MARCELO ODEBRECHT AFIRMA QUE EMPRESA TINHA CONTA SECRETA SÓ PARA ATENDER A LULA
As revelações que começam a surgir da delação de Marcelo Odebrecht vão numa direção que deixa o ex-presidente Lula cada vez mais desconfortável. A nova informação surgida dos depoimentos do ex-presidente da maior empreiteira do País é a de que o grupo empresarial mantinha uma espécie de conta secreta para garantir ajuda a Lula após sua saída da presidência da República, com o intuito de manter sua influência política.
A revelação foi feita pelo jornal Folha de S. Paulo, que envolveu ainda os nomes do ex-ministro Antonio Palocci e de seu assessor Branislav Kontic nas acusações.
De acordo com o jornal, Marcelo Odebrecht afirmou nas delações que Palocci era o responsável por gerenciar os recursos repassados para este fim, enquanto Kontic era um dos encarregados de transportar o dinheiro em espécie para a tal conta. Tudo feito a partir do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que ficou conhecido como departamento da propina.
Os depoimentos revelam ainda que a conta foi batizada de “amigo”, em referência ao termo usado pelos funcionários da Odebrecht para se referirem a Lula devido à relação dele com Emílio Odebrecht, dono do grupo e pai de Marcelo. Além disso, o jornal afirma que a “conta” foi usada para financiar projetos como a compra de um terreno em São Paulo que deveria abrigar a sede do Instituto Lula.
A denúncia indica também que havia outros meios de consolidar a influência política de Lula. Um deles, descrito pelos delatores, foi por meio do financiamento de campanhas de líderes de esquerda latino-americanos em países onde a empreiteira tem atuação. No mesmo documento em que consta a anotação sobre o instituto, há os dizeres “Evento El Salvador via Feira” vinculado ao valor de R$ 5,3 milhões. O dinheiro, segundo delatores, foi pago ao marqueteiro João Santana, que comandou a comunicação da campanha que elegeu Maurício Funes presidente de El Salvador em março de 2009.
O Instituto Lula se defendeu em nota enviada ao jornal, afirmando que não comenta “delações para obtenção de benefícios judiciais, quanto mais especulações sobre supostas delações”, e reafirmou que o ex-presidente Lula jamais solicitou qualquer vantagem indevida e que o referido terreno, que teria sido adquirido pela Odebrecht, “jamais foi do Instituto Lula ou de Lula”. A nota diz ainda que mais de 20 testemunhas em depoimentos em Curitiba, incluindo os principais delatores da Operação Lava Jato, não apontaram envolvimento do petista em contratos ou desvios da Petrobrás e não mostraram conhecer qualquer vantagem indevida dada a ele.
“Repudiamos atribuições de intenções ou interpretações referentes ao ex-presidente Lula feitas de forma leviana pelo vazamento ilegal de versões de supostas delações que são sigilosas.”
A defesa de Antonio Palocci e Branislav Kontic também refutou as acusações em resposta ao jornal, afirmando que os fatos relacionados a seus clientes “não correspondem à verdade”. “Palocci nunca administrou conta alguma e Kontic nunca realizou a função de mensageiro dessa espécie”, declarou ao jornal o advogado dos dois, Roberto Batochio.
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