MARCELO ODEBRECHT FECHA ACORDO DE DELAÇÃO PREMIADA E DEIXA CLIMA TENSO NO MEIO POLÍTICO BRASILEIRO

Agora vai ser difícil sobrar gente suficiente para encher o Congresso Nacional. Talvez “cinco ou seis”, como foi dito nas gravações que vazaram nos últimos dias. O fato é que foi assinado com o Ministério Público Federal (MPF) o acordo de delação premiada do empresário Marcelo Odebrecht – a metralhadora ponto 100, nas palavras de José Sarney –, e agora praticamente todos os partidos estão no auge da tensão com o que pode sair daí.

A empreiteira era a maior financiadora de campanhas, com o maior volume de contratos públicos do País, e tinha proximidade com os caciques de todos os grandes partidos nacionais, como PT, PMDB, PSDB e PP.

Um pequeno exemplo disso foi a lista de doações feitas pelo grupo Odebrecht, contendo mais de 300 políticos, da maioria das agremiações partidárias, que foi apreendida recentemente pela Operação Lava Jato. Muitos dos nomes com mandato, o que poderia fazer com que os julgamentos dos casos saíssem das mãos do juiz Sergio Moro para o Supremo Tribunal Federal.

O executivo, que já recebeu condenações a 19 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, começou a depor na semana passada e continua sendo acompanhado pelos investigadores nos depoimentos, que incluirão ainda a colaboração de seu pai, Emílio Odebrecht.

A confirmação do acordo era uma das questões mais temidas em Brasília, já que as revelações do empresário, a depender da profundidade que atinjam, podem manchar as já baleadas reputações da maior parte do Congresso Nacional, assim como do poder executivo.

Marcelo Odebrecht era tido como um dos empresários mais próximos da cúpula do governo petista, com grandes relações com o ex-presidente Lula, a quem fez generosas contribuições por meio do Instituto Lula, e com a presidente afastada Dilma Rousseff, para quem doou também grandes somas durante as campanhas eleitorais.

Agora, o que todos querem saber é o alcance a metralhadora ponto 100 e em quais alvos ela pretende mirar.