MARINHA AVANÇA NA CONSTRUÇÃO DO SUBMARINO NUCLEAR E LANÇA PEDRA FUNDAMENTAL DO REATOR MULTIPROPÓSITO
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A manhã desta sexta-feira (9) foi um marco para a saúde da população brasileira e defesa do território nacional. A Marinha do Brasil lançou a pedra fundamental do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), em Iperó (SP), durante evento com a presença do presidente Michel Temer. O projeto tornará o país autossuficiente na produção de radioisótopos, usados na produção de medicamentos. “Ter tecnologia própria é ter independência”, resumiu bem o comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, ao falar da importância do feito. O evento de hoje simbolizou também o início dos testes de integração dos turbogeradores do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (Labgene). Este projeto é de fundamental importância para a Defesa nacional, porque se trata da planta nuclear do futuro submarino brasileiro com propulsão nuclear.
O presidente Temer fez questão de destacar a importância social tanto do RMB quanto do Labgene para o futuro do Brasil, destacando que os dois projetos elevam o patamar da nação em Ciência e Tecnologia. “A área da saúde se fortalecerá muito. Hoje, somos obrigados a importar radioisótopos para combater várias doenças, principalmente o câncer. Hoje, o tratamento, naturalmente, fica mais complicado e mais caro, porque depende de fornecedores estrangeiros. Com o reator, isso vai mudar. Vamos produzir este material para o Sistema Único de Saúde, tornando os preços mais acessíveis”, declarou o presidente durante a cerimônia.
Michel Temer também disse que não tem dúvida de que o Brasil vai conseguir vencer os desafios para a construção do seu primeiro submarino nuclear. “O Labgene tem um fortíssimo potencial social. Poderão ser concebidos nesse espaço novos processos para dessalinizar a água do mar e até mesmo geradores de energia de pequeno porte para atender as áreas mais retomas do país”, afirmou.
O Labgene vai abrigar a planta do protótipo de propulsão nuclear, cujos testes de operação vão começar em 2021. A potência prevista do empreendimento é de 11 mil watts elétricos. Ele abrigará um reator, turbo geradores, motor elétrico e sistemas – todos serão testados em terra. Ao final desta etapa, um conjunto similar a estes equipamentos será instalado no submarino nuclear. Como Temer mencionou, o Labgene se tornará no futuro em um ponto de referência para novos projetos de reatores nucleares brasileiros, incluindo as unidades modulares, que poderão gerar eletricidade para localidades remotas e plataformas de petróleo.
O ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, disse que o Brasil está caminhando para alcançar novas metas dentro do Programa Nuclear da Marinha e do Programa de Desenvolvimento de Submarinos. O general acredita que o Labgene e o RMB vão permitir capacitação e qualificação de profissionais e de futuras tripulações dos submarino nuclear brasileiro. Especificamente sobre o RMB, ele frisou que o empreendimento vai acabar com o risco de desabastecimento de medicamentos para a população, além de diminuir os custos de produção.
Neste sentido, o ministro da Saúde, Gilberto Occhi disse que o Brasil deu “um passo na independência tecnológica nuclear”. Ele acrescentou também que “o uso dessa tecnologia proporcionará diagnósticos mais precisos e formas mais eficientes de diagnósticos de câncer”.
Com a autossuficiência na produção de radioisótopos, o Brasil será independente na fabricação de radiofármacos, que são de extrema importância para o tratamento em diversas áreas da medicina, como a cardiologia, oncologia, hematologia e neurologia. Atualmente, o país é extremamente dependente da importação destes radioisótopos, desembolsando mais de R$ 30 milhões por ano.
“É um fator importante que o RMB saia do papel, para que o Brasil possa produzir substâncias usadas no tratamento e diagnóstico do câncer, por exemplo. A indústria de fármacos precisa estar bem abastecida de material. É um questão de saúde pública”, comentou o presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha. A entidade, como se sabe, levanta a bandeira dos benefícios que a tecnologia nuclear pode trazer não apenas para a geração de energia, mas também para áreas como medicina e agricultura.
O Petronotícias já havia antecipado que a Marinha planejava o lançamento da pedra fundamental para o segundo semestre do ano. As instalações do RMB ficarão ao lado do Centro Industrial Nuclear de Aramar (CINA).
Deixe seu comentário