MANAUS TERÁ A MAIOR USINA SOLAR DA AMÉRICA LATINA
Por André Dutra / Petronotícias –
Tradicionalmente vista como uma energia cara no Brasil, a energia solar é pouco explorada aqui, apesar do altíssimo potencial para este tipo de geração no país. No entanto, ela vem se tornando cada vez mais barata. Nos últimos cinco anos, seus custos caíram 67% devido à produção de painéis em larga escala na China e na Alemanha – país que mais produz energia solar no mundo – e já rivalizam com a energia hidrelétrica em termos de tarifas em diversas capitais brasileiras. Entre os fatores que podem pesar para uma maior popularização da energia solar no Brasil, está o projeto da usina solar de Manaus, que prevê a montagem de uma planta de geração com capacidade de 4 MW, o que a torna a maior da América Latina. Os painéis serão instalados nos edifícios próximos ao estádio Vivaldo Lima, que será utilizado na Copa do Mundo de 2014. O pesquisador do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Ricardo Rüther, que também faz parte da coordenação do projeto, falou sobre a nova usina e sobre o futuro da energia solar no Brasil.
Qual será o impacto do projeto da usina solar de Manaus?
Serão muitos impactos diferentes. Teremos o impacto local das 2 mil casas que serão abastecidas pela usina, alem do estádio. Teremos o impacto da grandeza da usina, que será a maior da América Latina, e também teremos o impacto na divulgação da energia solar no Brasil, que associada a algo tão popular como a Copa do Mundo deve ter uma boa aceitação pública.
Qual a importância da aceitação pública em relação a este tipo de geração de energia?
Fundamentalmente a criação de uma demanda de mercado. A conscientização de que uma energia completamente limpa e barata é viável também é importante, mas a popularização da energia solar pode criar uma demanda necessária para a fabricação de painéis solares no Brasil, o que diminuiria bastante o custo operacional das usinas solares.
Como as pessoas físicas fazem parte desta demanda?
A Aneel publicou uma determinação que autoriza as pessoas físicas a terem acesso aos painéis solares para um sistema de cogeração de energia. As companhias de energia elétrica têm até o mês de dezembro para adaptarem suas redes de transmissão a receberem as novas ‘mini-usinas’ solares. A medida vai permitir que as pessoas instalem painéis solares em suas casas para gerar energia que pode ser inserida no sistema de transmissão, acarretando em bônus na conta. Esta demanda inicial de pessoas físicas, que deve ser imediata em cidades onde a energia é muito cara, como Belo Horizonte, pode ser suficiente para que alguma fabricante de painéis solares se instale no Brasil.
Algum fabricante de painéis solares já demonstrou interesse em produzir no Brasil?
Certamente. Também existe o interesse do Banco Nacional de Desenvolvimento Sustentável (BNDES) em financiar uma fábrica de painéis solares no Brasil. Porém as empresas mandam representantes aqui e vêem que é um mercado ainda muito limitado, o que gera incertezas sobre a demanda pelos equipamentos.
Em comparação com a energia hidrelétrica, quanto estão custando as tarifas de energia solar?
Se formos comparar o preço da energia hidrelétrica após os custos de transmissão e tarifas das companhias, chegaremos a um valor entre R$300 e R$400 por MW na média, que é o mesmo para os painéis solares, se instalados nos telhados dos edifícios, o que corta dramaticamente os custos de transmissão. O valor da eólica varia de acordo com a incidência solar, então em Florianópolis não vale a pena, porém em Belo Horizonte, que paga quase R$ 600 por MW de energia hidrelétrica, a energia solar por cogeração pode ter um impacto imediato após dezembro.
Existe algum outro projeto de usina solar no Brasil em andamento?
Existe o da Eletrosul. A subsidiária da Eletrobrás vai instalar uma usina de 1 MW no terraço do seu edifício, em Porto Alegre (RS), que irá abastecer todo o prédio e também será ligada no sistema de transmissão de energia. As obras já estão em andamento, e a nova usina já deve iniciar a produção no primeiro trimestre do ano que vem. Até agora são poucos projetos, o que deve mudar com o início de uma produção dos equipamentos necessários para a instalação de uma usina solar no Brasil.
Você acredita que a energia solar pode se tornar uma matriz importante no Brasil?
A curto ou médio prazo eu acho que isto deve se tornar uma realidade. O Brasil é um país em franco crescimento, que necessita adicionar à sua matriz elétrica cerca de 4 mil MW por ano. Dito isto, é provável que toda forma de geração de energia, que não seja demasiadamente danosa ao meio ambiente e também viável, tem chances de ser inserida na matriz energética brasileira.
Parabéns pela matéria, ficarei na torcida que a geração e viabilidade econômica da energia solar torne-se uma realidade, porque acredito que esta matriz energética será de grande importância aqui no Brasil e em outros lugares.
Excelente matéria, o advento da energia solar na Amazônia vem suprir uma demanda latente, estimular a inciativa privada, principalmente, nos empreendimentos no entorno do Complexo Vivaldo Lima a entrarem na matriz energética; resta-nos a produção de painéis fotovoltaicos no Distrito Industrial de Manaus para acelerar este processo.