LEONAM GUIMARÃES VÊ OPORTUNIDADES PARA O BRASIL AMPLIAR SUA PARTICIPAÇÃO NO MERCADO GLOBAL DE ENERGIA NUCLEAR
A edição desta terça-feira (17) do Projeto Perspectivas 2025 vai ouvir um dos principais especialistas do setor nuclear no Brasil e no mundo: o engenheiro Leonam Guimarães. Atualmente ocupando o posto de diretor técnico da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), Guimarães já atuou como presidente da Eletronuclear e coordenador do Programa de Propulsão Nuclear do Centro Tecnológico da Marinha. Com o olhar de quem conhece a fundo o setor, o entrevistado vê oportunidades para o Brasil ampliar sua participação no mercado global de energia nuclear. “A inclusão da energia nuclear nos programas globais de transição energética, como acordado na COP-28 em Dubai, onde se decidiu triplicar a capacidade nuclear até 2050, abre oportunidades para o Brasil expandir sua participação nesse mercado”, avaliou. Guimarães também destaca que é preciso modernizar a legislação vigente para facilitar a participação da iniciativa privada, bem como fomentar a inovação tecnológica por meio de investimentos em pesquisa, especialmente na área de pequenos reatores modulares (SMR). “As perspectivas para o setor nuclear brasileiro em 2025 são promissoras. A conclusão prevista da usina de Angra 3, com capacidade de 1.400 MW, contribuirá significativamente para a matriz energética nacional. Além disso, o desenvolvimento de SMRs oferece potencial para atender regiões isoladas e reduzir custos de transmissão”, concluiu.
Como foi o ano de 2024 em seu segmento de atuação?
Em 2024, o setor nuclear brasileiro registrou avanços significativos, destacando-se pela intensificação de parcerias internacionais e pelo fortalecimento de sua infraestrutura tecnológica. Em dezembro, por exemplo, o Ministério de Minas e Energia firmou um acordo com a Rosatom, estatal russa líder no mercado de enriquecimento de urânio, visando à produção conjunta de pequenos reatores nucleares e à exploração das vastas reservas de urânio do Brasil. Essa colaboração prevê transferência de tecnologia e busca reduzir custos de transmissão elétrica, além de aumentar a segurança do abastecimento energético nacional.
Além disso, o país teve presença destacada na 68ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), realizada em Viena. A Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), representada por seu presidente, Celso Cunha, enfatizou a importância dos Reatores Modulares Pequenos (SMRs) na transformação da matriz energética brasileira e na descarbonização global.
Se fosse consultado, quais seriam suas sugestões para melhorar o ambiente de negócios no seu setor?
Para aprimorar o ambiente de negócios no setor nuclear brasileiro, recomenda-se:
– Modernizar a legislação vigente para facilitar a participação da iniciativa privada, assegurando transparência e eficiência nos processos de licenciamento e operação de instalações nucleares;
– Investir na qualificação de profissionais especializados, promovendo programas de treinamento e parcerias com instituições acadêmicas para suprir a demanda crescente por mão de obra qualificada no setor;
– Fomentar a inovação tecnológica por meio de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, com foco em tecnologias emergentes como os SMRs e soluções de gestão de resíduos nucleares;
– Implementar estratégias de comunicação eficazes para informar a população sobre os benefícios e a segurança da energia nuclear, visando aumentar a aceitação pública e reduzir preconceitos;
– Criar mecanismos que facilitem a colaboração entre o governo e o setor privado, atraindo investimentos e compartilhando riscos associados a projetos nucleares de grande porte.
A seu ver, de que forma os recentes acontecimentos no cenário político internacional podem influenciar os negócios no Brasil?
O cenário político internacional exerce influência significativa sobre o setor nuclear brasileiro. A inclusão da energia nuclear nos programas globais de transição energética, como acordado na COP-28 em Dubai, onde se decidiu triplicar a capacidade nuclear até 2050, abre oportunidades para o Brasil expandir sua participação nesse mercado. Contudo, tensões geopolíticas, especialmente envolvendo países detentores de tecnologia nuclear, podem afetar a transferência de tecnologia e a cooperação internacional. Portanto, é crucial que o Brasil diversifique suas parcerias e adote uma postura diplomática equilibrada para mitigar possíveis impactos negativos.
Por fim, quais são as suas perspectivas para o setor nuclear no ano de 2025?
As perspectivas para o setor nuclear brasileiro em 2025 são promissoras. A conclusão prevista da usina de Angra 3, com capacidade de 1.400 MW, contribuirá significativamente para a matriz energética nacional. Além disso, o desenvolvimento de SMRs oferece potencial para atender regiões isoladas e reduzir custos de transmissão. No âmbito internacional, a expectativa de que a geração global de energia nuclear atinja recordes históricos até 2025, impulsionada por novos reatores na China e na Índia, indica um ambiente favorável para o crescimento do setor no Brasil. Entretanto, é fundamental que o país continue investindo em infraestrutura, capacitação profissional e inovação tecnológica para aproveitar plenamente essas oportunidades e consolidar sua posição no cenário nuclear global.
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