MICROGERAÇÃO SOLAR PODE SER ALTERNATIVA PARA MOMENTOS DE PICO NO CONSUMO URBANO | Petronotícias




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MICROGERAÇÃO SOLAR PODE SER ALTERNATIVA PARA MOMENTOS DE PICO NO CONSUMO URBANO

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Ao meio dia, com o sol a pino, o calor do Rio de Janeiro e de outras regiões do Brasil gera uma onda de aparelhos de ar condicionado ligados em casas, escritórios e edifícios comerciais. O gasto de energia dá um salto, mas a produção pode seguir a mesma curva, caso a microgeração solar seja difundida pelo país. Essa é a visão de Isabelle de Loys, pesquisadora do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (IVIG), da Coppe/UFRJ, mestre em Engenharia Urbana pela POLI/UFRJ e doutoranda em Planejamento Energético na COPPE/UFRJ, que fará uma apresentação sobre microgeração durante o 3º Seminário Nacional de Energias Renováveis e Eficiência Energética, marcado para os dias 22 e 23 de outubro, no Centro Empresarial Rio (RJ). A pesquisadora já possui um sistema na própria casa – o segundo do Rio de Janeiro – e destaca que as horas do dia em que há o maior gasto de energia com aparelhos de ar condicionado são as mesmas com o maior potencial de geração solar.

Qual seu projeto de pesquisa?

O estudo é sobre o uso das fontes intermitentes em áreas urbanas com a interação entre rede e consumidor, incluindo fatores de segurança energética. Vou analisar Búzios como exemplo e ver como as redes inteligentes vão funcionar com diversas fontes de energia. Além disso, tenho um sistema de microgeração solar na minha casa conectado ao sistema da Light – o segundo do Rio de Janeiro –, e o funcionamento dele vai entrar na pesquisa.

O que será apresentado no evento?

Vou apresentar o estado da arte da energia solar no Brasil, as regulamentações, os incentivos, o histórico dela, as leis, normas e a última resolução da Aneel. Além disso, pretendo falar do mercado em expansão.

Como foi essa trajetória?

Inicialmente ela entrou voltada para sistemas isolados e agora já existe uma realidade de sistemas integrados, nos pontos de consumo. Vou falar sobre o potencial desse mercado e sobre o leilão A-3, caindo direto no meu caso residencial, como foi a instalação, os entraves, a curva de aprendizado tanto do consumidor quanto da concessionária.

Quais são as barreiras à microgeração energética no Brasil hoje?

A única questão hoje é que pela regulamentação da Aneel é por sistema de compensação, e a concessionária está fazendo um câmbio. Hoje o KWh que o consumidor do Rio paga à Light custa R$ 0,40 e ela compra de volta por R$ 0,33. Na resolução deveria ser de um para um, sem diferenças. Isso está sendo trabalhado junto com a Aneel para ser resolvido. Além disso, a regulamentação 482 da Aneel, que instalou esse modelo de microgeração, é muito simples, então provavelmente vai ser revista este ano.

E em relação às tecnologias?

A maioria dos sistemas são importados, com apenas uma empresa nacional que faz a montagem do painel solar aqui. Apenas a montagem e não a fabricação. Então precisamos de uma nacionalização desses produtos para aquecer o mercado.

Quais os pontos que avançaram?

Os pontos positivos são que já existem empresas instalando com padrão alemão, utilizando estruturas de alumínio, que vão durar, sem ferrugem. São equipamentos de primeira qualidade, em que você pode monitorar a geração de onde estiver via internet. Desse modo, o consumidor pode começar a gerenciar a própria energia hoje, e a geração solar se complementa com outro pico de energia que é o uso ar condicionado. A curva de geração solar é exatamente é a mesma do uso de ar condicionado. No período em que há maior uso dele é quando há o maior potencial de geração solar.

Quantos sistemas de microgeração solar já existem no Rio?

Só tem seis no Rio de Janeiro até agora. É preciso se adequar às normas da Light e isso demora um pouco. Hoje o que existe muito são coletores solares para aquecimento de água, mas para geração de energia elétrica é outro caso, ainda bem recente.

Qual o custo para a instalação residencial?

Cerca de R$ 10 o Wp instalado. Isso equivale a cerca de R$ 14 mil ou R$ 15 mil por um sistema de 1,6 KW, com sete painéis de 235 W cada, um inversor de frequência de 2 KW, os cabos e a estrutura metálica. O meu consumo é de 220 KWh por mês e a minha geração solar é de 208 KWH. Deduz-se que estou quase totalmente renovável, mas ela, além de ser intermitente, só gera durante o dia, então a rede elétrica será necessária de qualquer maneira. Mas o excedente que eu jogar para a rede da Light vai ser abatido da minha conta.

Como está o desenvolvimento deste mercado no Brasil?

Acho que vai muito bem, porque teremos o primeiro leilão de energia solar no Brasil em novembro, e têm projetos de energia solar cadastrados somando 2,7 GW. Esse leilão vai ter um subsídio do governo, como teve a eólica antes. Fala-se num valor de R$ 270 MWh para o leilão, podendo ser menos. É uma estimativa da EPE, mas há uns quatro ou cinco anos atrás a eólica estava com preço alto e acabou ficando competitiva.

Na sua visão, que medidas podem ser adotadas para aumentar a procura pela microgeração no país?

Duas coisas importantes: A divulgação da informação e a qualificação da mão de obra. Em primeiro lugar, há muitas pessoas que não sabem que isso existe, então a divulgação é fundamental. E a segunda coisa é que precisamos de pessoas devidamente capacitadas para instalar essas novas tecnologias, evitando o que ocorreu com a termossolar, que gerou muitos problemas por conta de instalações feitas de maneira equivocada. 

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