LIGHT NEGOCIA ACORDO COM BANCOS CREDORES E BUSCA CORTAR GASTOS PARA REDUZIR ENDIVIDAMENTO
Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –
Investir é preciso, mas o momento não é de facilidades para a indústria brasileira. Em meio às dificuldades econômicas, o endividamento tem se tornado habitual nas empresas de diversos setores do mercado nacional, que buscam, ao mesmo tempo, reduzir custos operacionais e firmar novos projetos lucrativos. É o caso da Light, gigante do setor de distribuição elétrica que enfrenta hoje dificuldades em meio à crise. A situação da companhia é decorrente, principalmente, do aumento radical sofrido pelo preço da energia no Brasil, que chegou a subir 60% ao final do último ano. Frente ao cenário complicado, o presidente da empresa, Paulo Pinto, tem buscado dar maior foco às práticas de redução de custos na distribuidora. Com a meta de favorecer o fluxo de caixa, no entanto, a companhia anunciou recentemente um investimento de R$ 400 milhões na expansão de sua rede. O mau momento não impede que se olhe para novas oportunidades, explica o executivo, que ressalta a necessidade de se alcançar uma maior estabilidade financeira na empresa. Nesse intuito, a Light se movimenta para entrar em acordo com seus credores e cortar gastos. “A prioridade agora é reduzir o impacto da dívida dentro da distribuidora”, afirma ele.
A alta do dólar afeta muito as finanças da empresa?
Do ponto de vista do endividamento, isso quase não tem efeito. A nossa dívida em dólar é muito pequena, ela está quase toda em reais. A questão é que o dólar afeta muito a energia da usina de Itaipu, então o valor acaba sendo repassado na tarifa. Nós vamos ter um reajuste tarifário agora em novembro, e a variação acumulada do dólar vai pesar no preço. Se isso seguir em uma espiral, não só a Light mas também outras empresas irão recorrer à Aneel, porque está difícil pagar.
Como tem sido essa dificuldade de caixa?
A distribuidora tem uma tarifa e gera caixa com ela. Com isso, pagamos a energia que compramos, além dos encargos, o transporte, a transmissão e todos os impostos. A partir do valor que sobra, que é cerca de 22%, temos nosso custeio e nosso programa de investimentos. Quando aparecem custos adicionais, nós não temos capacidade financeira de pagar: ou nos endividamos ou deixamos de atender a essas obrigações para honrar o compromisso. O que fizemos foi nos endividar. Fizemos um investimento e contraímos dívida, com a expectativa de que a tarifa vá trazer um retorno mais à frente.
A negociação com os bancos tem avançado?
Estamos conversando com os bancos e expectativa é que agora, no fim de setembro, nós cheguemos a um acordo. A ideia é ajustar um novo acordo, porque se trata de um problema geral.
Qual é a atual situação da usina de Itaocara?
A nossa expectativa é de que as obras comecem em janeiro. Nós já tínhamos a situação pronta, faltava apenas atualizar o orçamento. Com o valor atualizado, o projeto está indo bem. Estamos na fase de fechamento das áreas, no processo natural que antecede o início das atividades. Planejamos começar antecipadamente em janeiro para poder maximizar a venda de energia, e, somando ao mercado cativo que ainda virá, conseguir um retorno desejado para os acionistas.
A Light pode participar de leilões ainda neste ano?
Pode, mas estamos repensando isso devido ao endividamento. A prioridade agora é reduzir o impacto da dívida dentro da distribuidora. Nós já fizemos, por exemplo, a venda da Renova, e os recursos que conseguimos devem ser destinados à diminuição da dívida da empresa. Temos também um plano que será apresentado à Aneel, em uma parte financeira e outra operacional, cuja ideia é propor a adequação da atual estrutura de capital. Queremos conseguir um equilíbrio entre o capital próprio e o de terceiros. Continuamos focados em novas oportunidades, mas diante desse cenário vamos seguir buscando a redução de nosso endividamento.
Existe alguma previsão de investimento para 2016?
O comando não é nosso, então hoje não sei afirmar precisamente. Estamos iniciando nosso planejamento estratégico, que é feito de cinco em cinco anos, e buscamos ajustar as projeções futuras. O novo plano vai de 2016 a 2020. Nessa primeira etapa, nós chamamos alguns especialistas para conversar com a empresa, e a partir disso os nossos executivos criam um cenário. Esse cenário vai nos dar o indicativo, mostrando se vale a pena ou não manter o padrão de investimento. Caso haja sinal de crescimento no mercado, teremos que responder e investir.
Como está sendo feita a redução de custos na empresa?
Custo precisa ser cortado todo dia. Nós temos um orçamento, compromissos com acionistas, e isso faz parte da governança da Light. A entrega de resultados tem sido boa na empresa. O resultado operacional é competência nossa, mas não tenho gerência sobre o custo de despacho das térmicas, por exemplo. Cabe a nós avaliar os custos de pessoal, material e serviços. É nisso que estamos atuando o tempo todo. Temos metas definidas anualmente com base no orçamento, e isso é avaliado a cada mês.
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