LIDERROLL APRESENTARÁ NOVO MÉTODO PARA LANÇAMENTO DE DUTOS EM TERRENOS INCLINADOS DURANTE AUDIÊNCIA PÚBLICA DO PROJETO SUBIDA DA SERRA
A engenharia a serviço da segurança e da proteção ao meio ambiente. A empresa brasileira Liderroll desenvolveu um novo método de construção de dutos que poderá trazer expressivos ganhos operacionais e ambientais para as obras de um dos trechos do gasoduto Subida da Serra, em São Paulo. Por meio de uma estrutura modular e roletes motorizados, a metodologia poderá ser empregada para o lançamento de dutos a partir do pé da montanha, reduzindo os riscos de segurança para os trabalhadores envolvidos. Adicionalmente, a faixa de domínio necessária para a instalação dessa estrutura será de apenas 1,4 metro – nos métodos convencionais, essa faixa pode passar dos 15 metros. Dessa forma, a supressão da mata seria muito menor, resultado assim num menor impacto ambiental. Outra vantagem é que a estrutura desenvolvida pela empresa permitirá que, no futuro, a Comgás (proprietária do gasoduto) possa instalar mais três linhas na mesma estrutura. Um vídeo de um protótipo em escala real demonstrando a tecnologia será apresentado amanhã (20) durante uma audiência pública da Agência Nacional do Petróleo (ANP) que debaterá o acordo sobre a classificação do gasoduto. O presidente da Liderroll, Paulo Fernandes, chama a atenção para o fato de o Trecho 3 possuir um grande grau de inclinação, o que inviabilizaria a aplicação de métodos convencionais de construção. Para ele, uma obra dessa envergadura demandará “uma metodologia inovadora e disruptiva, de modo a preservar a segurança dos trabalhadores e garantir o mínimo impacto possível para o meio ambiente”.
Para começar esta entrevista, seria interessante explicar aos nossos leitores um pouco sobre o funcionamento da metodologia desenvolvida pela Liderroll.
A tecnologia da Liderroll foi desenvolvida, inicialmente, para ser aplicada no desafiador projeto do oleoduto Linha 5, que será construído dentro de um túnel sob o Lago de Michigan nos Estados Unidos. É um projeto com 7 km de extensão, o qual possui mais de 8 tipos diferentes de inflexões severas de subidas e descidas. Contudo, essa tecnologia também poderá ser aplicada perfeitamente no chamado Trecho 3 do Gasoduto Subida da Serra, em São Paulo, que tem uma inclinação entre 35 e 40 graus.
A metodologia desenvolvida pela Liderroll contará com estruturas modulares e leves de 12 metros, que servirão como um “túnel guia artificial” por onde passarão os tubos, com 20 polegadas de diâmetro. Essas treliças serão instaladas por profissionais treinados e especializados em alpinismo, que vão subir a serra com essas peças, auxiliados por ferramentas especiais. Eles vão desempenhar tarefas simples de montagem em série.
Essas treliças contarão com os nossos roletes especiais motorizados, que vão tracionar toda a tubulação. A Liderroll tem a total garantia da funcionalidade desse sistema, porque nós tivemos o cuidado de construir, há mais de 18 meses, um protótipo em escala real desse exato sistema. Durante os exaustivos testes, conseguimos lançar, com margens altíssimas de segurança, dutos em ângulos de inclinação com 35 graus, 70 graus e até mesmo em 90 graus (100% na vertical). E o melhor: com o total controle de despacho e frenagem do duto no sentido da subida; como no da descida do duto.
Além disso, em cima da treliça haverá um sistema de cremalheiras, por onde irá circular um stroller de inspeção integrado na estrutura, totalmente seguro. Assim, será possível trafegar por toda a estrutura e inspecionar o gasoduto, atendendo ao seu plano de inspeção preventivo. Uma recurso bacana é que poderá ser feito ainda uma pintura de camuflagem nessa estrutura, para adequá-la visualmente à vegetação local e proporcionar uma ambientação interessante na região.
Quais são as grandes vantagens desse método de construção inovador?
A primeira grande vantagem é o ganho financeiro futuro. Isso é um dos pontos que a empresa operadora obviamente tem que estar atenta. Até mesmo pela burocracia que está enfrentando com a agencia reguladora, uma vez que essa estrutura desenvolvida pela Liderroll permitirá a instalação, no futuro, de mais três linhas (uma de 14 polegadas, outra de 24 polegadas e a última de 28 polegadas). Se houver uma conjugação modular, até mais dutos poderão ser instalados.
Isso é interessante porque a empresa responsável pelo gasoduto não precisará abrir novas faixas de domínio de dutos. Ou seja, haverá um ganho ambiental importante, já que não será preciso fazer novas supressões de matas no futuro, caso a sua malha precise ser expandida. Além disso, essas eventuais obras de expansão com a construção destes dutos, sem dúvida alguma, serão muito mais práticas, rápidas e a custos ínfimos. Isso porque a faixa criada pelas treliças já estará construída e instalada, cabendo somente comprar os respectivos roletes de suportação. A tarefa de alinhar e soldar o novo duto não demoraria mais do que 15 dias.
Adicionalmente, é importante frisar que será a tubulação que subirá a serra. As equipes de construção do gasoduto ficarão concentradas em um canteiro, do tipo Pipe-shop, na base da montanha. Não haverá frentes de trabalho arriscando-se nas encostas quando essa alta carga da tubulação estiver em deslocamento, garantindo assim muito mais segurança aos trabalhadores envolvidos no projeto e a qualidade das soldas e da integridade do duto.
Quais seriam os principais desafios ambientais caso uma obra desse tipo fosse realizada utilizando uma metodologia convencional?
Nas metodologias convencionais, as faixas de domínio dos dutos possuem, em geral, uma largura mínima de 15 metros. Isso representa um impacto ambiental grande, porque demanda uma alta supressão de mata. Além disso, como disse anteriormente, o Trecho 3 possui uma inclinação acentuadíssima. Isto é, o desfile de tubos da metodologia convencional desse projeto terá dificuldades extras, porque o plano inclinado da região não permitirá a circulação de equipamentos, máquinas de solda, geradores ou guinchos, por exemplo.
Outro ponto preocupante, apesar de eu nao ter feito uma visita in loco, é que esse trajeto, muito provavelmente, apresentará uma topografia com vários pontos que não estão alinhados. Isto é, o trecho terá vales e depressões nas rochas – alguns deles bem severos. Para superar esse tipo de desafio, dentro do método convencional, será necessária a construção de pilares metálicos ou de concreto, que são caros e difíceis de se fundirem no local e envolvem riscos em um terreno com uma inclinação tão grande. Até para a própria logística para transportar esses materiais ao local.
Em outros trechos, poderá ser preciso fazer o desmonte de algumas rochas. Contudo, por conta da inclinação, será muito arriscado realizar esse tipo de atividade da forma convencional – isto é, com o uso de explosivos ou cortes a fio diamantado; quiçá por britagem. Seria algo arriscadíssimo. Estamos falando de um ângulo de inclinação da costa absurdamente alto para se lançar qualquer tipo de tubulação pelo método padrão.
Esse é o tipo de projeto no qual a natureza impõe limites e desafios que demandam uma metodologia inovadora e disruptiva, de modo a preservar a segurança dos trabalhadores e garantir o mínimo impacto possível para o meio ambiente.
E de que forma a tecnologia da Liderroll pode superar esses desafios, de modo a minimizar significativamente o impacto ao meio ambiente?
Além dos ganhos logísticos e de segurança que citei anteriormente, a nossa metodologia também proporcionará uma redução gigantesca no impacto ambiental. Por meio de nossa estrutura, a faixa a ser utilizada para passar até quatro dutos. Veja bem: quatro dutos. Além disso, essa faixa será bem mais estreita, sendo necessário apenas 2,5 metros de largura. No entanto, se o cliente desejar que seja apenas um duto, a largura máxima seria de 1,4 metro. Ou seja, a supressão de mata será significativamente menor com o nosso método de construção.
Paralelamente, em toda a extensão do trecho da faixa onde houver relevos ou vales por depressões da falha geológica, não serão necessários pilares ou obras especiais de sustentação. A nossa topografia já terá previsto isso e no projeto a nossa estrutura treliçada já virá de fabrica com todas as compensações de distorções e ou reforços estruturais para vencer as distancias dos vãos da falhas geológicas.
Por exemplo: se durante o estudo do levantamento topográfico encontrarmos uma depressão com um vão de 15 metros, vamos calcular neste trecho da estrutura uma geometria e um reforço adequado, de modo que a treliça vai passar do ponto de primeiro apoio até o ponto de último apoio sem problema algum.
No passado, as obras de construção de dutos por meios convencionais eram marcadas pela precariedade. Existiam muitos riscos para os trabalhadores, com um nível insustentável de insalubridade. É uma realidade inaceitável nos dias de hoje, tendo em vista as normas de segurança e as leis atuais.
O Gasoduto Subida da Serra é um projeto que tem movimentado bastante o mercado, especialmente por conta das discussões sobre a classificação do projeto. A metodologia da Liderroll pode contribuir de alguma forma dentro desse contexto?
Com certeza a metodologia e o conceito construtivo do gasoduto dentro de uma estrutura metálica treliçada desenvolvida pela Liderroll é uma solução inovadora e a mais adequada a esse tipo de obra especial. A identificação e conclusão chega a ser visual.
E ainda há mais um recurso. Se o cliente demonstrar interesse e a ANP e a ARSESP expressarem esse desejo, poderemos blindar toda a treliça com o gasoduto dentro, aplicando chapas de aço por fora. Isso será importante para cumprir alguns dos itens do acordo entre a Comgás, a ANP e a ARSESP, que visam impedir derivações e ‘tomadas’ para alimentar novas plantas consumidoras, além daquela mencionada no acordo.
Some-se a isso que daria uma segurança a mais ao gasoduto, que ficaria 100% blindado, evitando o acesso de animais ou pessoas não autorizadas. O acesso ao gasoduto só seria possível por meio de ferramentas especiais durante as atividades de inspeção.
A propósito, a audiência pública que discutirá o acordo entre ANP e ARSESP será realizada amanhã (20). Durante essa reunião, a Liderroll irá fazer uma demonstração do funcionamento de sua tecnologia. Iremos apresentar um video de 3 minutos do protótipo em escala real, com um tubo de 28 polegadas de diâmetro deslocando-se nos ângulos de 0 graus, 35 graus, 70 graus e 90 graus. Subindo e descendo. Vale lembrar que o gasoduto Subida da Serra usará tubos menores, de 20 polegadas.
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