LUCRO DE R$ 44,5 BILHÕES DA PETROBRÁS EM APENAS TRÊS MESES INDIGNOU O PRESIDENTE BOLSONARO E A FEDERAÇÃO DOS PETROLEIROS

Apesar de defender o lucro de R$ 44,5 bilhões em apenas três meses como uma eficiência operacional, esse resultado da Petrobrás não indignou apenas o Presidente Jair Bolsonaro, que considerou “um estupro ao consumidor”. Ele também teve repercussão entre os próprios petroleiros que reagiram em nota através da FUP, a federação única da classe. Eles disseram que esta marca é 38 vezes maior do que o lucro do mesmo período do ano passado, em função também da alta do do barril e do preço do dólar. “Reajustes abusivos nos derivados de petróleo no mercado interno adotados pela gestão da Petrobrás, com base na política de Preço de Paridade de Importação, garantem altos lucros a acionistas, que receberão dividendos de R$ 48,5 bilhões relativos ao exercício de 2022, em menos de seis meses após a mega distribuição de R? 101 bilhões do exercício anterior”, disse o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Para Bacelar, o foco da Petrobrás hoje é gerar e distribuir valor, principalmente para acionistas privados. “Mais de 45% são investidores estrangeiros, com ações da Petrobrás nas bolsas de São Paulo e de Nova Iorque. Socializamos os investimentos e privatizamos os lucros. Quem paga os dividendos para os grandes fundos de investimentos nacionais e internacionais é o povo brasileiro”. De janeiro de 2019 a 1° de maio de 2022, a gasolina nas refinarias subiu 165,8%; o diesel 155,2%; e o GLP 118,4%, levando o preço médio do botijão de gás de 13 quilos para acima de R$ 120,00. Isso porque os combustíveis são reajustados com base no PPI, que segue as cotações internacionais do petróleo, variação cambial e custos de importação de derivados, sem levar em conta que 94% da produção de petróleo é nacional — ou seja, com custos em real. Ontem (5) em sua live, o Presidente Bolsonaro disse que não tinha como interferir na Petrobrás e na sua política de preços, mas considerou o lucro da Petrobrás em apenas três meses como abusivos “ um estupro na população, no consumidor.” Ele também fez um apelo dramático ao novo presidente da Petrobrás: “Não aumentem o preço do diesel porque o país corre o risco de quebrar. Não podemos brincar com isso, provocando uma nova greve de caminhoneiros, que sabemos como começa, mas não sabemos como termina”.

No dia 27 de abril, a Petrobrás comemorou o aumento na produção de petróleo e derivados apontado no relatório de produção e venda do primeiro trimestre de 2022. Houve recordes na produção de óleo e gás em campos do pré-sal; recorde de 56% de participação de diesel S-10 na produção total do derivado; e recorde de processamento de óleo pré-sal, além do aumento do Fator de Utilização (FUT) nas refinarias. “Se a Petrobrás comemora recordes na produção, com o custo majoritariamente em real, por que a população segue pagando em dólar? É urgente abrasileirar o preço dos combustíveis”, finaliza Bacelar.