MAIS DE MEIO MILHÃO DE PAULISTAS AINDA ESTÃO SEM ENERGIA APÓS ESTRAGOS CAUSADOS POR TEMPORAL

Mais de 530 mil imóveis continuam sem energia elétrica em São Paulo – Foto Paulo Pinto/Agência Brasil

O forte vendaval que atingiu São Paulo no último final de semana causou um catastrófico estrago na rede elétrica da Região Metropolitana. A Enel SP, distribuidora de energia no estado, tem encontrado dificuldades para reestabelecer plenamente o fornecimento de energia, mesmo após quase três dias após a tempestade. Logo após o temporal, mais de 2,5 milhões de pessoas sofreram com a queda da energia (sendo que 2,1 milhões estavam localizadas na área de concessão da Enel SP). Na manhã desta segunda-feira (14), cerca de 530 mil clientes da concessionária ainda estavam sem luz. Os municípios mais impactados são: Cotia, 36,9mil clientes sem energia; Taboão da Serra, 32,7 mil; e São Bernardo do Campo, 28,1 mil.

Enquanto isso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) promoveu, no final da tarde de domingo (13), em São Paulo, uma reunião com concessionárias de distribuição e transmissão para verificar e avaliar as ações de restabelecimento de energia no estado de São Paulo. Na reunião foram avaliados cenários de atendimento em cada localidade e área de atuação, as ações até então tomadas pelas empresas, as equipes mobilizadas, os recursos materiais e humanos disponíveis.

A ISA CTEEP, por exemplo, em alinhamento com orientação da Aneel, disponibilizou parte de suas equipes para apoiar o sistema de distribuição de energia que teve sua rede afetada. O objetivo é contribuir para que o fornecimento de energia à população seja normalizado o mais rápido possível. A Light do Rio de Janeiro, também atendendo solicitação da Aneel, disponibilizou neste domingo, 26 profissionais, entre eletricistas, técnicos e supervisores, além de seis caminhões cesto aéreo (simples e duplo), uma caminhonete e quatro veículos leves, para suporte ao restabelecimento da energia elétrica em São Paulo.

A agência já havia declarado no sábado que solicitou que seu departamento de fiscalização intime imediatamente a Enel SP para apresentar justificativas e proposta de adequação imediata do serviço diante das ocorrências de falha na prestação do serviço de distribuição. A Aneel afirmou que a proposta será avaliada por sua diretoria colegiada e, caso a empresa não apresente solução satisfatória e imediata da prestação do serviço, “a Agência instaurará processo de recomendação da caducidade da concessão junto ao Ministério de Minas e Energia”.

Enquanto isso, em Brasília, o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, continua cuspindo abelhas-africanas contra a Aneel e a Enel SP. Na semana passada, Silveira deixou claro que uma eventual renovação do contrato da atual concessionária não está nem em discussão. O contrato com a Enel terminará em 2028. Já no sábado, o Ministério de Minas e Energia divulgou um comunicado pedindo que a Aneel “cumpra com o dever de cobrar celeridade da distribuidora Enel, no sentido de garantir o rápido restabelecimento de energia elétrica na região metropolitana de São Paulo”.

A pasta ainda frisou que a agência se mostra falha na fiscalização da distribuidora. “Mostrando novamente falta de compromisso com a população, a agência reguladora não deu qualquer andamento ao processo que poderia levar à caducidade da distribuidora, requerido há meses pelo ministério, o que deve ensejar a apuração da atuação da Aneel junto aos órgãos de controle”.