passando por um processo de etapas, por assim dizer, para levá-los a uma decisão final de investimento”, afirmou Fowles. O executivo ainda projetou que o próximo ponto de decisão sobre Neon deverá ocorrer em 2025. Além disso, a companhia não descarta a possibilidade de adquirir blocos exploratórios ou atuar em parceria com outras petroleiras. “No passado, muitas dessas oportunidades vinham da Petrobras, mas hoje buscamos outras empresas que possam trazer seus portfólios ao mercado”, explicou. Também entrevistamos o presidente da Karoon no Brasil, Marco Brummelhuis, que destacou a previsibilidade e a estabilidade do país, além dos benefícios gerados por empresas do porte da Karoon. “Se olharmos para os últimos anos, investimos cerca de R$ 40 milhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Isso é uma exigência, claro, mas realmente faz muita diferença. Esse tipo de investimento nos obriga a pensar em novas maneiras de fazer as coisas, não só para a empresa, mas para toda a indústria”, declarou.

Para começar nossa entrevista, poderiam atualizar nossos leitores sobre os planos para os principais ativos da companhia no Brasil?

Karoon-quer-comprar-campo-da-Petrobras-1200x720-1-420x225Julian – O Brasil tem sido, por mais de 16 anos, o principal mercado onde investimos. Compramos a concessão do BM-S-40, na Bacia de Santos, da Petrobras há quase quatro anos. O bloco compreende três campos: Baúna, Piracicaba e Patola. A companhia investiu mais de US$ 300 milhões em uma campanha de intervenção em Baúna, elevando a produção de aproximadamente 12 mil barris por dia para um pico de 40.000 barris por dia. Este foi um grande projeto e um ótimo investimento. Atualmente, o campo produz cerca de 25 mil barris por dia. Temos um único poço que está fora de operação, mas vamos reativá-lo no próximo ano. 

Além disso, temos alguns projetos que estamos tentando desenvolver, a saber Neon e Goiá, mais ao norte de Baúna. Esses projetos estão passando por um processo de etapas, por assim dizer, para levá-los a uma decisão final de investimento. São projetos que podem não ser atrativos para grandes empresas, mas são interessantes para uma empresa como a Karoon. No momento atual, vemos um CAPEX relativamente alto para esses tipos de campos. Mas temos uma ótima equipe aqui no Brasil que está trabalhando nisso. Estou confiante de que conseguiremos avançar. Nosso próximo ponto de decisão será em 2025.

Por fim, eu afirmo que o Brasil é fundamental para nós, é realmente a chave para o futuro da Karoon.

Quais são as possíveis oportunidades de investimentos e expansão de portfólio mapeadas pela companhia no Brasil?

FPSO Cidade de Itajaí, no campo de Baúna

FPSO Cidade de Itajaí, no campo de Baúna

Julian – Atualmente, temos 100% de participação em Neon e Goiá. É provável que, à medida que tomarmos mais decisões sobre esses ativos, busquemos também parcerias. Esse é o caminho natural para uma empresa de petróleo e gás quando avança para a fase de desenvolvimento. Portanto, formar parcerias faz parte do futuro da Karoon.

Também temos um pequeno interesse em áreas de exploração e, em algum momento no futuro, pretendemos seguir adiante com essa possibilidade. Novamente, provavelmente faremos isso em parceria com outras empresas.

Além disso, continuamos a buscar oportunidades de aquisição, em que podemos nos juntar a outras companhias em seus projetos. No passado, muitas dessas oportunidades vinham da Petrobras, mas hoje buscamos outras empresas que possam trazer seus portfólios ao mercado. Estamos abertos a qualquer oportunidade que surja, especialmente em nossas áreas de foco: as Bacias de Santos e Campos.

Marco, em sua participação na ROG.e, o senhor foi um dos palestrantes em um painel sobre revitalização de campos maduros. Poderia compartilhar conosco um pouco sobre essa tema conosco? Qual o impacto da revitalização desses campos?

Bauina_V_out2023Marco – Durante o painel, diversas empresas compartilharam suas experiências, e os aprendizados foram muito semelhantes. Todos enfrentam a mesma realidade: nesses campos, você não tem o luxo de começar do zero, então precisa trabalhar com o que já existe. É necessário ser inventivo e ágil, e isso foi algo que vi em todos os casos.

O Brasil, de forma geral, tem um regime muito estável e previsível, o que facilita investimentos e atrai empresas para o país. Além disso, o atual regime de incentivos fiscais para campos mais antigos é extremamente positivo. Quando você reduz um pouco a carga tributária, isso permite produzir por mais tempo, pois os custos operacionais diminuem. E ao prolongar a produção, você extrai mais barris, que geram mais impostos. Assim, apesar de pagar menos imposto no início, acaba gerando muito mais arrecadação ao longo do tempo. Esse modelo, que também foi abordado no painel, é uma excelente estratégia.

Qual o papel de empresas de pequeno e médio porte na revitalização de campos maduros?

Goia-picJulian – Empresas de menor porte têm uma estrutura de custos muito enxuta, o que nos permite agir com rapidez. Somos mais ágeis nesse aspecto. E acho que foi isso que observamos nos últimos quatro ou cinco anos com os campos maduros vendidos pela Petrobras. Esses campos foram desenvolvidos em uma velocidade e de uma maneira que as grandes empresas não conseguem acompanhar. Como resultado desse sucesso, estamos pagando mais impostos. Isso foi crucial para o Brasil, pois trouxe não apenas investimentos e empregos, mas também benefícios sociais, já que as operadoras independentes também investem em projetos sociais. 

Durante o painel do Marco, ouvimos que há 36 campos no Brasil atualmente classificados como maduros, e no futuro haverá muitos mais. Não vai demorar até começarmos a ver campos do pré-sal sendo considerados maduros. Acredito que há inúmeras oportunidades que podem ser bem aproveitadas.

Marco – Se olharmos para os últimos anos, investimos cerca de R$ 40 milhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Isso é uma exigência, claro, mas realmente faz muita diferença. Esse tipo de investimento nos obriga a pensar em novas maneiras de fazer as coisas, não só para a empresa, mas para toda a indústria. Os benefícios são claros em termos de segurança operacional, tanto no nível pessoal quanto nos processos. Isso também se reflete no tempo de operação e em outros aspectos. Atualmente, vemos um movimento cada vez maior em direção a projetos de inteligência artificial, buscando descobrir se podemos fazer ainda mais, já que, em certos casos, as máquinas superam os humanos.

Por fim, quais são as projeções da Karoon para o mercado brasileiro?

FPSO Cidade de ItajaiJulian – O mercado global de petróleo e gás, especificamente o petróleo, está volátil no momento. E a volatilidade pode ser difícil para os investidores. A volatilidade no preço global do petróleo tende a afastar os investidores do mercado de petróleo, da mesma forma que a volatilidade nos termos fiscais afastaria os investidores de um mercado nacional. Portanto, a estabilidade é realmente importante para nós. A previsibilidade do regime fiscal é muito importante para nós.

A Karoon opera em dois mercados-chave: no Brasil e no Golfo do México, e ambos têm sido historicamente regimes fiscais razoavelmente estáveis para investimentos. Eles tiveram alguns altos e baixos nos últimos anos, mas mais ou menos estáveis. E é disso que gostamos. Gostamos de investir em mercados que são assim. O mercado global de petróleo, acredito, continuará sendo desafiado. Não podemos influenciar os mercados globais de petróleo, mas acho que temos uma voz quando se trata de estabilidade fiscal nos mercados em que operamos, tanto no Golfo do México quanto aqui no Brasil.

É ótimo ver o Brasil, de certa forma, liderando o caminho com a continuação das rodadas de licitação, com os ciclos de Oferta Permanente, acho que isso é muito eficaz. E se isso fosse interrompido, acredito que você veria muitos investidores começando a procurar em outros lugares. Portanto, ter essa estabilidade para nós é a prioridade número um.

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