MÉTODO PARA ARMAZENAR COMBUSTÍVEL USADO DE ANGRA 1 E 2 PERMITE REAPROVEITAR O MATERIAL PARA GERAÇÃO NO FUTURO

marcelo gomes da silvaO método escolhido pela Eletronuclear para armazenar os combustíveis usados de Angra 1 e Angra 2 não leva apenas em consideração a questão da segurança, mas reserva ainda uma abordagem estratégica olhando para o longo prazo. Com o avanço recente da tecnologia nuclear em todo o mundo, existe a expectativa de que esse material possa ser reaproveitado para geração de energia, uma vez que ainda possui 95% de teor energético. Esse foi um dos temas debatidos em um recente webinar sobre Angra 3 e o setor nuclear brasileiro, promovido esta semana pela FGV Energia.

Para lembrar, a americana Holtec está construindo para a Eletronuclear a chamada Unidade de Armazenamento a Seco (UAS), uma solução intermediária para guardar com segurança os combustíveis usados pelas usinas Angra 1 e Angra 2 – atualmente estocadas dentro de piscinas localizadas dentro das plantas nucleares. O Chefe do Departamento de Novos Empreendimentos da Eletronuclear, Marcelo Gomes, lembrou que essa técnica é usada no mundo inteiro, pela maior parte das nações que possuem plantas nucleares.

A maioria dos países opta pela via da reciclagem ou do reaproveitamento, porque o combustível que sai do reator só queimou 5% daquilo que poderia entregar. Ele tem ainda 95% de teor energético para ser reaproveitado”, explicou Gomes. “A tecnologia está avançando muito nesse aspecto. Existem reatores rápidos que começar a se mostrar viáveis e que podem ser abastecidos com esse combustível”, acrescentou.

uasAinda segundo o diretor da Eletronuclear, o progresso tecnológico dos últimos anos mostra que essa via é segura e aceitável, porque deve surgir em breve a capacidade de se reaproveitar esse combustível. “A opção brasileira é não considerar [esse material] como rejeito, mas sim como combustível irradiado. O progresso tecnológico está mostrando que essa via é segura e aceitável, com a capacidade de aproveitar esse combustível”, disse.

O tipo de depósito que está sendo construído pela Holtec para a Eletronuclear é uma solução similar usada no mundo inteiro. Só nos Estados Unidos há mais de 90 instalações parecidas em operação. “É uma solução bastante segura e inteligente, porque mantém as opções abertas. Não há menor problema ou questão de insegurança associada”, finalizou Gomes.

Recentemente, o Petronotícias mostrou que a Holtec foi contratada no Japão para instalar suas tecnologias para armazenamento de combustível nuclear usado. Enquanto isso, a empresa americana segue com os trabalhos de finalização na UAS de Angra. Tanto as obras da UAS quanto os processos de licenciamento nuclear e ambiental seguem a pleno vapor. Em relação aos combustíveis usados atualmente armazenados em piscinas dentro das usinas de Angra 1 e Angra 2, a transferência do material irradiado está prevista somente para 2021.

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