LULA AFIRMA QUE FUNCIONÁRIOS DE SEU INSTITUTO PODEM TER PEDIDO DOAÇÕES A EMPRESAS INVESTIGADAS NA LAVA-JATO

O depoimento prestado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Operação Lava-Jato está novamente sob holofotes. Em registros liberados pela Justiça, Lula negou ter procurado empresas para pedir doações a seu instituto, mas afirmou que funcionários da entidade podem ter pedido dinheiro a companhias hoje investigadas pela Polícia Federal. No esclarecimento prestado a autoridades na 24ª fase da operação, o ex-presidente disse que não participava de discussões financeiras, mas não descartou que seus assessores possam ter negociado com companhias para obter recursos destinados a projetos do instituto.

Em sua fala, Lula defendeu a normalidade das relações estabelecidas com as empresas, que teriam efetuado doações a pedido do instituto. “Eu não conheço ninguém que procura ninguém espontaneamente para dar dinheiro”, afirmou o ex-presidente, que vem sendo investigado por suposto benefício obtido junto às empreiteiras e foi conduzido coercitivamente pela PF no último dia 4.

De acordo com os registros liberados pela Justiça, Lula considerou ser possível que funcionários do instituto como Paulo Okamotto e Clara Ant tenham feito pedidos de doação a qualquer empresa. Questionado acerca de conversas com Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez e UTC, o ex-presidente afirmou que podem ter sido negociadas doações com “todas”. Os recursos também seriam discutidos com bancos.

Segundo Lula, a relação com as empresas é normal no mundo todo, o que “lamentavelmente” ainda não aconteceria no Brasil. “Isso funciona como qualquer instituto, do Fernando Henrique Cardoso, do Sarney, do Bill Gates, do Bill Clinton, do Kofi Annan.” O depoimento foi realizado no aeroporto de Congonhas, após a deflagração da nova etapa das investigações que também abrangeram sua família. De acordo com a força-tarefa da PF, o ex-presidente pode ter se beneficiado dos esquemas ilícitos instaurados na Petrobrás.