LAVA-JATO FAZ NOVAS DENÚNCIAS CONTRA MARCELO ODEBRECHT, JOÃO SANTANA E OUTROS 16 INVESTIGADOS
Diante da chegada de um novo governo em Brasília e o risco à continuidade das investigações, a Operação Lava-Jato emite um sinal de vida. O Ministério Público Federal (MPF) fez duas novas denúncias contra 18 investigados por crimes de corrupção na Petrobrás, entre os quais estão o empreiteiro Marcelo Odebrecht (foto) e o marqueteiro João Santana. As acusações, apresentadas por procuradores nesta quinta-feira (28), em Curitiba, são relativas a contratos fraudulentos firmados pela estatal com o estaleiro Keppel Fels e às evidências de que a Odebrecht contava com um departamento próprio para o pagamento de propinas.
As denúncias surgem como desdobramento das 23ª e 26ª fases da operação, que investigaram um sistema de propinas firmado junto à empreiteira para abastecer campanhas políticas. A primeira acusação criminal anunciada hoje, referente a desvios em acordos da Petrobrás, envolve os nomes de Zwi Snornicki, Pedro Barusco, Renato Duque, João Santana, Mônica Moura, João Vaccari, João Carlos de Medeiros Ferraz e Eduardo Costa Vaz Musa.
Palco para inúmeros escândalos, a Sete Brasil também esteve no foco das investigações por esquemas ilegais em contratos de sondas com a Petrobrás. Denunciado por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, o ex-presidente da empresa, João Carlos Ferraz, teria sido mantido em seu cargo com o propósito de assegurar a continuidade do sistema de propinas, segundo a força-tarefa da Lava-Jato. A MPF aponta pagamento de subornos nos acordos relativos às plataformas P-51, P-52, P-56 e P-58.
O esquema estruturado de propinas da Odebrecht, por sua vez, foi alvo da segunda denúncia do MPF. Envolvidos na operação de repasses milionários, foram denunciados o ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, João Santana, Monica Moura, Hilberto Mascarenhas, Luiz Eduardo da Rocha Soares, Fernando Migliaccio da Silva, Maria Lucia Guimarães Tavares, Angela Palmeira Ferreira, Isaias Ubiraci Chaves Santos, João Vaccari, Olívio Rodrigues Junior e Marcelo Rodrigues.
De acordo com as informações apresentadas pela Polícia Federal (PF), o marqueteiro João Santana teria recebido US$ 3 milhões de empresas offshore ligadas à Odebrecht, entre 2012 e 2013, além de outros US$ 4,5 milhões repassados pelo engenheiro Zwi Skornicki entre 2013 e 2014. Apontado como um dos operadores de propina da estatal, Skornicki teria fraudado contratos da petroleira com o estaleiro Keppel Fels.
As novas denúncias atingem em cheio a Odebrecht e dissipam ainda mais a possibilidade de um acordo de delação premiada com o ex-presidente da empresa. De acordo com o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da operação, não há negociações sendo feitas com a empreiteira quanto a colaborações de seus executivos. A participação da construtora em delações começou a ser cogitada após a companhia emitir uma nota afirmando que iria colaborar com as investigações.
Os personagens já são conhecidos, mas as denúncias apresentadas hoje poderão resultar em novas condenações ao longo das próximas semanas. Até hoje, a Lava-Jato já resultou no julgamento definitivo de 368 casos investigados e em um ressarcimento total de R$ 3 bilhões, de acordo com Dallagnol. Até a realização da operação, o maior valor já obtido pela Justiça em casos semelhantes chegou apenas a R$ 100 milhões.
Em meio ao temor de uma supressão das investigações no eventual governo de Michel Temer, citado em delações junto a diversos de seus aliados, o procurador defendeu a continuidade e a liberdade da operação. “Na nossa perspectiva, mudança de governo não é caminho nenhum contra a gente”, declarou Dallagnol.
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