O MINISTRO ALEXANDRE SILVEIRA MOSTRA DESCONHECIMENTO DA GERAÇÃO NUCLEAR E SE ESFORÇA PARA PARAR OBRAS DE ANGRA 3

O presidente Lula poderia aproveitar a reforma ministerial que está sendo desenhada e dar uma chance a uma outra pessoa no Ministério de Minas e Energia. Pelo menos alguém que esteja bem ciente do que está fazendo. Hoje, o jornal O Globo traz uma entrevista com Alexandre Silveira, que ocupa a cadeira de Minas e Energia, que confirma uma certa, vamos dizer, falta de preparo para o cargo. Sobre a continuidade das obras de Angra 3, por exemplo, no dia 11 deste mês, no lançamento do PAC, ele já havia dito que “É uma obra que tem que ser analisada do ponto de vista técnico de forma extremamente criteriosa, do ponto de vista sócio-econômico também.”  E pior ao demonstrar completo desconhecimento do que já foi feito pela modernização da usina, trocando-se até os equipamentos de analógicos para digital: “São equipamentos e tecnologias extremamente antigas, nós precisamos primeiro ter segurança técnica de que a obra terminada vai funcionar”. O ministro acrescentou ainda: “Precisamos ter segurança econômica de que a energia que Angra 3 vai fornecer, a despeito da importância dela para segurança energética, ela também vai ser econômica para o consumidor, que é quem paga a conta da energia”.

OBRAS CIVIS EM ANGRA 3 EM ANDAMENTO

Hoje, em sua entrevista, ele confirmou que não se interessou por conhecer melhor o projeto de Angra 3, de buscar estudar ou  simplesmente conversar com algum profissional qualificado da Eletronuclear – e há muitos – para saber que é uma bobagem o que está falando: “Nós colocamos estudos de viabilidade socioeconômica. No caso de Angra 3, é extremamente importante o governo como um todo se debruçar. Para terminar essa obra, precisamos responder uma pergunta que nenhum técnico conseguiu cravar a resposta: concluindo Angra 3, vamos ter tranquilidade que a usina vai funcionar bem?”. Ou é um inocente no assunto ou é preciso se conhecer melhor suas intenções. As obras civis da usina estão em andamento preparando as entradas dos equipamentos comprados esperando montagem e instalação.

Alexandre Silveira está comandando o ministério de Minas e Energia desde o dia 1º de janeiro, quando o governo Lula assumiu. Já foi na China, na Índia, países que optaram por mudar sua matriz energética dando ênfase à energia nuclear. Juntos os dois países estão construindo mais de dez usinas nucleares simultaneamente. Mas nem isso chamou a atenção do ministro, que nunca se dispôs a visitar as nossas usinas nucleares. Possivelmente, nem sabe que Angra 3 é igual a Angra 2, que está em pleno funcionamento.

MUITO PRAZER, SOU A SALA DE CONTROLE DE ANGRA 2

E ele ainda lança dúvidas sobre a operação de Angra 3: “ vamos ter tranquilidade que a usina vai funcionar bem?” pergunta. Nem a lição de casa fez.  Pelo menos se informar. A própria ABDAN – Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares – enviou um ofício a ele com os relatórios públicos da Eletronuclear que são conclusivos sobre o tema. Não leu.  Se leu, está fingindo que não entendeu ou não entendeu mesmo. A sua conduta à frente do ministério dá a impressão de que ele só chegou perto da energia quando levou um choque na tomada.

É indispensável falar sobre a importância da geração nuclear de energia, ou do uso da energia nuclear para fins pacíficos em diversas frentes, como a medicina ou conservação de alimentos. Mas, ser ministro e desconhecer a importância dela, para o desenvolvimento e progresso, é quase imperdoável. No caso agora do apagão, o desconhecimento se repetiu, quando pediu a Polícia Federal e ABIN para apurar o que havia acontecido, vendo chifre em cabeça de cavalo. Bastava ele ou algum assessor ligar para o diretor geral do ONS para saber o que havia acontecido, embora ainda haja a possibilidade de se concluir que a flutuação das gerações solares e eólicas tenham contribuído. Só por estas situações é que ele deveria sair por si só, ou se quisesse ficar com o título de ministro, pedir para ser trocado para uma pasta que ele pudesse conhecer melhor.