MERCOSUL LINE PLANEJA AMPLIAR OFERTA DE ROTAS DE TRANSPORTE DE CARGA NAS AMÉRICAS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Após um investimento de R$ 200 milhões, a Mercosul Line, que atua realizando transporte de cabotagem, acaba de colocar em operação o quarto navio de sua frota. A nova embarcação de transporte de cargas fará paradas nos portos de Buenos Aires, Rio Grande (RS), Santos (SP) e Suape (PE), entre outros. Além do novo ativo, a empresa acaba de ter uma mudança em sua gestão, com a executiva Cristiane Marsillac assumindo o cargo de CEO da companhia. Em sua gestão, Marsillac disse que pretende fortalecer a atuação dentro das Américas – trazendo mais navios que possam fazer conexões com outras embarcações, cobrindo assim todo o continente. Neste momento de crise, a cabotagem é uma boa alternativa para redução de gastos com transportes, na opinião da nova CEO. “As empresas estão buscando cruzar esse período de crise com um custo mais competitivo em seus produtos. Por isso, estamos tendo, de fato, uma procura pelo transporte de cabotagem“, afirmou Marsillac.
Quais oportunidades a Mercosul Line está enxergando no mercado de cabotagem atualmente?
Estamos entrando com o quarto navio da nossa frota, o que representa a operação em novas geografias, como Rio Grande (RS) e Argentina. A empresa acredita que irá fomentar ainda mais o trade entre o Sudeste e o Nordeste, fortalecendo nossa capacidade nestes locais, onde já atuamos. Apesar de o mercado estar sentido o impacto da redução do consumo, principalmente relacionado a itens de alto valor agregado, ainda vemos hoje que existem cargas que são movimentadas por caminhões e que podem ser beneficiadas com transporte de cabotagem.
A crise pode ajudar a aumentar a procura pela cabotagem, já que os clientes estão querendo reduzir custos?
Acho que o mercado está sendo bastante afetado pela redução de consumo, mas existe sim uma busca de redução de custo usando a cabotagem. Existe também a questão da avaria de produtos, já que com a cabotagem você tem mais integridade da carga. Isso também acaba sendo um benefício de custo, porque com menos avarias, o prejuízo é menor. As empresas estão buscando cruzar esse período de crise com um custo mais competitivo em seus produtos. Por isso, estamos tendo, de fato, uma procura pelo transporte de cabotagem.
Quais são os mais recentes investimentos da empresa? Quais serão os próximos?
O investimento no quarto navio da frota, batizado este mês, foi de R$ 200 milhões. Para o futuro, estamos monitorando trazer mais navios para realizar a conexão de navios e cargas intra-Américas, conectando embarcações que cobrem a costa leste da América do Sul às da América Central e do Norte.
Quais as expectativas para o setor de óleo e gás? E qual o principal segmento para a empresa hoje?
O setor de óleo e gás não é a nossa ênfase. Eventualmente pode ter maior participação, mas não a curto e médio prazo. O nosso interesse é nos setores que movimentam carga por mais de 1.000km, especialmente as de Rio Grande e Argentina.
Quais os principais planos para sua gestão?
Um dos planos no que tange a questão do mercado doméstico é oferecer soluções integradas e aumentar o custo-benefício para a carga. Queremos aumentar a integração desses clientes através do serviço de feeder – que, em linhas gerais, movimenta cargas entre pequenos portos e grandes portos. Também pretendemos trazer mais serviços com foco nas operações dentro das Américas.
Existem mudanças de leis ou de infraestrutura que poderiam dar melhores condições à prática da cabotagem no Brasil?
A principal é a questão da taxação do bunker (combustível marítimo). Quando você abastece em outro país, você paga impostos locais. Isso acaba encarecendo nossa matriz de custo. O bunker está vinculado ao preço internacional e também pagamos os impostos nacionais. O Brasil não tem uma política de preços para o bunker. A gente paga preço internacional e paga também os impostos nacionais. A gente é duplamente onerado no valor do combustível do navio. É um ponto que precisa ser revisto. A cabotagem traz um valor interessante, reduz avarias, retira caminhões das estradas e consome menos combustível. Ela merece receber uma política de governo de combustível.
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