LÍDERES EMPRESARIAIS ACREDITAM QUE O PRÓXIMO ANO SERÁ DE MUITOS DESAFIOS PARA TODOS OS SETORES
Na sequência do nosso projeto Perspectivas 2017, vamos trazer nesta edição a opinião de três importantes líderes empresariais. Cada um na sua área. Primeiramente, a palavra de uma dos mais importantes advogados que atua principalmente nos mercados do Rio de Janeiro, Brasília e Minas Gerais. Dr. José Eduardo Junqueira Ferraz, do escritório Junqueira Ferraz, profissional experiente, acostumado aos grandes desafios trazidos por contendas entre grandes empresas na área cível.
Ouvimos também o Presidente da Navium, Mário Jorge dos Santos, experiente profissional do setor naval brasileiro, importante prestador de serviços para plataformas de exploração e produção. Profissional muito conhecido pelo mercado, é um investidor nos conhecimentos de novas tecnologias do mercado internacional, com presença frequente nas principais feiras de petróleo e gás pelo mundo. Ainda nesta edição, você vai saber também as opiniões do diretor da Austral Consult, Nícolas Honorato, atuante do setor de óleo e gás e energia. Veja o que esperam para o próximo ano:
1- Dr. José Eduardo, Como analisa os acontecimentos neste ano em seu setor ?
– A crise político-econômica que assolou o país em 2016, deixou fortes sequelas no meio jurídico. Se os ventos da Lava jato que sopram de Curitiba impulsionaram a advocacia criminal, os desdobramentos da escassez financeira fizeram da recuperação judicial um ponto comum para grande parte das empresas brasileiras.Espero que em 2017 possamos voltar a cumprir uma “agenda positiva” no mundo jurídico, com celebração de contratos, constituição de novos modelos empresariais desenvolvimento de PPP´s, entre outros instrumentos jurídicos que acabam por contribuir para o incremento da atividade produtiva, para a geração de empregos e para o desenvolvimento da arrecadação tributária.
2- Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa ?
– Precisamos de mais responsabilidade nos gastos públicos. Este é o primeiro passo de uma longa caminhada. Espero que a escassez de recursos que União, Estados e Municípios estão a experimentar contribua, pelo menos, para que os parcos recursos existentes sejam aplicados com seriedade, planejamento e firmeza.
3- Quais as perspectivas para 2017 ? Pessimista ou otimistas?
– Otimista, sempre. Vivemos em um país de múltiplas potencialidades e não podemos desistir de explorar nossas virtudes. Estou convicto de que sairemos maiores, mais capazes e fortalecidos deste momento difícil que estamos a vivenciar. Nossa população está sendo obriga a entender que a expressão jurídica “cidadania” é muito mais que um direito. É um dever. É um dever que nos obriga a cobrar, revisar, vigiar, fiscalizar, reclamar e, muitas vezes, protestar, sempre que os reais interesses do país não estejam sendo observados por nossos governantes. A geração atual, que podemos chamar de a “geração das redes sociais” se manifesta, grande parte do tempo, de forma virtual, mas seus anseios e sentimentos são absolutamente concretos e reais. Os brasileiros resolveram, enfim, adotar seu país e isso muito me anima. Vamos em frente, que o “país do futuro” precisa se reerguer.
Vamos saber agora as opiniões do empresário Mário Jorge dos Santos, Presidente da Navium.
1- Como analisa os acontecimentos neste ano em seu setor?
– Muito importante para a reorganização do setor de petróleo, onde destaco o vinda do presidente Pedro Parente para arrumar as finanças da empresa e permitir novos empreendimentos, sem contaminação. Destaco como mais importante a volta das agências reguladoras ao papel original de “ agências reguladoras’’.
2- Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?
– Os negócios só atrairão empresas, nacionais ou estrangeiras, com segurança jurídica para ninguém ser surpreendido pelos humores de governo e dos governantes.
3- Quais as perspectivas para 2017? Pessimistas ou otimistas?
– Ainda sombrias, pois as mudanças necessárias citadas anteriormente ainda não apareceram de forma efetiva.
Agora vamos saber as opiniões do Diretor da Austral, Nícolas Honorato:
1- Como analisa os acontecimentos neste ano em seu setor?
– A redução da atividade no setor petroleiro brasileiro fez com que muitas empresas fornecedoras de bens e serviços, de pequeno e médio porte, começassem a se interessar por mercados alternativos e procurassem a Austral para expandir suas atividades, não somente a outros países das Américas, mas também a outros setores relativamente afins como os de petroquímica ou energias renováveis. Esse interesse pela diversificação de mercados e de clientes deverá certamente gerar benefícios para a indústria brasileira no longo prazo.
2- Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?
– Ao nosso ver, os problemas de fundo são complexos e estão enraizados demais e, portanto, falar em soluções resulta utópico. Seria necessária quase que umarefundação social para reverter os principais problemas que afetam à sociedade brasileira, de forma geral, e ao mundo dos negócios petroleiros em particular. A desconfiança absoluta há tempo que se tornou praxe no comportamento do brasileiro, não somente no mundo dos negócios, e não há de se esperar um futuro bem sucedido para uma sociedade regida pela desconfiança no próximo. Um exemplo paradigmático da desconfiança é a existência dos cadastros. Nada é feito no Brasil sem antes se cadastrar. Herança cartorial portuguesa, argumentam muitos. Quantos séculos terão que passar para o Brasil reconhecer que não há nada de herança nisso aí e sim muito de incapacidade própria de pensar em sistemas mais eficientes e modernos? Os cadastros são úteis em situações bem determinadas, mas certamente não são nada eficientes como principal forma de relacionamento entre uma empresa petroleira de grande porte e seus fornecedores. Os escândalos na Petrobras provaram que toda essa complexa arquitetura cadastral não serviu para nada na hora de impedir os abusos. Mas o realmente triste é comprovar que a reação foi mais na linha de tornar as exigências cadastrais ainda mais extremas ao invés de aproveitar para repensar o modelo. E quem volta a sair prejudicado é o pequeno e médio fornecedor nacional que precisa dedicar milhares de horas de trabalho simplesmente para estar com o cadastro “em dia” ao invés de dedicar esse tempo para tarefas mais produtivas. Em resumo, diante do tamanho dos problemas do país não adianta muito pensar em resolvê-los, mas aprender a conviver com eles. Darwin dizia que o futuro não é dos mais fortes, mas dos que melhor saibam se adaptar.
3- Quais as perspectivas para 2017 ? Pessimistas ou otimistas?
– Otimistas, sempre.
Enquanto isso na Câmara Municipal de São Paulo os ‘nobres’ vereadores (sim, com letra bem minuscula) promoveram um pífio reajuste de 20%. DURMAM-SE COM UM BARULHO DESTES!!!