MINISTROS DO GOVERNO RESSALTAM IMPORTÂNCIA DA ENERGIA NUCLEAR DURANTE O EVENTO NUCLEAR LEGACY

Foi extremamente positivo o balanço do primeiro dia do evento Nuclear Legacy, organizado pela Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN). A cerimônia de abertura do encontro, que aconteceu no Clube Naval de Brasília, reuniu ministros do governo Lula que falaram sobre os próximos planos para a energia nuclear. Em suma, o governo demonstra interesse em avançar na conclusão de Angra 3 e também, enfim, tirar do papel o tão aguardado Reator Multipropósito Brasileir0 (RMB). O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marcos Antonio Amaro dos Santos (foto principal), que esteve na abertura do evento, trouxe falas que foram muito bem recebidas pelos membros do setor nuclear.

Sobre a conclusão de Angra 3, o ministro destacou que o governo considera importante finalizar a construção da planta, cujas obras estão paralisadas desde 2015. “Vejo como importante a finalização da construção de Angra 3, que além de estratégica para o setor nuclear brasileiro, representa uma opção tecnológica eficaz para colaborar com a diversificação da nossa matriz energética e mitigar os efeitos das mudanças climáticas”, afirmou.

O ministro Marco Antonio também revelou que o Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro (CDPNB) conseguiu avançar recentemente na discussão de dois assuntos importantes para o setor: a definição de critérios para a escolha de novos sítios nucleares, que poderão receber futuras novas usinas, e a normatização da produção e comercialização de radioisótopos para uso médico.

“Em 2023 o CDPNB constituiu dois grupos técnicos. O primeiro tinha como objetivo normatizar a produção e comercialização e utilização de radioisótopos para pesquisa e uso médico. O segundo visava analisar aspectos direcionadores da escolha de novos sítios nucleares onde poderão ser construídas as próximas usinas termelétricas no Brasil. Os trabalhos desses grupos foram concluídos recentemente e serão apresentados para aprovação dos membros do comitê por ocasião da 8ª Reunião Plenária, que ocorrerá no dia 23 de novembro, no Palácio do Planalto”, contou.

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (foto à direita), também falou na abertura do Nuclear Legacy e frisou a importância do RMB. Para lembrar, o empreendimento será capaz de produzir os radioisótopos originados de reatores de pesquisa que o Brasil precisa e que hoje são importados, reduzindo os riscos de desabastecimento e diminuindo os custos para produção dos radiofármacos e realização de exames da Medicina Nuclear.

Luciana disse que o governo está tratando o projeto como prioridade: “Mais do que nunca temos a determinação de tirar do papel o Reator Multipropósito Brasileiro , que vai nos tornar autônomos na produção de radioisótopos”, disse. “Tive a informação que nós já estamos com a terraplanagem estabelecendo e acredito que o nosso presidente Lula poderá anunciar todo um desdobramento dessa intervenção tão estratégica para o país”, acrescentou. Todas as instalações e infraestrutura associadas ao RMB ficarão localizadas em um terreno de aproximadamente 200 hectares no município de Iperó (SP).

Já o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (foto à esquerda), destacou que “ainda existem diversos desafios no setor nuclear do país, exigindo um debate amplo e transparente com a sociedade, incluindo as entidades do setor, como também a população”. Ele também disse que cabe ao governo e ao setor “internalizar as propostas, avaliar as ideias e caminhar na busca de soluções para a segurança energética”.

ABDAN PREMIA PRINCIPAIS PERSONALIDADES DO SETOR NUCLEAR

O primeiro dia do Nuclear Legacy foi dedicado a homenagens, reconhecendo pessoas que contribuíram significativamente para o setor. O vice-presidente Geraldo Alckmin foi o vencedor na categoria Medicina Nuclear (ele foi representado no evento pelo secretário de Desenvolvimento Industrial do MDIC, Uallace Moreira Lima. O Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, almirante Petronio Augusto Silveira de Aguiar, foi homenageado na categoria Defesa. O Consultor Técnico da Amazul, Renato Machado Cotta, foi agraciado com o prêmio na categoria Pesquisa e Desenvolvimento. O Assessor de Garantia da Qualidade da Amazul, Maicon Umburanas Rigatto, foi homenageado na categoria Funcionário Destaque, o jornalista Celso Chagas venceu na categoria Jornalista e o jornal Valor Econômico ganhou o prêmio na categoria Reportagem.

Os deputados da Frente Parlamentar Nuclear, Julio Lopes (presidente), Aureo Ribeiro (vice-presidente) também foram homenageados durante o evento. O Nuclear Legacy também prestou uma menção honrosa às pesquisadoras Patricia Wieland e Eliene Silva, que foram responsáveis pela coordenação das Olimpíadas Nucleares Brasileiras.

Conforme noticiamos, o grupo Amaná foi o grande vencedor das Olimpíadas Nucleares Brasileiras, com o projeto intitulado “Complexo de Energia Limpa: Inovação Nuclear com o Uso de SMR para Produção de Combustíveis Sintéticos Utilizando Água Salobra e CO2 da Atmosfera”. A equipe é composta por alunos de diferentes universidades brasileiras: Larissa Pinheiro, do curso de Engenharia Nuclear da COPPE – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Iago Gomes, do curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Nucleares – Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), Isabella Magalhães, do Departamento de Engenharia Nuclear – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Suelen Oliveira, do curso de Pós-Graduação em Engenharia Nuclear – Instituto Militar de Engenharia (IME) e João Alegrio, da Escola Politécnica – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para o tema energia, a competição contou com mentoria de Leonam Guimarães (diretor técnico da ABDAN) e Karla Lepetitgaland (Eletronuclear). O júri do tema energia foi composto de Carlos Leipner (Global Nuclear Energy Strategy), Alice Cunha (Westinghouse) e Paulo Berquó Sampaio (Instituto de Engenharia Nuclear).