LEILÃO DA CESSÃO ONEROSA SERÁ REALIZADO HOJE E KPMG PREVÊ PETROLEIRAS BEM ATIVAS NA DISPUTA
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
O Brasil realizará na manhã de hoje (6) o maior leilão de áreas de petróleo e gás da história mundial. A licitação dos excedentes da Cessão Onerosa tem previsão de arrecadar até R$ 106,5 bilhões. É um valor bem superior frente aos bônus de assinatura já recolhidos em todos os leilões de óleo e gás no país (R$ 60,4 bilhões). Tendo em vista a qualidade dos ativos que serão ofertados (Búzios, Itapu, Sépia e Atapu), a expectativa do mercado é ver as petroleiras se posicionando fortemente. Essa é a opinião do sócio da KPMG, Anderson Dutra. “É possível que ocorra um grande destaque da Petrobrás, em função do interesse que a empresa já demonstrou pelo campo de Búzios, que é a menina dos olhos da Cessão Onerosa”, afirmou. “Mas acho que as outras empresas vão se estruturar e tendem, inclusive, a pegar um pedaço dos outros dois campos onde a Petrobrás não manifestou seu direito de preferência (Atapu e Sépia)”, acrescentou. Dutra acredita, no entanto, que nem todas as companhias devem apresentar lances hoje e podem guardar suas fichas para a 6ª Rodada de Partilha, que acontecerá amanhã (7). “Isso quer dizer que quem não tiver protagonismo hoje deve ter um grande destaque na quinta-feira”, concluiu.
Como a KPMG prevê o comportamento das petroleiras no leilão de hoje?
Eu acredito que as grandes petroleiras vão se posicionar fortemente. Me surpreendeu o fato da BP e da Total terem saído da disputa. Acho que existe uma questão estratégica por trás, muito relacionada a quem se posicionou e se estruturou para participar desses dois leilões. Mas, de modo geral, acredito que as petroleiras vão se posicionar bem.
É difícil prever qual será o consórcio vencedor e sua composição. À medida que você tem mais empresas com interesse, fica mais difícil prever esse jogo de xadrez. Mas tenho certeza que as petroleiras vão se posicionar. Pode ser que não aconteça uma competição acirrada – ou seja, vários consórcios participando. Até porque, o valor é muito alto. Vale lembrar que amanhã acontecerá outro leilão extremamente interessante.
Qual será o grande destaque desse leilão, ao seu ver?
É possível que ocorra um grande destaque da Petrobrás, em função do interesse que a empresa já demonstrou pelo campo de Búzios, que é a menina dos olhos da Cessão Onerosa. Mas acho que as outras empresas vão se estruturar e tendem, inclusive, a pegar um pedaço dos outros dois campos onde a Petrobrás não manifestou seu direito de preferência (Atapu e Sépia).
As empresas estão trabalhando em parceria há algum tempo para estruturar a participação nesse leilão. Pode ser que em função de acordos já em discussão há algum tempo, algumas petroleiras não se posicionem hoje, mas sim na quinta-feira, na 6ª Rodada de Partilha. Isso quer dizer que quem não tiver protagonismo hoje deve ter um grande destaque na quinta-feira.
E como as empresas devem se posicionar no leilão de amanhã, somente um dia depois de terem desembolsado altos valores na licitação da Cessão Onerosa?
Não acho que todas as empresas vão conseguir se posicionar na Cessão Onerosa. Devemos ver um protagonismo da Petrobrás, com a formação de um consórcio bem bacana. Mas não acho que será um consórcio extenso, como o de Libra. O consórcio de Libra é uma exceção, com cinco empresas participando.
Então, quem não tiver o protagonismo hoje, tem uma carta na manga de participar fortemente na 6ª Rodada de Partilha. Continuo achando que o leilão do pré-sal tende a ser um sucesso. Os dois leilões acumulados tendem a fazer com que o governo consolide o grande sucesso das licitações deste ano. Essa é nossa expectativa.
Que fatores o levam a crer no sucesso dos leilões?
O dólar está barato para quem quer investir no Brasil. Além disso, temos uma agenda reformista caminhando de forma positiva, favorecendo o agente econômico.
Existe o fato de os ativos serem muito relevantes, tanto os da Cessão Onerosa quanto os da Partilha. São ativos muito bons. O pré-sal tem demonstrado um declínio no custo de produção. Vemos que o custo de extração já chegou na casa dos US$ 6 e US$ 7, o que é muito positivo. Isso somado ao fato de o risco exploratório dessa região ser bem baixo, já que as tecnologias foram massivamente provadas.
Um poço no campo de Lula, por exemplo, tem uma média de produção na casa dos 30 mil barris por dia. Para se ter ideia, existem países que lutam para produzir esses 30 mil barris em um campo inteiro. Isso é algo muito positivo. À medida que se produz mais, você dilui a despesa e consegue reduzir o custo de produção. Sendo assim, acho que existe uma conjuntura muito favorável para o sucesso dos dois leilões.
Quais serão os principais desafios para as possíveis novas entrantes?
A maior parte das empresas já atua no Brasil. Mas existem algumas empresas que estão entrando agora e se posicionando como operadoras. Quem entra como operadora tem os desafios de um novo entrante no país, que são aspectos relacionados à nossa regulação, que é complexa e robusta. Temos também o aspecto tributário, que é muito relevante e coloca o Brasil em uma posição não agradável: o de país não amigável do ponto de vista do investidor estrangeiro.
O terceiro ponto é uma questão de infraestrutura. Existe a infraestrutura tangível, como aquela que é necessária para a escoar o gás do pré-sal. Tem também aquela questão ligada à infraestrutura de rodovias e portos. E tem ainda a infraestrutura intangível, ligada à mão de obra brasileira. Tudo tende a crer que a nossa mão de obra tem melhorado a cada dia, mas ainda temos desafios nesse aspecto.
No mercado, existe um comentário de que Atapu e Sépia podem não receber lances. Se isso acontecer, ainda assim acha que o leilão poderá ser considerado um sucesso?
Eu acredito que sim. Ainda tenho uma expectativa da duas serem arrematadas. Acho que temos possibilidade de formação de outro consórcio participando para arrematar as duas áreas as quais a Petrobrás não declarou interesse. Se voltarmos em leilões passados, a 16ª Rodada não teve todas as áreas arrematadas e foi um sucesso do ponto de vista de arrecadação. Assim como a Oferta Permanente. A análise deve ser conjunta: o leilão da Cessão Onerosa mais a 6ª Rodada de Partilha, pois os ativos estão na região do pré-sal. São recursos financeiros muito elevados. São R$ 106,5 bilhões no leilão de hoje e R$ 7,8 bilhões para o leilão de amanhã. Então, é possível sim que o leilão seja considerado um sucesso é essa a expectativa que temos.
Quem não quer participar da doação do patrimônio energético brasileiro? Por míseros US$ 25 bilhões alienamos nosso futuro. Certamente percentual em óleo será elevado e o vencedor de Búzios será a Petrobras caracterizando uma ajuda da Empresa para o governo fechar seu déficit, que impactará as finanças da Petrobras agora, via aumento da dívida já aumentada em 2019 pelo pagamento exagerado de dividendos. Com o bônus em óleo elevado, como ocorrerá, o faturamento futuro da Petrobras será diminuído pois com a política atual de focar em exploração, e com os outros elos da cadeia vendidos, ou reservados para leilões, ou… Read more »
Errei no oferecimento em % de óleo. Vou tentar entender as razões do lance mínimo. Pode ser pela abundância de petróleo descoberto e disponível para a produção no mundo.
De todo o modo foi bom para o Brasil as áreas licitadas serem da Petrobras.
O JUÍZO FINAL SE APROXIMANDO: Por mais que possamos observar o cuidado da estatal petroleira ao criar mecanismos de controles e conformidade na atualidade, notamos o retorno da “mão invisível” do estado a agir sorrateiramente na Petrobras na presente modelagem que programaram para o leilão da cessão onerosa do pré-sal brasileiro, com intuito de resolver as mazelas da União Federal e entes federativos. Por diversos fatores inerentes a atual geopolítica do petróleo, não há como deixar de fazer uma projeção negativa para a commoditie na atualidade no mercado internacional devido a diversos fatores que deverão pressionar doravante a cotação desse… Read more »
[…] LEIA A ENTREVISTA COMPLETA NO NOSSO SITE. […]