LULA ASSUME CASA CIVIL SOB FOGO CRUZADO APÓS VAZAMENTO DE GRAVAÇÕES
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assume o ministério da Casa Civil na manhã desta quinta-feira (17) sob fogo cruzado depois do desenrolar dos fatos políticos de quarta (16), quando foram divulgados diversos áudios de conversas dele com as mais altas figuras políticas do poder executivo nacional, como a própria presidente Dilma Rousseff, o então ministro da Casa Civil Jaques Wagner, o ministro Edinho Silva e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, entre outros nomes de peso.
O trecho em que a presidente Dilma diz ter enviado o termo de posse do ministério por meio de um assessor, para que Lula só usasse “se precisasse”, foi o de maior repercussão, por indicar que a nomeação tinha o caráter de livrar o ex-presidente do risco iminente de uma prisão preventiva, garantindo para ele foro privilegiado. O vazamento do áudio foi cercado de críticas por defensores do governo, mas juristas já afirmam que a atitude de Dilma pode ser considerada como obstrução à justiça.
A repercussão foi imediata e fez surgirem diversas manifestações pelas ruas do país, principalmente em frente ao Palácio do Planalto, de onde a presidente Dilma precisou ser retirada pelos fundos, e na Avenida Paulista, em São Paulo. Após os desdobramentos, o governo afirmou que o documento tinha sido enviado para o caso de Lula não poder comparecer à cerimônia de posse, por conta de problemas de saúde de sua esposa, dona Marisa.
O resultado é uma pressão ainda maior sobre Lula, que terá menos condições de exercer o ofício de ministro da Casa Civil após os áudios divulgados. Nas conversas, ele pede, logo nos momentos seguintes à sua condução coercitiva pela Polícia Federal, que o então ministro Jaques Wagner procurasse a ministra do Supremo Rosa Weber, para que tentassem obter um parecer contra a existência de dois processos paralelos investigando a mesma questão, sendo um em São Paulo e outro em Curitiba.
Os áudios mostram ainda o ex-presidente afirmando que o STF e o STJ estão “acovardados”, além de usar palavrões para se referir à situação dos presidentes da Câmara e do Senado. Além disso, afirmou que estava “assustado com a república de Curitiba”, referindo-se à Operação Lava Jato, liderada por procuradores do MPF de Curitiba e do Juiz Federal Sergio Moro. Outro diálogo que aponta tentativa de interferir no decorrer das investigações é referente a uma conversa com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, em que Lula pede a ele para procurar o responsável da Receita Federal pelas investigações no Instituto Lula. Na gravação, ele diz: “você precisa se inteirar do que eles estão fazendo no instituto. Se eles fizessem isso com meia dúzia de grandes empresas, resolvia o problema de arrecadação do Estado. Era preciso você chamar o responsável e falar ‘que porra é essa?'”.
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