MILTON PASSA PELA FLÓRIDA DEIXANDO RASTRO DE DESTRUIÇÃO, BILHÕES DE DÓLARES EM PREJUÍZOS E INCÊNDIOS EM CARROS ELÉTRICOS

Orlando- Por Fabiana Rocha – Ufa! Cruzamos o primeiro dia do furacão debaixo de muito vento e chuva torrencial. Felizmente ele já passou para Categoria 1, mas com ventos de 180 quilômetros por hora. O monstro Milton ainda está aqui por cima, mas com o raiar do dia, dá pra ver seus estragos, mas alivia um pouco por enxergarmos do que ele é capaz. O governo do Condado de Pinellas postou em suas redes sociais sobre um carro elétrico pegando fogo em uma garagem após ser inundado por água salgada. As baterias de Lítio só param depois de ser totalmente consumidas. Não há o que apague o fogo. É realmente um grande perigo ter um carro desses numa garagem lado a lado com outro veículo. O fogo pode se alastrar rapidamente. À medida que as equipes de emergência respondem às consequências do furacão,  sabem que terão muito trabalho nos próximos dias. Elas terão que lidar com muitos perigos dos danos ao longo da Costa do Golfo, como  linhas de energia caídas, ruínas instáveis, vazamentos de tanques e oleodutos de gás natural, derramamentos de produtos químicos e muito mais.

Há outra preocupação crescente que é exclusiva das áreas costeiras da Flórida e de outras zonas de furacões: a combustão espontânea de veículos elétricos inundados pela maré salgada da tempestade. Nem todo carro elétrico inundado por tempestades pega fogo, mas isso se tornou frequente o suficiente para que seguradoras, fabricantes de automóveis, chefes de bombeiros e políticos tenham emitido avisos aos proprietários, antes da devastação esperada pelo furacão Milton. E não são apenas os carros que são uma preocupação. Jimmy Patronis (foto à direita), chefe do corpo de bombeiros estadual, emitiu uma declaração na segunda-feira (7) detalhando uma série de incêndios após o furacão Helene, que inundou grande parte da Costa do Golfo há apenas duas semanas.

O estado encontrou 50.000 registros de veículos elétricos e híbridos no caminho da tempestade do furacão Milton e contou pelo menos 64 incêndios de baterias de lítio após o furacão Helene. Os veículos elétricos foram responsáveis por 17 deles, mas o restante eram dispositivos como scooters, hoverboards e carrinhos de golfe. Um incêndio foi até mesmo provocado por uma cadeira de rodas elétrica. A Geico, uma grande seguradora de carros na Flórida, enviou um e-mail ontem (9) citando a declaração de Patronis aos seus segurados, alertando-os sobre a ameaça aos veículos elétricos, sugerindo procurar áreas de estacionamento protegidas. A Tesla também enviou uma notificação aos carros alertando os proprietários para se moverem para terrenos mais altos. A ameaça de incêndios em baterias de lítio, que são difíceis de apagar, pode piorar os danos a casas e edifícios após inundações. Patronis chamou as baterias de íons de lítio inundadas de “bombas-relógio” que podem causar danos piores do que as tempestades que as danificaram. As mídias sociais capturaram uma série de incêndios de veículos elétricos ao longo dos anos. Em um vídeo de vigilância viral recente postado pelo Condado de Pinellas, um Tesla inundado pela tempestade entra em combustão e enche a garagem de uma casa com fumaça em menos de um minuto.

A prefeita de Tampa, Jane Castor (foto à esquerda), disse que uma casa em Davis Islands provavelmente pegou fogo por causa de um incêndio em um veículo elétrico também. “Água e baterias de íons não se misturam e elas literalmente explodem.  Este é o problema básico: a água salgada conduz eletricidade, então se ela entrar em uma bateria de íons de lítio selada usada em carros e muitos dispositivos, pode causar um curto-circuito, o que cria calor e potencialmente incêndio. O efeito é semelhante a tocar acidentalmente ambos os terminais de uma bateria de carro com uma chave inglesa. Faíscas voarão.”

Noite tensa, mas confiando em Deus

Bom falar da nossa experiência aqui. Foi muito  intenso para mim e minha família. Passamos uma noite difícil e muito tensa,  acompanhando as notícias e monitorando a direção do vento para identificar o cômodo mais seguro da casa. Decidimos nos refugiar no quarto do nosso filho mais novo, considerado o local menos exposto às rajadas de vento que chegaram a 70 mph. Apesar de estarmos cercados por vizinhos, a força do vento causou danos à nossa casa, quebrando a porta da varanda. Um vizinho do outro lado da rua teve parte da cerca arrancada. As árvores e palmeiras ao redor da minha casa, embora tenham sido envergadas durante a passagem do furacão, conseguiram resistir. Felizmente não tivemos problemas com alagamentos. Nossa casa fica em uma região alta e o condomínio foi projetado com diversas áreas de escoamento que se transformaram em lagos devido ao grande volume de chuvas. Embora a madrugada tenha sido marcada por tensão e estragos, hoje é um dia de agradecimento e descanso. Esperamos que este tenha sido o pior furacão da temporada, que se estende até o final de novembro.

Carlos Leipner, um brasileiro especializado no setor nuclear,  vice-Presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) com sede no Rio, mas mora nos Estados Unidos há muitos anos,  disse que “Estamos bem. Preparamos antes da tempestade de acordo com as recomendações oficiais: estoque de comida não perecível, encher os carros de gasolina, carregadores de celular, água, lanterna etc. Mas a área onde eu moro é bem resiliente, não está em alerta de alagamento. A distribuição de eletricidade é subterrânea e os prédios foram construídos mais recente de acordo com os mais recentes padrões e códigos de construção. Então tivemos muita chuva e ventos com rajadas de até 80km/hr, mas não faltou luz ou tivemos algum dano na nossa propriedade, graças a Deus! A minha preocupação mesmo foi com os Tornados  que são mais imprevisíveis e que ontem, foram mais de 130 alertas de tornados (quase recorde) e com 19 confirmados na região. Graças a Deus não passou nenhum perto da minha casa.”

Ainda há  mais de 3 milhões de casas sem luz e milhares de pessoas em abrigos do estado (escolas, bibliotecas, etc). A Costa Oeste (Sarasota e Tampa) são as áreas onde teve e tem ainda um alagamento muito grande pela chuva e aumento das águas do golfo (devido ao vento) com áreas chegando até 2-3m de água! Enfim, vamos acompanhando. O Olho do Furacão passou e já está no Atlântico. Agora, é a hora de contar os prejuízos e iniciar a recuperação de tudo o que foi destruído.